O empresário Jamil Name, preso desde setembro de 2019 na Operação Omertà, e a esposa, a ex-vereadora Tereza Domingos Name, são donos de uma mina em Minas Gerais. Além de desmentir a esposa, os advogados Rhiad Abdulahad e Danny Fabrício Cabral Gomes pediram o bloqueio da Mineradora Franca, em Gouveia (MG), em nome do casal, para garantir o pagamento da indenização de R$ 6,7 milhões ao empresário José Carlos de Oliveira.
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A polêmica sobre a mina começou com a revelação do relatório feito pelos peritos nomeados pela Justiça. Durante a entrevista, Name revelou a existência da mina de ametista, que chegou a faturar R$ 1 bilhão. Ele contou ainda ter direito a R$ 41 bilhões em precatórios, valor equivalente a três orçamentos do Estado de Mato Grosso do Sul.
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Ao rebater comentário do jornalista Dante Filho, na página de O Jacaré, no Facebook, Tereza afirmou que o marido “está senil” e não teria falado a verdade na perícia médica. “Falou coisas com as quais sonhava, mina não existe. Mandou ver uma, não tinha nada”, afirmou a ex-vereadora, famosa na Capital pelo trabalho social na periferia.
No entanto, conforme documentos, Tereza e Jamil pagaram R$ 498 mil em propriedades em Gouveia, interior de Minas Gerais, em junho de 2017, onde existe uma mina de minério. No local funciona a Mineradora Franca, em nome do empresário e da ex-vereadora, que tem capital social de R$ 300 mil e conta com 19 funcionários. O faturamento oficial do local seria de R$ 240 mil.
O advogado Rhiad Abdulahad confirmou que pediu o bloqueio da área de extração de minério. O objetivo é garantir o pagamento da indenização de R$ 6,7 milhões a José Carlos, o empresário que teria sido extorquido pelos Names, Jamil pai e filho, e perdeu o patrimônio construído ao longo de 40 anos.
“Aqui não se exige que o réu esteja, por si só, praticando atos que se destinam a frustrar eventual indenização ao autor. Podemos considerar, inclusive, que em desfavor dos dos Name tramitam diversas ações penais, inclusive mencionados acima, pelo cometimento de delitos de diversas naturezas, cada qual com aptidão para fixar o dever de indenizar por parte dos réus, pelo qual responderão seus patrimônios. Está perfeitamente demonstrado que o requerente possui probabilidade do direito, conforme se verifica não somente por se tornar os fatos incontroversos, mas também pelos elementos de materialidade, inclusive decretação de prisão pelos fatos narrados nestes autos”, ressaltou o advogado, sobre a Operação Snowball, que confirmou os relatos feitos por José Carlos.
Uma das casas do empresário, no Jardim Monte Líbano, foi usada pela organização criminosa para esconder o arsenal de guerra encontrado pelo Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros) em maio de 2019. A apreensão foi fundamental para a deflagração da Operação Omertà, que prendeu Jamil Name no dia 27 de setembro de 2019.
Conforme o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), Jamil Name comanda a maior e mais estruturada organização criminosa na história de Mato Grosso do Sul. O termo foi usado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, para negar habeas corpus pedido pela defesa do octogenário.
Atualmente, Jamil Name está com covid-19 e internado em estado grave no hospital particular de Mossoró. De acordo com a esposa, o seu estado de saúde é gravíssimo. Ao contestar as declarações de Jamil, Tereza ressaltou que o marido emagreceu 50 quilos e ficou muito debilitado na prisão.