Após as primeiras inoculações da Coronavac, vacina usada para barrar a infecção denominada covid-19, a comunidade brasileira seguiu o rito em que mistura esperança à desconfiança. Não é exagero dizer que esse comportamento não é novo, mas seria falar que está restrito ao Brasil. Disputas políticas e negacionistas estão por cada cantinho do mundo. A única coisa inovadora e que acontece apenas em solo brasileiro é o desejo de quem, por garantia da própria saúde ou da comunidade, encontre disposição para “virar jacaré*”.
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E, por parte da equipe que produz o veículo de informação “O Jacaré”, é importante avisar que ter esta denominação é honrosa, representa deferência à natureza, apreço por nossa fauna, carisma por nossa literatura e amor pelo nosso folclore. Já somos jacarés com o devido orgulho e o máximo respeito, conquistado por meio de trabalho e da necessidade inerente ao jornalismo, que é informar.
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Vamos, assim, voltar a citar apenas para esclarecimento, a celeuma criada pelo presidente Jair Bolsonaro, que insinuou haver a possibilidade de alteração no código genético das pessoas vacinadas. “Se você virar jacaré, o problema é de você”, disse em uma coletiva.
É óbvio, que não há a mínima possibilidade dessa transformação, nem mesmo se todo o material genético utilizado fosse do nosso querido réptil. A brincadeira do mandatário não foi negada e, em um universo de notícias falsas e dúvidas da ciência, soou leviana porque a confiança nos gestores é um dos fatores decisivos para o sucesso de campanhas de saúde.
Apesar da tentativa de descrédito à imunização, a população assumiu a brincadeira, deixou correr solta a imaginação e passou a dizer que quer mesmo “virar jacaré”. Ou seja, estar vacinada. Também é essa a nossa aspiração, embora saibamos que as doses produzidas no momento são insuficientes. Temos um fio de esperança de voltar a andar pelas ruas e exibir nossos sorrisos e nossa marra. Até a chegada desse dia, manteremos firme a nossa posição de informar, porque o conhecimento sempre será a melhor arma para qualquer guerra ou crise.
Em pouco mais de ano da pandemia de covid-19, muitos são os fatores que impõem a urgência de uma vacina e também são vários os esforços para que chegasse rápido à população. O compromisso científico mundial para um imunizante contra a covid-19 teve como ponto favorável a tecnologia acumulada desde a criação da primeira vacina em laboratório. Foi em 1879 que Louis Pasteur desenvolveu um produto capaz de evitar a contaminação pelo cólera em frangos.
De lá para cá foram tantas as doenças que, de mortais e limitantes, passaram a ameaças controladas ou, no caso da varíola, foram erradicadas. Infelizmente há doenças que se revelam ainda como flagelo por falta de acesso à vacina, como a poliomielite, cruel, severa e irreversível.
Há também as que permanecem fatais, como a raiva, e as sorrateiras, adjetivo que cai bem à gripe e à catapora. Há vacina para todas essas patologias e, também, dor e preocupação quando não estão disponíveis.
Esse é o caso da covid-19, que sozinha, pode ser apenas sorrateira ou mortal. Embora exista a experiência científica acumulada na saúde mundial para o desenvolvimento em tempo recorde, a disponibilidade da vacina para a covid-19 ainda é tão inferior à demanda, que a imunização só deve ser concluída, se for, em 2022. Com ela, porém, a pandemia pode ser controlada ainda este ano.
E vamos reforçar que as “transformações de pessoas em jacaré” serão espontâneas e muito, muito esperadas. Até o momento, contudo, nenhum vacinado pode se gabar do feito, como é possível ser observado no aplicativo Jacaré Tracker. Jacarés mesmo, somente os queridos répteis encontrados em muitos lugares de nosso Brasil e, por aqui, na equipe O Jacaré.
* Quem for ao dicionário, vai saber que a palavra jacaré é um substantivo epiceno e, por isto, é utilizado para designar macho e fêmea.