Com 24.966 habitantes e orçamento de R$ 119 milhões, Ribas do Rio Pardo vive a eleição mais acirrada dos últimos 16 anos. A disputa se mostra nas urnas, com recorde de seis candidatos a prefeito; em denúncia de atentado, com o portão da casa de candidata crivado de balas na reta final da campanha; e até num bolão com apostas em dinheiro sobre quem será vencedor amanhã (dia 15).
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Na corrida pela cadeira de prefeito, surgem veteranos, como João Alfredo (Psol), que sempre marca presença na disputa municipal e em 2018 tentou se eleger governador; e José Domingues Ramos (PSDB), o Zé Cabelo, ex-prefeito cassado, que coleciona denúncias de improbidade administrativa e acabou a eleição de 2018 preso por crime eleitoral.
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Neste ano, a disputa eleitora no município também tem Nilson Pereira de Góis (DEM), Fabiana Galvão (MDB), Marquinhos Teixeira (Solidariedade) e Tiago Friosi (PSD).
Na noite de terça-feira (dia10), a casa da vereadora Fabiana foi alvo de vários disparos de arma de fogo e o caso é investigado pela Polícia Civil. Na quinta-feira (dia 12), o Campo Grande News mostrou uma banca de apostas, com o vice-prefeito Luiz Carlos Dutra (PDT) dando lance de R$ 2 mil no bolão, convicto da vitória de Zé Cabelo.
Na reportagem, o advogado e ex-juiz eleitoral André Borges explicou que a prática não é ilegal. Luiz Carlos justificou que a brincadeira é normal no município, mas a jogatina desagradou eleitores que reclamaram nas redes sociais.
Candidato a prefeito de Ribas do Rio Pardo em 2004, 2012 e 2016, João Alfredo sempre ganha as manchetes pelo patrimônio. Em 2020, com bens declarados de R$ 7,2 milhões, é o mais rico na disputa.
Na eleição para governador em 2018, era o segundo com maior patrimônio informado à Justiça Eleitoral, só perdendo no quesito bens para o governador Reinaldo Azambuja (PSDB), que foi reeleito há dois anos.
Zé Cabelo acumula passagens pela prefeitura, com três mandatos a partir de 1997. Em 2002, acabou cassado por abuso de poder econômico, caracterizado com a distribuição de cestas básicas durante a campanha.
Foi realizada uma segunda eleição e Zé Cabelo, que obteve liminar para participar, venceu e reassumiu o cargo. Porém, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) cassou o registro da candidatura. Ele voltou a vencer nas urnas em 2012.
O ex-gestor foi denunciado pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) por contrato com empresa de transporte escolar sem licitação; dispensa de processo licitatório em contrato com empresa de segurança privada, registrada em nome de cozinheira da prefeitura; contratações irregulares de servidores e negligência em relação a prédio público.
O prefeito Paulo Tucura (DEM) poderia disputar a reeleição, mas desistiu do pleito. Ele também responde por várias ações de improbidade administrativa, conforme o site do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.
Um dos motivos pode ser o alto índice de rejeição do prefeito. De acordo com levantamento do Instituto Ranking, realizado entre 17 e 20 de outubro deste ano, 52,25% dos moradores de Ribas consideram a gestão de Tucura como ruim ou péssima. Aprovado por apenas 10%, o democrata decidiu apoiar o ex-secretário municipal de Obras na sua gestão, Nilson de Góis.
No ano passado, Tucura ignorou protesto da população e sancionou o reajuste de 28% no salário do prefeito, que passa de R$ 15.563,05 para R$ 19.920 a partir de janeiro de 2021. Apesar da crise financeira da cidade, o novo prefeito vai ganhar valor equivalente ao da Capital, Marquinhos Trad (PSD), que recebe R$ 21,2 mil.