A Justiça sequestrou a casa onde foi apreendido o arsenal da Operação Omertà. Localizado no Bairro São Bento, o imóvel também revelou os bastidores de extorsão, em que o ex-proprietário denunciou, aos prantos, que foi obrigado a transferir o imóvel para Jamil Name e, amedrontado, fugiu de Mato Grosso do Sul.
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Publicada em 3 de março, a decisão é do juiz da 2ªVara Criminal de Campo Grande, Olivar Augusto Roberti Coneglian. De acordo com o magistrado, o imóvel, na Rua José Luiz Pereira, deve ser sequestrado, com máxima urgência, para servir de indenização às vítimas. “Como também para que não mais seja utilizado pelos investigados para o cometimento de ilícitos”.
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O pedido de sequestro de bens foi feito por delegados do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros), que integram a força-tarefa da operação Omertà.
Conforme a investigação, o empresário José Carlos de Oliveira, antigo dono da casa, teve prejuízo de R$ 6,3 milhões com o crime de agiotagem. Entre novembro de 2012 e outubro de 2013, a vítima fez transações financeiras com Jamil Name Filho, com juros iniciais de 20%, para investir na construção de residenciais. Como garantia, José Carlos repassou lâminas de cheque.
Segundo a vítima, os cheques inicialmente fornecidos apenas como instrumento de garantia foram sacados sem a sua concordância ou conhecimento.
“Diante da impossibilidade de saldar seu débito, a vítima José Carlos de Oliveira passou a ser ameaçada por Jamil Name Filho, Jamil Name e pelos seguranças a serviço destes, dentre os quais Benevides Candido Pereira. Geralmente, tais extorsões ocorriam na residência da família Name e também na sede da empresa ‘Pantanal Cap’, administrada por Ademir Santana Delmondes”, denunciou o Gaeco.
Diante de seguranças, munidos com arma e taco de beisebol, o empresário e a esposa transferiam o imóvel.
A extorsão levou à quinta fase da Omertà em outubro do ano passado, que foi batizada de Snowball (bola de neve em inglês). Após a apreensão do arsenal, em maio de 2019, vizinhos relataram aos policiais que o então proprietário devia dinheiro para a família Name e que em meados de 2017 foi retirado à força de casa, “sob ameaça de morte”.
A casa foi leiloada no final de novembro do ano passado. Conforme o Campo Grande News, avaliada em R$ 820 mil, a residência com três quartos, dois banheiros, churrasqueira e piscina, com área construída de 432 metros quadrados, foi vendida por R$ 472 mil. O valor está 51% abaixo do valor de mercado.
A defesa de José Carlos ingressou com ação na Justiça para cancelar o leilão. De acordo com o advogado Rhiad Abdulahad, o juiz mandou depositar o valor, mas acabou não suspendendo a venda do imóvel. O empresário deverá recorrer da decisão.