A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, autorizou a realização de perícia no telefones, armas e munições de Loester Trutis e do assessor, Ciro Nogueira Fidelis, ambos do PSL. A Polícia Federal tem mais 60 dias para concluir o inquérito em busca de provas de que o deputado federal simulou um atentado a bala no dia 16 de fevereiro do ano passado.
[adrotate group=”3″]
A Procuradoria-Geral da República pontuou que as diligências são necessárias para esclarecer os fatos. Com esperança de ser candidato a prefeito nas eleições do ano passado, Trutis teria simulado atentado para chamar a atenção, conforme a PF. Inicialmente, ele ganhou os holofotes por supostamente ter sido alvo de tiros na BR-060, entre Campo Grande e Sidrolândia.
Veja mais:
PF conclui que Trutis repetiu Artuzi, 12 anos depois, e simulou atentado a bala com assessor
PF investiga deputado, irmão e candidato a vereador; Trutis deve passar noite em presídio
Trutis tem nova derrota no STF e volta a bombardear trabalho da PF para se livrar de inquérito
A investigação da PF, sempre elogiada pelo deputado, revelou que tudo não passou de armação. Os tiros teriam ocorrido em estrada vicinal sem asfalto e movimento. Os policiais não encontraram imagens da suposta caminhonete usada no atentado contra Trutis. Com base no GPS do veículo locado, a PF refez o trajeto e descontruiu a tese do deputado.
Em novembro do ano passado, com aval de Rosa Weber, a PF deflagrou a Operação Tracker e chegou a prender o deputado pelo porte de arma de uso restrito, no caso um fuzil. Ele acabou sendo liberado sem pagar fiança porque o crime deixou de ser inafiançável graças ao pacote Anticrime, aprovado com o aval de Trutis e do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.
A PF pediu mais 60 dias para concluir o inquérito e obteve aval favorável da procuradoria. O MPF argumentou que é necessário a perícia nos celulares, armas de fogo e munições apreendidos. O objetivo é descobrir se há arma de fogo compatível com as cápsulas deflagradas em fevereiro do ano passado.
A procuradoria também acha importante o depoimento do secretário parlamentar Pedro Paulo Bergo de Almeida, que levou o carro até Campo Grande no dia 15 de fevereiro de 2020, um dia antes do suposto atentado. O objetivo é saber se era rotina ou houve uma ordem específica para aquela ocasião.
“As diligências requeridas mostram-se pertinentes ao objeto da investigação, proporcionais sob o ângulo da adequação, razoáveis sob a perspectiva dos bens jurídicos envolvidos e úteis quanto à possível de descoberta de novos elementos que permitam o avanço das apurações. Ante o exposto, com fundamento no artigo 230-C, § 1º, do RISTF, defiro a prorrogação do prazo de conclusão do apuratório, na forma requerida”, pontuou a ministra, em despacho publicado no dia 25 de fevereiro, mas só disponibilizado ontem pelo site do STF.
Polêmico e sem papas na língua, principalmente ao trocar farpas e palavras de baixo calão com vereadores e deputados estaduais, Trutis tenta se apresentar como inimigo do crime organizado. No entanto, não há o registro de nenhuma denúncia do parlamentar contra os supostos integrantes das organizações criminosas.
O deputado repete a tática do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de desqualificar os meios de comunicação e manter os eleitores fieis com discursos inflamados nas redes sociais. Ele acabou escapando de responder a processo disciplinar porque não houve representação no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.