O Governo de Mato Grosso do Sul não cogita pedir doses Coronavac, a polêmica vacina chinesa, que começará a ser aplicada em São Paulo a partir do dia 25 de janeiro deste ano. Conforme o plano elaborado pelo secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, a imunização no Estado vai ficar na dependência do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que ainda não comprou o produto nem definiu o início da imunização.
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O sul-mato-grossense vai ser incluído no Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde, que prevê a aplicação em quatro fases, mas sem beneficiar todos os brasileiros. O Governo federal prevê a aplicação da vacina, inicialmente, nos idosos com mais de 75 anos, residentes em asilos e casas de repouso, indígenas e quilombolas.
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A vacina se tornou esperança da maior parte da população, principalmente no atual momento em que a segunda onda da covid-19 superlota hospitais na Capital e no interior. Conforme o boletim divulgado ontem, MS contabiliza 105.246 casos, sendo 577 pessoas internadas e 1.841 mortes.
Nesta segunda-feira (7), o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou que disponibilizará 2 milhões de doses para outros estados. Ao ser questionado se pediria ao colega de partido, por meio da assessoria de imprensa, Geraldo Resende descartou a iniciativa.
“O secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, em conjunto com os demais secretários de Saúde do País e do DF, defende a posição do Conass de defender a incorporação pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) de todas as vacinas contra a Covid-19, com reconhecidas eficácia e segurança, especialmente as que já estão sendo testadas no Brasil, considerada, ainda, a necessidade de se alcançar a imunização de toda a população brasileira, com a máxima brevidade”, informou a assessoria.
O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) também descartou repetir o exemplo de Doria e adquirir diretamente a vacina. “Diferente de São Paulo e Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul não possui institutos de produção de vacina. São Paulo possui o Instituto Butantan, fundado em 1901”, justificou-se o secretário, por meio da assessoria.
“O Instituto Butantan é o principal produtor de imunobiológicos do Brasil, responsável por grande porcentagem da produção de soros hiperimunes e grande volume da produção nacional de antígenos vacinais, que compõem as vacinas utilizadas no PNI (Programa Nacional de Imunizações) do Ministério da Saúde”, justificou-se.
A respeito do atraso no cronograma nacional, o governador paulista voltou a cutucar Bolsonaro. “Triste o Brasil que tem um presidente que não tem compaixão pelos brasileiros”, afirmou. São Paulo começará a imunização no dia 25 de janeiro pelos profissionais de saúde, índios e quilombolas.
Idosos com mais de 75 anos vão tomar a vacina em duas doses, nos dias 8 de fevereiro e 1º de março. Os paulistas de 70 a 74 anos vão ser vacinados nos dias 15 de fevereiro e 8 de março. Já na faixa etária de 65 a 69 anos, a imunização ocorrerá nos dias 22 de fevereiro e 15 de março. Os moradores de 60 a 64 anos vão tomar a vacina nos dias 1º e 22 de março de 2021.
O Ministério da Saúde divulgou os grupos que terão prioridade, mas não estipulou data para o início da imunização. Mais feliz são os ingleses, que começam a receber a vacina hoje. Os russos começaram a ser imunizados na semana passada.
Bahia, Ceará e Paraná cogitaram adquirir diretamente a vacina dos laboratórios, mas acabaram seguindo o exemplo de Mato Grosso do Sul e estão preparando a estrutura para a vacina da Astra Zeneca, produzido pela Fiocruz (Função Oswaldo Cruz) em parceria com a Universidade de Oxford.
Resende defende a posição do Conass, para que se adquira todas as vacinas disponíveis no mundo contar a covid-19. “É urgente que os processos de avaliação para o uso emergencial de vacinas contra a Covid-19, a logística de aquisição de insumos, o sistema de informações, a definição das estratégias de monitoramento e avaliação da campanha e, principalmente, a aquisição das vacinas estejam sob a coordenação do Ministério da Saúde, responsável pelo PNI, como medida para garantir a equidade entre os entes subnacionais”, destacou.
“O PNI é um patrimônio do Brasil e sua experiência já consolidada na realização de campanhas de grande porte e seu forte vigor técnico são um importante trunfo para atender a este desafio. A sociedade brasileira exige que as decisões sobre a vacinação contra a Covid-19 não sejam pautadas por questões alheias aos interesses do País”, defendeu.
Confira o questionamento ao secretário de Saúde, por escrito, ontem (7):
Tenho os seguintes questionamentos ao secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende:
- Por que Mato Grosso do Sul não investiu em vacina, como São Paulo?
- O Governo do Estado pensa em pedir vacina ao Governo de São Paulo, já que João Doria (PSDB) anunciou a distribuição de 2 milhões de doses aos Estados?
- O Estado vai esperar o Governo Bolsonaro disponibilizar a vacina na rede pública?
Grato e aguardo retorno.
Confira a resposta da Secretaria de Saúde na íntegra:
Diferente de São Paulo e Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul não possui institutos de produção de vacina. São Paulo possui o Instituto Butantan, fundado em 1901. O Instituto Butantan é o principal produtor de imunobiológicos do Brasil, responsável por grande porcentagem da produção de soros hiperimunes e grande volume da produção nacional de antígenos vacinais, que compõem as vacinas utilizadas no PNI (Programa Nacional de Imunizações) do Ministério da Saúde.
O secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, em conjunto com os demais secretários de Saúde do País e do DF, defende a posição do Conass de defender a incorporação pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) de todas as vacinas contra a Covid-19, com reconhecidas eficácia e segurança, especialmente as que já estão sendo testadas no Brasil, considerada, ainda, a necessidade de se alcançar a imunização de toda a população brasileira, com a máxima brevidade.
Conforme a nota divulgada pelo Conass, É urgente que os processos de avaliação para o uso emergencial de vacinas contra a Covid-19, a logística de aquisição de insumos, o sistema de informações, a definição das estratégias de monitoramento e avaliação da campanha e, principalmente, a aquisição das vacinas estejam sob a coordenação do Ministério da Saúde, responsável pelo PNI, como medida para garantir a equidade entre os entes subnacionais. A falta da coordenação nacional, a eventual adoção de diferentes cronogramas e grupos prioritários para a vacinação nos diversos estados são preocupantes, pois gerariam iniquidade entre os cidadãos das unidades da federação, além de dificultar as ações nacionais de comunicação e a organização da farmacovigilância, que será fundamental com uma nova vacina.
O PNI é um patrimônio do Brasil e sua experiência já consolidada na realização de campanhas de grande porte e seu forte vigor técnico são um importante trunfo para atender a este desafio. A sociedade brasileira exige que as decisões sobre a vacinação contra a Covid-19 não sejam pautadas por questões alheias aos interesses do País.