A pandemia da covid-19 adiou o sonho do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) de repassar o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul Rosa Pedrossian, o segundo maior do Estado, para a iniciativa privada. O Governo do Estado estava elaborando o edital de licitação no início do ano passado, quando o coronavírus chegou com força e a instituição acabou se tornando referência no tratamento da nova doença em Campo Grande.
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Por meio da assessoria de imprensa, a Secretaria Estadual de Saúde confirmou a intenção de repassar o HR para OS (Organização Social). No entanto, devido ao prolongamento da pandemia, que já fez 135.917 vítimas e matou 2.372 pessoas em MS, a proposta foi adiada por tempo indeterminado.
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“A Secretaria de Estado de Saúde informa que há um estudo técnico em andamento, mas que o processo foi interrompido por causa da pandemia da Covid-19 e não há prazo para o assunto ser retomado”, informou.
O HR poderá garantir faturamento de R$ 1,7 bilhão ao vencedor da licitação. Apesar do fracasso das gestões feitas pelas organizações sociais em Chapadão do Sul e Ponta Porã, Reinaldo insiste na proposta. Em 2019, o Governo foi obrigado a intervir no Hospital Regional da fronteira porque a entidade estava com os bens bloqueados e não conseguia garantir nem o pagamento de salário dos funcionários.
O HR de Ponta Porã acabou sendo repassado, sem licitação, para o Instituto Acqua, investigado por corrupção e desvios de recurso públicos em vários municípios. Seis meses depois, a OS acabou vencendo a licitação realizada pela Secretaria de Saúde e recebeu elogios públicos do titular da pasta, Geraldo Resende.
A menina dos olhos do projeto de privatização da saúde é o HR de Campo Grande, que tem orçamento mensal de aproximadamente R$ 30 milhões. Lançado pelo então governador Pedro Pedrossian, o hospital foi inaugurado em 1997 por Wilson Barbosa Martins (MDB). Só que não havia infraestrutura para internações e acabou sendo chamado de “postão de saúde”.
Somente em 1999, na gestão de Zeca do PT, o HR recebeu investimentos e se transformou no segundo maior hospital do Estado, superando o Hospital Universitário. O PAM (Pronto Atendimento Médico) tem 77 leitos e recebe, em média, 130 pacientes por dia.
O HR conta 45 especialidades médicas e se tornou referência no atendimento de alta complexidade na Capital. Atualmente, a unidade é direcionada para atender os pacientes com covid-19.
Desde o primeiro mandato de Reinaldo, o hospital também sofre com a falta de investimentos e repasses por parte do Governo do Estado. É frequente o relato de pacientes e funcionários se queixando da falta desde medicamentos até alimentação.
No final do ano passado, a direção do HR lançou campanha de doação desde lonas até água para ajudar os doentes internados. O Governo acabou intervindo e determinou a suspensão do pedido de doações porque o pedido de socorro expôs a precariedade do maior hospital estadual na gestão tucana.
Há vários anos, o Ministério Público Estadual tem recorrido à Justiça para obrigar Reinaldo a comprar desde remédios, insumos e materiais hospitalares. Há relatos dramáticos de médicos que descobriram a falta de insumos no meio de uma cirurgia.
Geraldo Resende aposta na privatização para reduzir os gastos com o HR. Este é o problema da maior parte dos políticos brasileiros, investimento em saúde, que pode salvar vidas, é tratado como gasto desnecessário.