Acusado de chefiar grupo de extermínio, o empresário Jamil Name, 82 anos, revelou, em depoimento aos peritos nomeados pela Justiça, ser dono de uma fortuna rara. Além de ser dono de mina de ametista, que faturou R$ 1 bilhão, ele ainda contou ter direito a R$ 41 bilhões em precatórios, valor quase três vezes ao orçamento anual do Governo do Estado.
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Antes de contrair covid-19 e ser intubado em estado grave no Hospital Wilson Rosado, em Mossoró (RN), o octogenário contou detalhes da vida aos peritos que avaliam a sua insanidade mental a pedido do juiz Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara Criminal de Campo Grande. Os médicos Fábio Brasil e Luiz Renato Cara zzai concluíram que Name pareceu consciente e orientado no tempo.
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No laudo encaminhado à Justiça, eles concluíram que o poderosíssimo empresário está na fase inicial da demência mental não especificada. Ele não é incapaz de manter o seu dia a dia no Presídio Federal de Mossoró, onde está detido desde o dia 12 de outubro de 2019. Também se mostrou inteiramente capaz de entender os motivos da prisão e as acusações feitas pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).
O destaque no relatório dos peritos é a fortuna revelada por Jamil Name, um dos empresários mais poderosos e influentes na Capital, considerando-se o prestígio com magistrados, delegados, policiais e políticos de todos os partidos e diferentes ideologias. Durante a Operação Omertà, o Gaeco encontrou cheques em nome do ex-governador Zeca do PT e do ex-presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Joenildo de Souza Chaves.
Com apenas o segundo ano do ensino fundamental, Jamil Name construiu a fortuna a partir dos anos 1950, quando trocou São Paulo por Campo Grande e passou a fazer anotações do jogo do bicho. Ele também montou uma imobiliária em sociedade, através da qual teria vendido terras no Mato Grosso, antes da divisão, e estados como Paraná e São Paulo. Também disse que abriu vários loteamentos em Campo Grande.
De acordo com o empresário, ele adquiriu uma mina de ametista em sociedade com Samuel de Oliveira. A mina chegou a produzir R$ 1 bilhão. Ele disse que o sócio lhe deve em torno de R$ 500 milhões.
Jamil Name lembrou que possui aproximadamente R$ 41 bilhões para receber em precatórios – denominação do crédito com órgãos públicos municipais, estaduais e federais. O valor astronômico equivale a quase três orçamentos do Governo do Estado, em torno de R$ 15 bilhões por ano. O valor representa dez vezes o orçamento da Prefeitura de Campo Grande, que conta com 25 mil servidores e comanda uma cidade com quase 900 mil habitantes.
O empresário estima que o valor líquido do precatório fique em torno de R$ 6 bilhões, descontando-se deságio e impostos. O valor é dez vezes o montante que ele ofereceu, em depoimento ao juiz Roberto Ferreira Filho, para um ministro de Brasília tirá-lo da prisão.
Conforme o áudio gravado, Jamil diz ao magistrado que tem de R$ 100 milhões a R$ 600 milhões para oferecer a ministro. Em depoimento aos peritos, o empresário disse que não tinha a intenção de pagar propina ao magistrado, mas de conversar justamente sobre os valores do precatório.
Jamil Name afirmou que “não é louco” e planeja “provar a inocência” para deixar a prisão. Ele não concorda com a estratégia da defesa de interditá-lo judicialmente para tirá-lo do Presídio Federal. Na sua avaliação, há em torno de 10 pessoas interessadas na sua interdição para assumirem sua fortuna. Ele citou alguns nomes e preferiu preservar outros para não se comprometer ainda mais.
Dois funcionários do presídio, que acompanham o dia a dia de Name, reforçaram a tese de que ele faz tudo sozinho, não possui delírios nem manifesta transtornos mentais no dia a dia. O empresário disse que tem tido dificuldade para dormir no presídio e perdeu 30 quilos nos últimos dois anos.
Nesta terça-feira (15), o juiz Roberto Ferreira Filho deu 15 dias para a defesa se manifestar a respeito do laudo. Somente então, o magistrado decidirá se acatará o pedido de insanidade mental. Caso aceite o pedido, Jamil Name ficará livre de todas as denúncias feitas pelo Gaeco, inclusive dos três homicídios.
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