Seis os oito parlamentares federais de Mato Grosso do Sul votaram pela manutenção da prisão em flagrante e sem direito à fiança do deputado Daniel Silveira (PSL), do Rio de Janeiro. Mesmo o chamando de “canalha”, Loester Trutis (PSL), acompanhou o colega de partido, Dr. Luiz Ovando, manifestaram-se a favor da soltura imediata do carioca, preso por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
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O polêmico deputado foi preso na terça-feira de Carnaval (16) após gravar e divulgar vídeo em que faz duras críticas e ameaças aos ministros do STF, defende o Ato Institucional nº 5 (AI-5), o mais brutal da Ditadura Militar, e a substituição imediata dos integrantes da suprema corte. Na Câmara, foram 364 votos pela manutenção da prisão, contra 130 pela soltura e três abstenções. (veja a matéria no site da Câmara)
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De MS, a prisão obteve o aval de Dagoberto Nogueira (PDT), Fábio Trad (PSD), Vander Loubet (PT), Beto Pereira, Bia Cavassa e Rose Modesto, do PSDB. “Não é entre esquerda e direita, mas entre Democracia e barbárie. A liberdade de expressão não se confunde com a licenciosidade verbal criminosa que prega a supressão da democracia, mãe de todas as liberdades, inclusive da liberdade de expressão”, justificou Trad, em postagem no Twitter.
“A manutenção da prisão do Dep. Daniel não é motivo de comemoração, mas de tristeza, temos que lamentar que pessoas como ele possam chegar ao Congresso e ferir tanto a democracia brasileira, mas é necessário combater essa postura que nos indigna”, afirmou Dagoberto.
Pereira seguiu a mesma linha. “A decisão do STF em pedir a prisão do deputado Daniel Silveira foi compatível ao desrespeito do parlamentar com a instituição. Não podemos confundir prerrogativas parlamentares com ações que atentam contra a democracia”, tuitou. “Valer-se da imunidade para atacar às instituições democráticas é um abuso que exige punição exemplar”, destacou o tucano.
Silveira não foi perdoado nem pelos aliados. Mesmo votando contra a manutenção da prisão do deputado, Trutis o esculachou em postagem no Facebook. “Daniel Silveira é um canalha, mas ninguém pode ser preso apenas por isso”, pontuou. Ele relembrou quando o deputado gravou o líder do PSL, delegado Waldir, e publicou nas redes sociais em “busca de likes”.
“Isso faz dele um canalha, mas um canalha livre, num país democrático, em que ninguém deveria ser preso por dizer o que pensa. Então, sem entrar no mérito do que ele disse, e respeitando o estado democrático de Direito e a repartição dos poderes, quero defender o direito de qualquer brasileiro de dizer o que pensa, e que arque com as consequências cíveis, criminais e eleitorais disso. Por isso hoje vou votar para que ele seja solto. Não pelo Daniel e sim pelo que acredito”, explicou Trutis, que chegou a ser preso em novembro do ano passado pela Polícia Federal por porte de arma de uso restrito. Ele foi solto sem pagar fiança por determinação da ministra Rosa Weber.
Os ataques à democracia também não foram considerados graves por Dr. Luiz Ovando, o mais fiel dos deputados sul-mato-grossenses ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Ele disse que Silveira foi preso por ter coragem de denunciar a posição tendenciosa dos ministros do Supremo. Ele tinha antecipado que a prisão era ilegal porque feria a imunidade parlamentar.
A decisão complica a situação o deputado bolsonarista, que corre o risco de ter o mandato cassado pela Câmara. Ele é alvo de três inquéritos por disseminar fake news e atos antidemocráticos.