O juiz federal aposentado Odilon de Oliveira (sem partido) foi o grande fiasco desta eleição ao não conseguir a reeleição do filho, o vereador Odilon de Oliveira Júnior (PSD) após quase ser eleito governador do Estado dois anos antes. Além do magistrado, o ex-governador André Puccinelli (MDB), o procurador de Justiça Sérgio Harfouche (Avante) e o ex-secretário estadual de Infraestrutura, Marcelo Miglioli (SD), firam o capital político encolher na Capital.
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Deputado estadual, deputado federal, prefeito da Capital e governador do Estado por dois mandatos, Puccinelli perdeu cacife político em Campo Grande. Apesar da presença ostensiva no horário eleitoral e nas ruas, ele não conseguiu impulsionar a candidatura a prefeito do deputado estadual Márcio Fernandes (MDB).
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Sem condições de participar de um debate, o parlamentar fez o MDB ter um dos piores resultados da sua história na Capital ao obter apenas 3,01% dos votos válidos (12.522). Há dois anos, disputando o Governo, Junior Mochi (MDB) conseguiu 11,61% dos votos no Estado, sendo 53.574 apenas na Capital. Em 2018, Puccinelli não participou da campanha porque estava preso na Operação Lama Asfáltica.
Em 2016, o MDB não lançou candidato a prefeito. Em 2012, com o ex-deputado Edson Giroto, o partido chegou ao segundo turno e obteve 162.212 votos (37,45%). A cada dia, sem lideranças com potencial, o partido vê ficar mais longe o sonho de voltar ao comando do município, que governou por duas décadas, entre 1992-2012.
Ao ver o partido encolher na Capital, André pode ter mais dificuldade do que imagina na disputa do Governo em 2022. Antes, ele vai precisar de livrar das ações por corrupção na 3ª Vara Federal e na Justiça Estadual.
O juiz Odilon acabou repetindo o fenômeno Marina Silva (Rede), que ficou em 3º lugar na disputa presidencial de 2014, mas acabou perdendo para os nanicos em 2018. Após chegar ao segundo turno em 2018, quando disputo o Governo do Estado e obteve 616.422 votos, o magistrado priorizou a reeleição do filho na Capital.
De 2º vereador mais votado em 2016, quando conquistou 6.825 votos, Odilon Júnior naufragou neste ano ao conquistar apenas 1.534 votos. Em quatro anos, ele perdeu 77% dos votos. A derrota fragorosa não foi por falta de empenho de Odilon pai, que gravou mensagens pedindo votos e participou de adesivagens em defesa do filho.
Odilon também não foi feliz na escolha no interior. Ele foi a Três Lagoas para apoiar a candidatura de Fabrício Venturoli (Repu), que obteve apenas 22,26%. O prefeito Angelo Guerreiro (PSDB) foi reeleito com votação consagradora ao conquistar 63,92% dos votos válidos.
Harfouche acabou tropeçando na Justiça, sua própria área, e viu o número de votos despencar 70%. Há dois anos, como candidato a senador, ele conquistou 163.314 votos na Capital. Neste ano, com a candidatura indeferida pelo juiz Roberto Ferreira Filho e até pelo Tribunal Regional Eleitoral, que havia lhe dado aval para ser candidato há dois anos.
Com 48.094 votos, o Promotor Harfouche acabou sendo prejudicado pela incerteza sobre a validade da votação. Os adversários martelaram que a votação seria considerada nula.
Aliás, a decisão da Justiça foi duramente criticada pelo candidato do Avante. Em entrevista à Rádio Hora, Harfouche mostrou-se indignado com a Justiça Eleitoral sul-mato-grossense. “É espantoso, nós lutamos contra um sistema já´ enraizado nessa política velha. Um sistema que vai até dentro do judiciário. Ao meu ver, o grande ponto aqui foi um tribunal que rejeitou o recurso de um promotor de Justiça por ser promotor de justiça, mas ao mesmo tempo aprova e recebe o recurso de um traficante condenado por drogas, sendo traficante, se isso não é perversão de sistema, o que seria?”, questionou.
Ele fez referência ao prefeito de Aral Moreira, Alexandrino Garcia (PSDB), reeleito com mais de 40% dos votos, apesar de ter sido condenado a quatro anos e oito meses por tráfico internacional de drogas pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região e pelo Superior Tribunal de Justiça.
Marcelo Miglioli também encolheu nesta eleição ao ver a votação em Campo Grande cair 94,7% entre 2018 e 2020. Na disputa pelo Senado em 2018, com o apoio de Marquinhos Trad (PSD) e do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), ele obteve 96,4 mil votos. Sozinho na disputa deste ano, o candidato do Solidariedade amargou com 1,9% dos votos válidos (7.899).
Puccinelli, Odilon, Miglioli e Harfouche devem voltar à disputa nas eleições de 2022 e podem estar na chapa majoritária, como candidatos a senador ou governador. Pelo resultado de 2020, eles vão precisar de mais bala na agulha para superar os novos protagonistas da política sul-mato-grossense.