Sem a participação do prefeito Marquinhos Trad (PSD) e do deputado estadual Márcio Fernandes (MDB), os candidatos a prefeito de Campo Grande trocaram farpas entre si e fizeram pesadas críticas aos meios de comunicação para se omitirem em discutir os problemas da cidade. Realizado pela Rede Brasil, o evento acabou tumultuado e teve duração de aproximadamente três horas e meia, após engolir o terceiro bloco.
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Além de provocar a fúria dos colegas, Vinicius Siqueira (PSL) colocou em dúvida a candidatura do Promotor Harfouche (Avante). Concorrente direto do procurador no bolsonarismo, ele fez questão de alertar que o procurador pode ter a candidatura cassada e ajudar a eleição de Marquinhos no primeiro turno com a anulação dos votos. Harfouche rebateu a suspeição do adversário e lamentou a insinuação. “Sou candidato, meus votos não vão ser anulados e vou estar no segundo turno”, rebateu.
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Mais audacioso em relação ao primeiro debate, realizado no dia 28 de outubro na Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação), o empresário Guto Scarpanti (Novo) foi certeiro em duas ocasiões. No confronto com o ex-presidente da Santa Casa, Esacheu Nascimento, que prometeu construir metrô para resolver o problema do transporte coletivo na Capital. O candidato alertou que a modalidade é inviável no município, que pode obter melhoria no transporte ampliando a oferta no transporte por aplicativos, vans escolares, táxi e moto-táxi.
Em outra frente, Guto criticou Dagoberto Nogueira (PDT), que prometeu construir hospital municipal para resolver problema na saúde pública. Ele alfinetou o pedetista destacando que a construção de mais um prédio não será a solução para a falta de remédios e médicos na rede municipal de saúde.
Beneficiado pelas regras do debate, Vinicius teve a sorte de tirar Márcio Fernandes, que faltou, e acabou ficando com o tempo da pergunta, resposta, réplica e tréplica. Além de falar sobre o trabalho na Câmara Municipal, que resultou nas ações contra a Flexpark, a Águas Guariroba e Consórcio Guaicurus, ele causou a fúria dos candidatos ao falar que os vereadores do Progressistas, Avante, Solidariedade, PT e PDT votaram contra a CPI do Ônibus e a favor da criação da taxa do lixo.
Kemp lamentou as críticas do candidato do PSL ao destacar que o debate era para a apresentação de propostas. Esacheu lembrou que Vinicius era do DEM, partido da base do prefeito. O vereador reagiu dizendo que sempre votou contra os projetos de Marquinhos no legislativo.
Os meios de comunicação foram duramente criticados por não realizar o debate e fazer cobertura favorável a atual administração. Ao responder questionamento de Kemp, Harfouche afirmou que a cidade está sem dinheiro porque parte expressiva estaria sendo investido em publicidade. Ele acusou a mídia de promover ataques contra a sua candidatura.
A administração de Marquinhos também foi alvo de críticas. “Há um desprezo com a periferia”, acusou Harfouche. “Temos duas Campo Grande. O Centro é um cartão postal, enquanto falta tudo na perifia, como asfalto, iluminação pública e serviços básicos”, lamentou o petista.
Dagoberto diz que houve repasse de R$ 100 milhões para o combate à pandemia da covid-19, mas acusou falta de gestão. Guto apontou piora na educação especial com a substituição dos professores capacitados por profissionais de ensino médio.
Marcelo Bluma (PV) propõe a revisão da tarifa de 80% do esgoto, que deve entrar em vigor nos próximos anos. “Vou chamar a Águas e mandar recapear onde houve corte do asfalto”, prometeu, lamentando que a Agência de Regulação não cumpre seu papel de fiscalização.
Com previsão de contar com quatro blocos, o debate teve três. A parte do confronto entre os candidatos com temas livres foi suprimida. O segundo bloco teve cinco direitos de respostas e cada candidato teve um extra de 45 segundos para fazer considerações.
O conceituado jornalista Hermano Henning acabou se atrapalhando no decorrer do debate. Inicialmente, ele tentou mudar a regra do debate. Também sempre esquecia de sortear o tema das perguntas. No entanto, todos os candidatos acabaram respeitando o tempo.
O ponto positivo prevaleceu o esforço da Rede Brasil MS de contribuir com a democracia em Campo Grande e proporcionar ao eleitor a oportunidade de conhecer melhor os candidatos a prefeito, suprindo a lacuna deixada pelas grandes redes, como TV Morena e SBT Brasil, que cancelaram o debate em decorrência da pandemia.
“Campo Grande está de parabéns por apresentar um nível tão alto de candidatos”, cumprimento Henning. O primeiro turno das eleições ocorrerá em nove dias, no dia 15 deste mês. Caso nenhum candidato obtenha 50% mais um voto, o segundo turno está previsto para o dia 29 deste mês.