O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), condenou o projeto de lei aprovado pela Câmara dos Deputados que permite a compra de vacinas contra covid-19 por empresas. “Não tem nenhum nexo, nem ético, nem do ponto de vista de saúde pública, nem do ponto de vista econômico”, reagiu em postagem nas redes sociais.
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O presidenciável do DEM foi implacável na crítica da proposta, que teve o aval de seis dos oito deputados federais de Mato Grosso do Sul: Beto Pereira, Bia Cavassa e Rose Modesto, do PSDB; Fábio Trad (PSD), primo do ex-ministro; Dr. Luiz Ovando e Loester Trutis, do PSL.
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Devido à permissão para compra de imunizantes pela iniciativa privada, a proposta começou a ser chamada de oficialização do “fura fila”. “O Projeto 948 é o verdadeiro fura fila. É um projeto que desmonta o SUS. Até agora, foi o SUS que salvou vidas pobres e ricas. De uma hora para outra, os furas filas vão comprar vacinas e se vacinar. Vão deixar os pobres nas filas e morrendo”, lamentou o vice-líder da minoria na Câmara, José Guimarães.
O curioso é que Mandetta se juntou aos deputados estaduais e senadores de esquerda para detonar a proposta. “O projeto que permite a compra de vacinas pela iniciativa privada aprovado pelo Congresso não tem nenhum nexo, nem ético, nem do ponto de vida de saúde pública, nem do ponto de vista econômico. Vacinação se faz por risco epidemiológico, não pela ocupação das pessoas”, defendeu o médico campo-grandense. (veja aqui)
Da bancada federal sul-mato-grossense, apenas Dagoberto Nogueira (PDT) e Vander Loubet (PT) foram contra a aprovação do projeto. Aprovado pela Câmara por 317 votos a favor e 120 contra, o projeto ainda precisa passar pelo Senado.
Na câmara alta, a proposta deve passar pelo crivo das senadoras Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (PSL) e do primo de Mandetta, Nelsinho Trad (PSD). O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), de Alagoas, defendeu o projeto por considerar ideal para acelerar a imunização no Brasil.
Pela regra, a empresa deve doar para o SUS a mesma quantidade de doses adquiridas para os seus funcionários, estagiários, colaboradores e sócios. No entanto, o grande problema, conforme a empresária Luiza Trajano, da Magazine Luiza, é que não há doses disponíveis no mercado para serem vendidas para a iniciativa privada. No momento, a indústria vai priorizar o poder público.