Sob ameaça de colapso no sistema de saúde de Campo Grande, com ocupação de 90% dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), a prefeitura anunciou novas medidas na esperança de conter a 2ª onda da covid-19. O toque de recolher foi antecipado em duas horas. Comércio e shoppings tiveram o limite de ocupação reduzido para 40% e o passe livre foi suspenso para estudantes e idosos.
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As medidas foram definidas nesta sexta-feira (4) em reunião entre o prefeito Marquinhos Trad (PSD), os secretários de Saúde do Estado, Geraldo Resende, e do município, José Mauro Filho, e os dirigentes dos hospitais públicos e privados na Capital.
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A situação é de calamidade, considerando os dados oficiais divulgados pelas instituições. Boletim divulgado ontem pelo Hospital Regional de Mato Grosso do Sul Rosa Pedrossian mostra que a taxa de ocupação dos leitos críticos é de 113%. Mesmo com a ativação de mais 10 leitos, o estabelecimento estava com 113 pessoas em estado gravíssimo, sendo 13 na área vermelha aguardando vaga.
No Hospital da Unimed, das 40 vagas em UTI, 37 (92,5%) estavam ocupadas. No total de leitos clínicos, 88% estavam ocupados. No entanto, o secretário municipal de Saúde informou que a taxa de ocupação na Capital, dos leitos intensivistas públicos e privados, é de 90%. Das 395 vagas, há 38 livres.
A primeira medida será a antecipação do toque de recolher em duas horas e passará a valer, a partir de segunda-feira (7), das 22h às 5h. O comércio na região central vai funcionar das 8h às 21h. Apesar da ampliação do horário por causa das festas de fim de ano, as lojas deverão reduzir a ocupação de 50% para 40%.
Confira as novas regras
- todos os estabelecimentos e atividades com atendimento ao público devem funcionar com lotação máxima de 40% (quarenta por cento) de sua capacidade, inclusive templos e igrejas;
- a proibição de festas, eventos e reuniões de qualquer natureza que gerem aglomeração de pessoas, inclusive eventos esportivos e campeonatos, bem como do compartilhamento de objetos, inclusive narguilés e tererés;
- o horário de funcionamento dos shoppings, todos os dias, será das 10h00min às 22h00min;
- o horário de funcionamento das atividades de varejo em geral, todos os dias, das 8h00min às 21h00min;
- a suspensão dos cartões do transporte coletivo para idosos e estudantes;
- o transporte coletivo público urbano fica limitado em 70% (setenta por cento) da capacidade máxima permitida e as atividades terão horário de funcionamento das 5h00min às 23h00min.
Devido ao agravamento da situação, que coincidiu com o fim da eleição, o município promete intensificar a fiscalizar para cobrar o cumprimento das medidas. Nos últimos dias, parte da população estava até deixando de usar máscaras na Capital.
Marquinhos também deverá suspender o passe gratuito de idosos e estudantes a partir de segunda, como medida para reduzir a circulação de pessoas. O transporte coletivo deverá encerrar as atividades às 23h.
“Tomamos medidas recomendadas pelos diretores de hospitais e nossas equipes técnicas. Há um avanço e não pode ser subestimado. As medidas atendem as recomendações, preservando a saúde das pessoas, mas também a economia do nosso município”, afirmou Marquinhos.
Depois de recomendar o toque de recolher às 21h, Resende elogiou as medidas, por considera-las meio termo entre o ideal e o possível. Ele destacou que houve uma gestão entre as autoridades de saúde e os comerciantes.
As novas restrições vão entrar em vigor justamente no melhor período de vendas o comércio, que é o Natal. O secretário estadual de Saúde disse que a situação é muito preocupante e as medidas são necessárias para evitar o colapso no sistema público e privado de saúde.
Resende contou que há 504 pessoas internadas no Estado, contra 206 há três semanas. Nos últimos dias, a média diária de novos casos vem batendo a barreira de mil, sendo metade em Campo Grande.
Outro dado alarmante é que a maior parte da população com suspeita da covid-19 está tendo o resultado do exame dando positivo. A taxa de positividade tem oscilado entre 30% e 50% na Capital.
Em meio ao pânico, autoridades de vários países organizam o cronograma de vacinação da população. O Reino Unido começa a imunizar na próxima semana. No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) está mais preocupado na guerra ideológica com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
Apesar do Governo paulista comprar a vacina da China para aplicar a partir de janeiro, em Mato Grosso do Sul, não houve manifestação do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) em adquirir as doses para aplicar na população.