Os vereadores de Camapuã liberaram a nomeação de parentes até 3º grau ao aprovar um projeto apresentado para proibir o nepotismo no município de 13,6 mil habitantes e a 150 quilômetros da Capital. A manobra visa manter intacto o primeiro escalão do prefeito Manoel Nery (DEM), com parentes – esposa e irmãos – ocupando metade do secretariado.
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Os acontecimentos na cidade representam bem a política brasileira. O prefeito garantiu o salário de R$ 6.593,55 para a esposa, Terislene Conegundes, contemplada com o cargo de secretária municipal de Assistência Social.
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O secretário municipal de Administração, Finanças e Planejamento é Jean Carlos da Silva, irmão do presidente da Câmara Municipal, Lellis Ferreira da Silva, o Lellis (MDB). O secretário municipal de Saúde, André Targino, é irmão do vice-prefeito, Aloizio Targino Ferreira Conceição (Patriota).
Só no primeiro escalão, das sete secretarias, três são ocupados por parentes do prefeito, do vice-prefeito e do presidente da Câmara. O burburinho na cidade ainda inclui os parentes da primeira-dama.
A prima de Terislene, Sueli Conegundes da Silva, foi nomeada para o cargo de diretora de Assistência Social. Outro parente, Evandro Tierry Sobrinho Conegundes, foi nomeado diretor de projetos e convênios. O terceiro consanguíneo da mulher do prefeito, Paulo Matheus Rodrigues Conegundes, foi nomeado para o cargo de assessor.
Repetindo um movimento realizado no Estado no final dos anos 90 do século passado, os vereadores Jerson Júnior (PP) e Marquinhos Moreira, o Marquinhos da Lagoa (PL) apresentaram um projeto de lei para acabar com a farra familiar em Camapuã. A proposta era proibir a contratação de parentes até o 4º grau.
O projeto foi aprovado. No entanto, para espanto dos moradores de Camapuã, os vereadores acabaram liberando as nomeações de parentes. O vereador Hélio Policial (DEM) apresentou a emenda que permite nomeações de parentes para cargos de confiança.
A polêmica emenda, que libera a contratação de parentes para ocupar cargos de secretário, foi aprovada por 5 a 4. Votaram contra a manobra os vereadores Jerson Júnior, Professor Jean (PSDB), Marquinhos da Lagoa e Ademar Laurindo (PP).
De acordo com o jornalista João de Oliveira, os votos liberando o nepotismo foram dos vereadores Hélio Policial, Rony Sandro, Pedrinho Cabelereiro (DEM) e Dr. José Dias (MDB). Para salvar o emprego do irmão, chefe das finanças, o presidente da Câmara, Lellis, votou a favor da polêmica emenda e desempatou pelo nepotismo. A votação correu na última terça-feira (16).
O nepotismo voltou a causar polêmica neste ano com a posse dos novos prefeitos. As nomeações de parentes voltaram a ser prática normal porque o Supremo Tribunal Federal entendeu que o prefeito tem autonomia para nomear os integrantes do primeiro escalão, secretários, inclusive parentes.
Em Camapuã, o prefeito decidiu aproveitar a brecha e beneficiou a esposa, o irmão do vereador e o irmão do vice-prefeito. E ainda contemplou os primos da primeira dama. Em Camapuã, o chefe do Executivo substituiu as nomeações políticas por familiares, onde mais vale o laço de sangue do que a cor partidária ou ideologia.