O deputado federal Fábio Trad aconselhou o irmão, o senador Nelsinho Trad, ambos do PSD, a recusar eventual convite para ser ministro do Governo de Jair Bolsonaro (sem partido). “Falei Nelson, é um governo de extrema-direita, a extrema-direita prendeu e torturou nosso pai”, teria dito o advogado, sofre o ex-deputado federal Nelson Trad, que foi perseguido e torturado durante a ditadura militar.
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A indicação de Nelsinho, ex-prefeito da Capital, com os bens bloqueados e réu na justiça em ações por corrupção e improbidade, é articulada pelo ex-presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM). Nos bastidores, o democrata busca contemplar o PSD, que tem a segunda maior bancada no Senado e acabou cedendo o cargo de vice-presidente do Congresso ao MDB.
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A declaração de Fábio Trad repercutiu em sites e jornais nacionais, como O Globo e Brasil 247. O colunista Ricardo Noblat também repercutiu a declaração. Em nova postagem a respeito, Fábio Trad ressaltou que o senador tem maturidade política para tomar a decisão.
“Nelsinho, meu irmão, sondado para integrar o ministério de Bolsonaro. O que devo dizer como irmão mais novo? Mais importante que ser ministro é refletir sobre governo a que o ministro servirá. É isso! Que Deus o ilumine”, tuitou o deputado federal nesta quinta-feira (4).
Fábio, Nelsinho e o prefeito Marquinhos Trad (PSD) são filhos do então deputado federal Nelson Trad, que morreu em 2011. Durante a ditadura militar, que foi comandada pela direita, o patriarca da família Trad foi um dos perseguidos, preso e torturado.
Em entrevista ao Campo Grande, Nelsinho admitiu ter sido sondado por aliados para ocupar algum ministério, como o Desenvolvimento Regional ou das Minas e Energia. No entanto, não houve convite oficial do Governo.
“Não tive sondagem do governo ainda. Até chegar nesse ponto é um longo caminho”, contou Nelsinho, que pode ser indicado pelo Centrão, que assumiu o controle da Câmara e do Senado, com as eleições, respectivamente, de Arthur Lira (PP) e Rodrigo Pacheco (DEM).
“Sempre que posso ajudo e contribuo nos projetos do governo. Como líder do PSD, respeito a independência do partido e meus colegas sabem da minha posição. Vou continuar assim, pois acredito que o Brasil tem tudo para continuar crescendo, vencendo a pandemia e retomando a economia”, afirmou em entrevista ao Campo Grande News.
Sobre o conselho do irmão, o senador deixa claro que vai ignorá-lo. “A gente tem pontos de vista diferentes. Somos pessoas que pensam diferentes. Ele tem um enfoque mais crítico quanto ao governo Bolsonaro, e eu tenho um pensamento mais positivo. Esse governo sempre me tratou com deferência, sempre atendendo meus pleitos para o Estado, ouvindo sugestão”, explicou.
Desde a posse no cargo, Nelsinho se mostrou próximo de Jair Bolsonaro. Como presidente da Comissão de Relações Exteriores defendeu a indicação do filho do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL) para o cargo de embaixador nos Estados Unidos. Ele inclusive viajou junto com o capitão para encontro com o então presidente Donald Trump.
De olho na sucessão de Reinaldo Azambuja, a indicação de Nelsinho para um ministério de Bolsonaro pode ser a melhor notícia para o senador. Os problemas com a justiça podem sumir aos olhos dos bolsonaristas ativos nas redes sociais, livrando o senador de um problema nas eleições de 2022.
Em 2014, quando disputou o Governo pelo MDB com o apoio de André Puccinelli (MDB), Nelsinho ficou em 3º na disputa. Caso ocupe o cargo de ministro de Bolsonaro, ele ganha musculatura política para tentar a candidatura pela segunda vez e com o apoio do Governo.