Preso na Operação Vostok em 12 de setembro de 2018 e denunciado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro ao Superior Tribunal de Justiça, o deputado estadual José Roberto Teixeira, o Zé Teixeira (DEM), é o favorito ao cargo de primeiro secretário da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul. O democrata irá comandar a chave do cofre do legislativo pela 4ª vez consecutiva.
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No cargo desde 2015, quando foi eleito primeiro secretário pela vez, com Junior Mochi (MDB), na presidência, ele deverá repetir a dobradinha com o atual presidente, Paulo Corrêa (PSDB). A eleição da nova mesa diretora está prevista para quinta-feira.
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Entre os 24 deputados estaduais, o único a protestar contra a manutenção de Teixeira no posto foi Capitão Contar (PSL). “No caso do 1º Secretário, envolvido em denúncias de corrupção (Vostok), é inaceitável que continue na função”, ressaltou o parlamentar, em protesto solitário até o momento.
O deputado estadual Gerson Claro (Progressistas), atual líder do Governo no legislativo, ensaiou se tornar opção a Teixeira. Ele seria pior ainda. O progressista também já foi preso por corrupção, em agosto de 2017, na Operação Antivírus, deflagrada pelo Gaeco contra corrupção no Detran. Claro já virou réu por improbidade administrativa, peculato, organização criminosa e fraude em licitação pelo desvio de R$ 7,4 milhões no órgão estadual de trânsito.
Zé Teixeira foi indiciado pela Polícia Federal na Operação Vostok e denunciado pela subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, por integrar a organização criminosa comandada pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB). Ele emitiu R$ 1,692 milhão em notas frias para regularizar o pagamento de propina pela JBS ao tucano.
De acordo com a denúncia, as duas notas emitidas pelo democrata foram pagas pela JBS, mas ele não entregou nenhuma cabeça de boi ao frigorífico da empresa em Campo Grande. Perícia nos documentos, depoimentos de delatores e das testemunhas contestam a versão de Teixeira, de que recebeu o dinheiro pela venda de gado ao grupo.
O Ministério Público Federal acusa o deputado de ter repassado R$ 600 mil a Força Nova Distribuidora, empresa de Ivanildo da Cunha Miranda, o delator do ex-governador André Puccinelli (MDB) na Operação Lama Asfáltica. O empresário vendeu três fazendas para familiares de Reinaldo e teria recebido o pagamento por meio de propina da JBS.
Apesar das suspeitas de corrupção, o democrata se consagra como o novo poderoso do legislativo, substituindo lendas da política regional, como Londres Machado (PSD) e Ary Rigo. O primeiro está de volta na atual legislatura, mas sem ostentar o mesmo poder de antigamente. Já o segundo não conseguiu se reeleger e acabou sendo preso na mesma operação de Gerson Claro. A Justiça rejeitou a denúncia de improbidade contra Rigo.
Zé Teixeira é o único nome, ao lado de Corrêa, que está praticamente definido para ser reconduzido para mais um mandato como primeiro secretário. Ele está na função desde 2015 e deverá completar oito anos na função, caso não seja afastado antes pela Corte Especial do STJ.
Este não é o único arranhão na imagem pública do primeiro secretário. A Justiça chegou a sentenciar a demissão de dois apadrinhados do deputado porque foram recontratados irregularmente. Rica de Cássia Gomes Xavier, chefe de gabinete, e Luiz Ferreira da Silva, gerente de infraestrutura, aderiram ao PAI (Programa de Aposentadoria Incentivada) e recontratados em cargos comissionados, apesar da manobra ser proibida em lei aprovada pela Assembleia.
No final de outubro deste ano, Rita de Cássia e Luiz obtiveram liminar do presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Paschoal Carmello Leandro, para retornarem aos cargos de confiança. Em resumo, os apadrinhados do democrata mantiveram a aposentadoria e o salário de comissionados.
Zé Teixeira também usou verba pública para pagar churrasco e cerveja. Ao ter divulgado a utilização de R$ 1.641 da cota parlamentar em uma churrascaria de Dourados e restaurante de São Paulo, ele devolveu o dinheiro.
Capitão Contar vem discursando no vazio, por enquanto. “Defendo a renovação da mesa diretora da ALMS, para que outros deputados possam trazer novas propostas e estarmos sempre melhorando os nossos trabalhos. Tenho minhas convicções e razões para não votar na chapa atual”, explicou o deputado.