A queda de temperatura registrada nos últimos dias pode representar mais um fator de preocupação diante da pandemia da covid-19. Ouvimos o médico Ronaldo Costa para apontar quais são os riscos e, ainda, indicar como proteger as crianças da doença, considerando que o Brasil ainda não tem uma vacina para pessoas com idade inferior a 12 anos. O médico comenta, ainda, sobre as responsabilidades de gestão da saúde das crianças que, em casa por conta das medidas de biossegurança, estão expostas a agravos impostos pela falta de exercícios e alimentação adequada.
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O Jacaré – O inverno brasileiro é caracterizado pela sazonalidade diária da temperatura e pelo ar seco. Esse fator eleva o risco de transmissão da covid-19? Como reduzir essa sensação e preservar a saúde dos pequenos?
Ronaldo Costa – Não apenas nas crianças, mas neste ano, as doenças sazonais do inverno (gripe, asma, bronquite, meningite, rinite alérgica e etc…) vão cursar com o novo coronavírus. Isso vai criar uma grande confusão para o diagnóstico, em uma cidade que não tem rede de saúde adequada, nem para diagnóstico precoce, nem para tratamento. Não há responsabilidade sanitária e nosso município é totalmente aberto, sem medidas de contenção de propagação de todas doenças respiratórias transmissíveis. Ou seja, é preciso lançar mão das vacinas disponíveis tanto para a gripe, quanto para a covid-19 como forma de minimizar os riscos impostos pelo inverno.
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O Jacaré – E as crianças, no caso da covid-19? Os programas de saúde dos países que se apoiam em pesquisas definiram o início da vacinação contra a covid-19 a partir dos 12 anos. Embora não exista ainda uma vacina segura o suficiente para a população abaixo dessa idade, como é possível proteger as crianças da doença?
Ronaldo Costa – Os protocolos de vacinação consideram critérios epidemiológicos. Isso quer dizer que estabelecem prioridades para definir as populações a serem vacinadas. Primeiro são vacinadas as populações com maior risco de adoecimento e de morte. Então, no caso da covid-19, está compreendido que algumas populações expostas apresentam maior risco de agravamento da doença. São os idosos, portadores de doenças crônicas e degenerativas, de doenças autoimunes, de doenças respiratórias. Não há problemas de intolerância relativos à idade das crianças para receberem as vacinas. O que há é um reconhecimento de que as crianças adoecem menos ou têm doença menos grave pela covid-19. Como não há vacina disponível para todas as pessoas, as crianças saem do critério de prioridade. As vacinas não são contra indicadas para as crianças. Os cuidados para evitar a transmissão são os mesmos que os recomendados para adultos, como distanciamento físico e higienização constante das mãos. O uso de máscara precisa ser avaliado conforme a idade e a condição de saúde das crianças.
O Jacaré – O diabetes tipo 2 está entre os principais agravos em crianças revelados por esse momento de pandemia. Por que isso aconteceu e como evitar?
Ronaldo Costa – Tanto o Diabetes Mellitus Tipo II, como outras doenças crônico-degenerativas provocam desequilíbrios no organismo. Esses desequilíbrios podem facilitar a multiplicação do coronavírus na pessoa contaminada. A prevenção, no caso das crianças, é a única forma de evitar o agravamento do Diabetes, como a contaminação pela covid-19.
O Jacaré – As crianças brasileiras, na maioria, estão em casa e não têm acesso a alimentos saudáveis ou exercícios físicos regulares, porque as escolas estão mantendo a atividade remota. Como fazer para evitar mais agravos para essas crianças? A quem recorrer?
Ronaldo Costa – A questão da falta de alimentos e de exercícios para as crianças que estão em aulas de forma remota são a demonstração clara de que a saúde depende de um conjunto de fatores. Nesse caso, para haver segurança biológica é necessário responsabilidade sanitária, com distanciamento físico, segurança alimentar e orientação para prática de atividades físicas de forma remota.
Fica compreendido, portanto, que a saúde, para além de consultas e remédios, depende de boa alimentação, segurança biológica, políticas de responsabilidade sanitária como isolamento de contato mediante lockdown, que depende de amparo do Estado com seguridade social pelo tempo necessário ao controle da pandemia.
O Jacaré – De quem é responsabilidade para auxiliar as famílias em risco alimentar e cujo número cresceu neste momento de pandemia?
Ronaldo Costa – A responsabilidade para auxiliar as famílias em risco alimentar é de todos os governos. O município e o estado podem desenvolver atividades permanentes de segurança alimentar. O desemprego e a fome já estão presentes na realidade dos brasileiros e brasileiras há anos em um País que é um dos maiores produtores de alimentos do mundo. Isso ocorre porque não há sensibilidade nem responsabilidade social. A União deve implantar um programa permanente de Renda Mínima Universal concomitante com treinamento e acesso para oportunidades produtivas. É necessário que sejam criados restaurantes populares, hortas comunitárias orgânicas com produção voltada para as comunidades carentes e para os próprios restaurantes populares, e distribuição de terras para cooperativas.
Dica O Jacaré para a sua saúde:
Tome a segunda dose da vacina da covid-19. Segundo o médico Ronaldo Costa, o reforço vacinal é necessário para que o corpo, ao contato com o novo coronavírus o reconheça com maior velocidade e reaja lançando maior carga de anticorpos em menor tempo possível. “A reação com esta carga de anticorpos é denominada imunidade humoral. Mas o corpo também é preparado pelas duas doses da vacina com a imunidade celular, a proteção direta do corpo pelas células de defesa do corpo, os linfócitos. Então, as duas doses da vacina preparam as imunidades do corpo mediadas por anticorpos e células de defesa, de forma reforçada”.
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