A maior parte dos candidatos a prefeito concorda que o transporte coletivo da Capital, usado por aproximadamente 120 mil passageiros por dia, é ruim e caro. No entanto, para acabar com o caos, as propostas variam desde manter os programas atuais, como a implantação dos corredores exclusivos, que contam com R$ 144 milhões do Governo federal, a mudança de paradigma, como incentivar caminhada e uso de bicicleta, e até implantação de metrô, que exigirá investimentos bilionários com pouco retorno.
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A implantação de corredores exclusivos, em construção desde a gestão de Alcides Bernal (Progressistas), faz parte do programa de governo de Marquinhos Trad (PSD), Paulo Matos (PSC) e Vinicius Siqueira (PSL). O atual prefeito exalta que o novo modelo começa a sair do papel. O vereador defende a medida para elevar a velocidade dos ônibus.
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Márcio Fernandes (MDB) é o único a deixar claro que pretende rever o atual modelo dos corredores, que vem sendo duramente criticado por comerciantes e pela população pelos pontos de ônibus construídos do lado esquerdo da via. De acordo com o emedebista, ele pretende negociar com o ministério a adaptação dos corredores.
A revisão do contrato do Consórcio Guaicuruas, formado por empresas que atuam a décadas na Capital e se juntaram para vencer licitação polêmica em 2012, faz parte do programa de Cris Duarte (PSOL) e do Promotor Harfouche (Avante). “Não dá para deixar a população refém de pequeno grupo de grandes empresas que só pensam no lucro e oferecem serviço caro e de péssima qualidade”, critica a candidata.
Estimular a população a trocar o carro por caminhada, bicicleta e transporte coletivo faz parte das propostas de Marcelo Bluma (PV) e Marcelo Miglioli (SD). O candidato do PV defende a criação de novo paradigma, em que a população tenha incentivos para fazer caminhada, andar de bicicleta ou usar o ônibus urbano. No mesmo sentido, o ex-secretário de Infraestrutura pondera que o objetivo é reduzir o consumo de combustíveis fósseis.
Guto Scarpanti (Novo), Marquinhos e Kemp falam em ampliar as ciclovias e ciclofaixas. Dagoberto (PDT) propõe o aluguel de bicicletas e patinetes como opção ao uso de veículos particulares na Capital.
Alguns candidatos sonham alto, mesmo diante da falta de viabilidade orçamentária. O ex-presidente da Santa Casa, Esacheu Nascimento (Progressistas) defende a criação de nova modalidade de transporte, com a construção de metrô para garantir transporte rápido e com conforto aos passageiros dos bairros mais populosos. O quilômetro do metrô pode custar até US$ 150 milhões (R$ 811 milhões). Isso significa que até a Moreninha, o investimento seria de R$ 12 bilhões – quatro vezes o orçamento da Capital.
Dagoberto propõe o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), proposta que chegou a ser defendida por Nelsinho Trad (PSD) quando a Capital disputou com Cuiabá para ser uma das sede da Copa do Mundo de 2014. O projeto fracassou no estado vizinho e virou um monumento da corrupção entre o aeroporto e Cuiabá. O investimento pode chegar a R$ 270 milhões por quilômetro.
Vinicius Siqueira ainda promete incentivar outras opções de transporte para a população, como os aplicativos de transporte. Ele promete revogar a lei atual que impõe uma série de exigências e reduziu o número de motoristas em atividade na Capital. A expectativa é de que com maior oferta, o preço do aplicativo fique ainda mais barato.
Confira as propostas dos candidatos para o transporte coletivo:
Cris Duarte (PSOL)
A candidata promete abrir a “caixa preta” das empresas de ônibus”, porque a população não pode ser refém de um pequeno grupo de grandes empresas, que oferece serviço caro e de péssima qualidade. Outra prioridade será construir pontos de embarque e desembarque dentro ou próximo das comunidades indígenas.
Dagoberto Nogueira (PDT)
O pedetista quer criar a Agência Municipal de Transporte Coletivo e incentivar os transportes considerados alternativos. Como considera o atual valor de R$ 4,10 caro, Dagoberto quer rever a planilha de custo do transporte coletivo e impor limite no número de passageiros transportados por ônibus, para evitar superlotação e garantir maior conforto. Como opção, ele quer oferecer o serviço de locação de bicicletas e patinete.
Delegada Sidnéia Tobias (Pode)
A candidata quer priorizar ações de engenharia de tráfego, fiscalização, educação no trânsito e controle de análise de estatística. Sem definir como, Sidnéia promete incentivar o campo-grandense a usar o transporte coletivo.
Esacheu Nascimento (Progressistas)
Para garantir maior segurança aos usuários, ele vai colocar a Guarda Municipal para realizar patrulhamento nos terminais de transbordo. Esacheu prevê novo modal de transporte de massas, o metrô, que considera mais apropriado para garantir velocidade na locomoção e qualidade aos passageiros, principalmente, dos bairros mais populosos.
Guto Scarpanti (Novo)
O empresário pretende incentivar outras modalidades de transporte, como os aplicativos como Uber, Pop, 99, etc. Para facilitar a nova modalidade, ele quer simplificar as regras existentes. Guto quer ampliar as ciclovias e ciclofaixas na Capital. Outra prioridade será exigir o cumprimento do contrato de concessão pelo Consórcio Guaicurus. O candidato do Novo quer rever a gratuidade no transporte coletivo, para deixa-la apenas para quem realmente precisa.
Marcelo Miglioli (SD)
O candidato do Solidariedade quer promover o ciclismo, caminhada e o transporte coletivo para reduzir a utilização de combustíveis fósseis. Outra prioridade será dar preferência às linhas de ônibus nas obras de pavimentação e ruas e avenidas.
João Henrique Catan (PL)
O programa do candidato prevê a definição do Plano Diretor de Transporte Coletivo e Mobilidade Urbana melhor. João pretende padronizar os pontos de ônibus para garantir mais conforto e dignidade aos passageiros.
Márcio Fernandes (MDB)
O candidato promete transformar o transporte coletivo de Campo Grande em referência em eficiência de mobilidade urbana e sustentável. Fernandes promete nova licitação para o transporte coletivo na Capital, rompendo com o Consórcio Guaicurus. Ele também promete retomar projeto antigo de construir quatro novos terminais: Coophavila 2, Maria Aparecida Pedrossian, Gury Marques e Duque de Caxias.
Marcelo Bluma (PV)
O engenheiro promete fortalecer e ampliar o sistema de integração, que ficou suspenso praticamente todo este ano por causa da pandemia. Ele quer ainda usar a Agência de Regulação para modernizar a frota e ampliar o número de ônibus em circulação no horário de pico. Outra proposta é melhorar os salários dos funcionários das empresas de ônibus. Como parte da melhoria no sistema, Bluma quer mudar o paradigma, com incentivo à caminhada, bicicleta e transporte coletivo.
Marquinhos Trad (PSD)
O atual prefeito ressalta que pretende concluir os corredores do transporte coletivo, que começaram a sair do papel, e devem dar mais velocidade aos ônibus. Ele também quer concluir a reforma dos terminais, já em andamento, e incentivar o uso de bicicleta na Capital.
Paulo Matos (PSC)
O candidato quer implantar corredores do transporte coletivo e construir novos terminais, mas não especificou onde os novos pontos de integração serão implantados. Matos quer criar o serviço de inteligência nos processos de transporte coletivo de Campo Grande.
Pedro Kemp (PT)
O candidato do PT quer um transporte coletivo eficiente e acessível à população, principalmente de baixa renda. Ele quer rever o Plano Diretor de Transporte e Mobilidade Urbana. O deputado propõe estacionamentos em áreas estratégicas e adotar medidas para priorizar a área de uso exclusivo de pedestres. Ele também deseja ampliar as ciclovias e ciclofaixas na cidade.
Vinicius Siqueira (PSL)
O candidato do PSL quer concorrência no transporte coletivo público. Outra proposta é a implantação de corredores e faixas exclusivas de ônibus para elevar a velocidade e a eficiência dos ônibus. Siqueira quer revogar a atual lei dos aplicativos de transporte, para acabar com as regras e taxas, de forma a aumentar o número de motoristas e reduzir o preço do serviço à população com maior oferta. Ele quer realizar estudos para definir os nichos que podem ser explorados de forma a elevar a renda dos taxistas e moto-taxistas.
Promotor Harfouche (Avante)
Uma das prioridades será rever o Plano Diretor de Transporte e Mobilidade Urbana, com a participação de todos e focando no pedestre e nos motoristas de ônibus urbano. Ele criar setor de engenharia de tráfego. Outra proposta de Harfouche é fazer avaliação e revisão do contrato de concessão do transporte público.