O ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, informou ao Supremo Tribunal Federal que sete estados brasileiros não possuem estoque suficiente de insumos para iniciar a campanha de vacinação contra o coronavírus. Um deles seria Mato Grosso do Sul, que dispõe de apenas 162,8 mil seringas e agulhas para uma população de 2,8 milhões.
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O Governo do Estado rebateu a informação e nega falta de materiais para iniciar a imunização contra a covid-19, que já matou 2.625 pessoas em MS. Em nota (veja aqui), a Secretaria Estadual de Saúde informou que dispõe de 2,5 milhões de unidades.
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Aliás, Mato Grosso do Sul não foi o único a desmentir o general do Exército. De acordo com a coluna Painel, da Folha de São Paulo (veja aqui), outros estados também contestaram as informações repassadas pelo ministério para o STF.
O ofício foi enviado por determinação do ministro Ricardo Lewandowski, do STF, que havia determinado ao Governo federal para informar o quantitativo de seringas e agulhas nos estados para a campanha nacional de vacinação.
Conforme o Governo do Estado, há dois processos de compra de seringas. O primeiro prevê a aquisição de 740.681 unidades. O segundo vai adquirir mais 7 milhões de seringas e agulhas.
“Com o apoio da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública, a SES (Secretaria Estadual de Saúde) elaborou um plano estadual de imunização, que inclui o planejamento para a distribuição das vacinas, de forma simultânea e segura para os 79 municípios. Isso em até 48 horas após a chegada das doses em Mato Grosso do Sul”, informou a assessoria do governador Reinaldo Azambuja (PSDB).
Em meio à polêmica sobre a eficácia da vacina, o Brasil enfrenta outros problemas. O Ministério da Saúde só conseguiu adquirir 3% das seringas necessárias para a campanha de vacinação.
O brasileiro ainda não tem conhecimento qual a vacina será adquirida pela gestão de Bolsonaro. Apesar do presidente ter debochado da baixa taxa de eficácia da Coronavac, vacina produzida pelo Instituto Butantã, de São Paulo, o ministério cogita comprar 100 milhões de doses.
A outra opção é o imunizante produzido pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), no Rio de Janeiro. No entanto, a medida ainda dependa da importação de 2 milhões de doses da Índia. As duas vacinas aguardam autorização emergencial da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que prometeu anunciar a medida no domingo.
Cerca de 50 países já iniciaram a vacinação no mês passado. O mundo inteiro corre contra o tempo para frear a pandemia da covid-19. Parte da população, inclusive profissionais de saúde, questiona a rapidez na obtenção do imunizante, considerado inédito no mundo.
A última vez que houve um movimento contra a imunização contra a varíola foi no início do século passado no Brasil, que ficou conhecido como a revolta da vacina. A vacinação era obrigatória desde 1837. Em 1904, Oswaldo Cruz convenceu o Governo a cumprir a obrigatoriedade.
A população saiu às ruas para protestar e a revolta acabou com 945 prisões, 461 deportados, 110 feridos e 30 mortos em duas semanas de conflito. O resultado levou o presidente Rodrigues Alves a desistir da vacinação obrigatório no final de 1904.
No entanto, quatro anos depois, em 1908, o Rio de Janeiro foi atingido pela mais violenta epidemia da varíola da história e a população correu às unidades de saúde para ser vacinada.