Os funcionários públicos estaduais acumulam perda de 34% nos últimos sete anos, desde a posse de Reinaldo Azambuja (PSDB), conforme estimativa do Fórum dos Servidores Públicos. Além de não ter a reposição da inflação do período, que está acumulada em 45,74% segundo cálculo do Governo, eles tiveram os salários achados com o aumento da alíquota previdenciária neste ano de 11% para 14%.
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A entidade chegou a divulgar nota para contestar a propaganda feita pelo Governo no Campo Grande News e no Correio do Estado, em que apontou aumento de 73% a 74% nos salários na gestão tucana. “O servidor perdeu muito poder aquisitivo”, lamentou o tesoureiro do Sintss (Sindicato dos Servidores de Seguridade Social), Ricardo Bueno. Na sua avaliação, Reinaldo tem sido “muito ruim para o servidor público”.
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Desde a posse, em 1º de janeiro de 2015, Reinaldo autorizou dois reajustes lineares nos salários dos 75 mil funcionários estaduais, que totalizam 6,07%. De acordo com a propaganda tucana, a inflação no período foi de 45,74%. Isso significa que o funcionalismo público teve perde de 37,39%, sem considerar o impacto do aumento da previdência social.
Mesmo atuando na linha de frente no combate à pandemia, os trabalhadores da saúde amargam perda de aproximadamente 26% na gestão de Reinaldo, segundo estimativa de Bueno. “O justo seria repor as perdas”, reivindica o sindicalista, sobre as negociações em andamento. No entanto, devido ao acordo com o Governo federal, em troca do socorro da covid-19, o Governo só poderá repor a inflação dos últimos 12 meses.
Os trabalhadores do Detran (Departamento Estadual de Trânsito) tiveram perda pouco menor porque passaram a receber auxílio alimentação no valor de R$ 300 desde 2018. Mesmo com isso, o presidente do Sindetran (Sindicato dos Servidores do Detran), Otacílio Sakai Júnior, estima que os funcionários do órgão acumulam perda de aproximadamente 20% na gestão tucana, longe do aumento de 74% estimado pelo Governo.
A categoria está otimista em obter acréscimo de 8% a 9% nos salários da folha a ser paga no mês de maio. De acordo com Júnior, o departamento concordou em alterar o adicional pago aos efetivos. A medida já vai ajudar a reduzir as perdas, mas não deve beneficiar os aposentados sem direito à paridade.
Já os policiais civis tiveram aumento de 23% ao longo da gestão tucana, graças a intensa mobilização da categoria, que promoveu várias manifestações. De acordo com Giancarlo Miranda, presidente do Sinpol (Sindicato dos Policiais Civis), mesmo com esta correção, a categoria acumula perdas de 10% a 11% na gestão Reinaldo, porque o INPC está acumulado em 34,55%.
Ele lembrou que o tucano prometeu, na campanha eleitoral de 2014, pagar o 5º maior salário do País aos policiais. No entanto, ao longo do mandato, os agentes da Polícia Civil viram o valro cair de 18º para 21º no ranking nacional, para desalento dos profissionais. A categoria está sem reajuste desde 2019 e espera ser contemplada com a reposição da inflação, já que a secretária estadual de Administração, Ana Carolina Nardes, garantiu que há margem na folha para reajuste neste ano.
A Feserp (Federação dos Servidores Públicos de Mato Grosso do Sul) também contesta o aumento de 74% nos salários, apesar de ressaltar que algumas categorias podem ter tido incremento por causa da correção das distorções salariais em 2016. De acordo com Lilian Fernandes, presidente da entidade, algumas categorias tiveram reajustes expressivos no mandato tucano.
Para este ano, a entidade pede a reposição da inflação de 6,10%, mesmo considerando que não será suficiente para repor as perdas dos últimos dois anos. Além disso, a federação reivindica o pagamento de auxílio alimentação para os funcionários. Um dos argumentos é o retorno da jornada de oito horas, que mantém a maioria em turno integral nos locais de trabalho. O valor não foi definido.
Ao Campo Grande News, Reinaldo garantiu que a folha de pagamento teve aumento de 73,26% na sua gestão, de R$ 436,3 milhões, no último ano de André Puccinelli (MDB), para R$ 755,9 milhões. O valor inclui o reajuste de 6,07%, o abono de R$ 100 a R$ 250 e as promoções nas carreiras de várias categorias.
O Governo diz que os professores tiveram reajuste de 110%, com o salário inicial para jornada de 20 horas passando de R$ 1.767,21 para R$ 3.723,13. Só faltou explicar que este aumento é reflexo da negociação feito pelo antecessor, Puccinelli, para pagar o piso nacional para jornada de 20h. Reinaldo esticou a lei duas vezes e, conforme a última alteração, só deve pagar 100% em 2024. Ele também não mencionou a redução de 32% nos salários de 9 mil professores temporários.
A data-base dos servidores é o mês de maio e a expectativa é de que as negociações para reposição da inflação serão concluídas até o próximo dia 15.
Entre os sindicalistas, a expectativa é de que o Governo, de olho no calendário eleitoral, conceda reajuste neste ano e no próximo como parte da estratégia para impulsionar a candidatura a governador do secretário estadual de Infraestrutura, Eduardo Riedel, e garantir um terceiro mandato ao PSDB.