O fim de ano frustrou os lojistas, que esperavam recuperar parte das perdas causadas pela pandemia da covid-19 e pelo lockdown no início do ano. Levantamento aponta queda de 47% nas vendas, o que sinaliza para o pior Natal para o comércio na história de Campo Grande. Em nota, a CDL (Câmara dos Dirigentes Lojistas) responsabilizou a “disseminação do caos” pelo secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, que passou o mês de dezembro alertando a população para as consequências da segunda onda da covid-19.
[adrotate group=”3″]
Em nota, a entidade não cita o titular, mas não deixa dúvidas. “Se observarmos a Secretaria Estadual de Saúde, com seus pronunciamentos e falas para a imprensa, eles ficaram o mês todo de dezembro dizendo que as pessoas iriam morrer, que o ‘mundo iria acabar’, e sem demonstrar que estavam fazendo algo pela saúde e tratamento das pessoas”, responsabilizou a gestão tucana.
Veja mais:
Juiz nega pedido para comércio da Capital não pagar impostos durante a pandemia
Boletim Covid – O Jacaré: MS chega a 2.108 óbitos por covid-19 e hospitais permanecem lotados
“O que se viu foram muitas falas amedrontadoras e poucas ações de fiscalização, por exemplo. Isso afastou as pessoas responsáveis, mas não fez qualquer efeito junto aos irresponsáveis, que continuaram em suas baladas ilegais, disseminando o vírus”, acusou a CDL.
Resende e a secretária-adjunta de Saúde, Christine Maymone, mantiveram em dezembro as lives diárias feitas desde o início da pandemia, que já matou 2.270 pessoas em Mato Grosso do Sul. No total, 130.850 contraíram a doença no Estado. A situação ficou pior neste mês com a superlotação dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) na rede pública e privada.
Além da pandemia, o comércio apostava no Natal deste ano para se recuperar das perdas ocorridas durante as obras de revitalização da Rua 14 de Julho, inaugurada no ano passado, e de dois anos de crise econômica no País.
A Associação Comercial e Industrial de Campo Grande tinha esperança de alta nas vendas e de superar os números do ano passado, quando houve aumento de 6,5%. No entanto, os dados divulgados hoje pela CDL com base no SPC Brasil, expõe em números a frustração dos lojistas: queda de 47% nas vendas. Sem ter o levantamento dos últimos anos, a entidade cravou em ser o pior Natal em mais de 15 anos.
A queda expressiva nas vendas é inédita na Capital. Mesmo com as crises econômicas, o setor cresceu, de 1% a 3%, mas não sofreu um baque tão grande.
“Infelizmente, não estamos fazendo nem para sobreviver, conseguimos, ao menos, equiparar ao mês de setembro, quando realizamos uma grande ação de descontos, mas isso não é o suficiente sequer para amenizar um pouco das perdas, que vem se acumulando há mais de dois anos, se considerarmos o impacto negativo de obras e crises econômicas. Hoje, o varejista campo-grandense mal faz para sobreviver e pagar as contas básicas”, avaliou o presidente da CDL, Adelaido Vila.
Ele prevê o impacto da crise nas contas públicas. “O varejo é responsável por 60% da arrecadação, pagamos impostos que são revertidos para a cidade, como IPTU, ISS, ICMS, contribuições e taxas e sem conseguir vender, não temos como arcar com essas despesas que são muito altas. Se não pagamos impostos, a cidade fica sem recursos para fazer obras, pagar funcionários públicos e isso vai virar uma grande bola de neve, prejudicando a todos”, previu.
O secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, ainda não se manifestou sobre a nota da CDL. O Jacaré procurou a assessoria do tucano, mas ele se limitou a ressaltar que não comentaria o assunto.