Pressionado com a superlotação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e recorde de mortes pela covid-19, o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benitez, do Partido Colorado, suspendeu a construção da ponte sobre o Rio Paraguai, ligando Porto Murtinho e Carmelo Peralta. Os US$ 30 milhões – em torno de R$ 170 milhões na cotação de hoje – previstos para a obra serão destinados para as ações de combate à pandemia no país vizinho.
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A decisão do governo paraguaio irritou Carlos Marun, integrante do Conselho de Administração da Itaipu, e o Governo de Mato Grosso do Sul. A obra milionária se transformou em prioridade máxima para o ex-ministro e o governador Reinaldo Azambuja (PSDB).
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O Paraguai está sob pressão máxima devido ao colapso no sistema de saúde devido a covid-19. Nesta terça-feira (12), o país registrou 89 mortes em 24 horas, recorde no país vizinho, soma 4.978 mortes. No total, já foram confirmados 240.141 casos.
Ontem, a oposição tentou votar projeto de lei obrigando o Governo a destinar 100% dos fundos sociais das empresas binacionais para o combate ao coronavírus. Apesar dos governistas vetarem a proposta, a pressão da opinião pública obrigou o presidente paraguaio a anunciar medidas contra a pandemia.
“Levando em consideração as possíveis necessidades do nosso sistema de saúde e priorizando o que hoje é para todos os paraguaios, dei a instrução de adiar a licitação para a construção da ponte e priorizar os recursos para o Ministério da Saúde”, anunciou Mario Abdo, em entrevista coletiva na manhã de hoje.
“Vamos reavaliar a continuação do processo licitatório para a construção da ponte no final de junho ou primeiros dias de julho e, se precisarmos usar 100% dos recursos, que são cerca de US$ 30 milhões, o que está sendo destinado para a construção podemos até adiar para o ano que vem”, ressaltou.
A ponte será construída pelo consórcio Prointec, formado pelas construtoras Intec S/A, Prosul Ltda e Innovación y Excelencia S/A. A previsão era inaugurar a obra até agosto de 2023. A ponte terá 680 metros de extensão de 12 de altura, com vão para permitir a navegabilidade do Rio Paraguai.
A suspensão da obra milionária e estratégica para a Rota Bioceânica irritou o Governo do Estado. “Assim como o governo brasileiro bancou a ponte Itaipu lá em General Franco. A obra continua em plena atividade com a execução e recursos do Brasil. A ponte aqui é responsabilidade do Paraguai. O recurso de Itaipu foi com destinação específica para isso, né. Então nós entendemos que não poderia ter uma decisão unilateral que implicaria em consequências a outros contratos já existentes”, afirmou o secretário estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico, Jaime Verruck, conforme o Campo Grande News.
“Erro do presidente Mariito! Em primeiro lugar porque existe um acordo que estabelece que Itaipu margem brasileira pagaria a Ponte da Integração e Itaipu Margem Paraguaia pagaria a Ponte Bioceânica. Ora, se a Margem Brasileira está pagando a Ponte da Integração, cujas obras encontram-se em estágio avançado, não é cabível que em uma decisão unilateral o Governo Paraguaio adie de forma indefinida o cumprimento da sua parte”, reagiu Marun, em entrevista à Rádio Alto Paraguay FM.
“Espero que o Presidente Mariito, que conhece a importância de tudo isto, tanto que investe elevados recursos na estrada que atravessa o Chaco, reveja esta posição!”, afirmou o ex-ministro.
“É um impacto menor do que, obviamente, fazer um cancelamento e reiniciar o processo licitatório todo. Entendo eu que poderíamos continuar com o processo licitatório normal e lá na homologação, caso não tivesse a disponibilidade de recurso que foram alocados para outra situação, fazer uma discussão. Estamos acionando o Ministério das Relações Exteriores para que converse com o governo do Paraguai, dado que é um projeto binacional e uma adesão unilateral afeta, obviamente, todos os empreendimentos”, disse Verruck.
A ponte vai interligar Mato Grosso do Sul aos portos chilenos e poderá encurtar a distância para a exportação de produtos para a Ásia, principalmente, a China.