O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) denunciou o vereador Ademir Santana (PSDB) junto com os empresários Jamil Name, 81 anos, e Jamil Name Filho, por extorsão armada e concurso de pessoas. Além da prisão, que podem superar 10 anos, eles podem ser condenados a pagar R$ 6,3 milhões às vítimas do suposto grupo de extermínio.
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Assinada por cinco promotores, a denúncia foi protocolada no dia 19 de outubro deste ano. Na quinta-feira (29), o juiz Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara Criminal, determinou o encaminhamento do processo para o juiz Olivar Augusto Roberti Coneglian, da 2ª Vara Criminal. A competência foi definida pela 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.
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A ação penal é mais um revés para o tucano, que disputa a reeleição de vereador em Campo Grande. No dia 10 do mês passado, ele foi alvo da Operação Snow Ball, denominação da 5ª fase da Omertà.
O MPE denunciou os empresários ainda por lavagem de dinheiro. Também foram denunciados o ex-guarda municipal Juanil Miranda Lima, que está foragido desde setembro do ano passado, Benevides Cândido Pereira, o Benê, e Euzébio de Jesus Araújo, o Nego Bel.
Esta denúncia revela a parte mais cruel dos integrantes da organização criminosa após as execuções. O empresário José Carlos de Oliveira chorou diante das câmeras ao contar que perdeu o patrimônio construído ao longo de quatro décadas e foi expulso de Campo Grande após se envolver com a família Name. Ele teria perdido em torno de R$ 3,9 milhões.
“Não se pode deixar de observar que as vítimas, mesmo tendo perdido a própria casa e sido obrigadas a deixar a cidade, somente se dispuseram a dar conhecimento de tais fatos às autoridades após a prisão de JAMIL NAME, JAMIL NAME FILHO e de outros integrantes da organização criminosa no âmbito da OPERAÇÃO OMERTÀ”, pontuam os promotores Gerson Eduardo de Araújo, Tiago Di Giulio Freire, Marcos Roberto Dietz, Thalys Franklyn de Souza e Pedro Arthur de Figueiredo.
“Ademais, não passou despercebido à Autoridade Policial que os cheques empregados pela vítima em toda a extensão dos fatos foram descontados ou trocados com pessoas físicas ou jurídicas que mantém estreitos vínculos ou negócios com a família NAME”, destacam.
Os cheques do empresário foram usados para comprar dois carros de luxo para Jamilzinho. Ele adquiriu duas BMW, uma M5 Sedan e outra M6 Gran Coupe, avaliados entre R$ 480 mil e R$ 515 mil.
Souza pegou três empréstimos com Name Filho, entre novembro de 2012 e outubro de 2013, que totalizaram R$ 280 mil. No início de 2015, o grupo criminoso levou o empresário até o QG do grupo, que era a casa de Jamil Name, e o obrigou a repassar terrenos avaliados em R$ 1 milhão. As ameaças foram feitas por meio de arma de fogo e um taco de beisebol com arame farpado.
“O denunciado JAMIL NAME, que avalizava toda a situação, ordenou que era para JOSÉ CARLOS DE OLIVEIRA ‘atender JAMILZINHO’, pois o ‘devia’, sendo que tudo isso ocorreu sob a escolta de EUZÉBIO DE JESUS ARAUJO, vulgo ‘NEGO BEL’, segurança dos denunciados JAMIL NAME e JAMIL NAME FILHO, e que ali se fazia presente para assegurar que tudo saísse conforme as exigências de seus patrões”, afirmam os promotores.
O tucano teria participado quando os Names tomaram a casa de José Carlos e da esposa, Andréia Flávio de Souza. De acordo com o Gaeco, o vereador era funcionário da família antes de ganhar o mandato na Câmara Municipal.
“Narra o procedimento de investigação em anexo que, em meados do ano de 2016, o denunciado JAMIL NAME FILHO, dentro da residência de JAMIL NAME, exigiu a própria casa de JOSÉ CARLOS DE OLIVEIRA, onde residia com sua família, a fim de servir de garantia do pagamento da dívida existente entre ambos. Ante a recusa de vítima de atender a referida ordem, JAMIL NAME FILHO apontou uma pistola para a cabeça de JOSÉ CARLOS DE OLIVEIRA e o ameaçou, dizendo: ‘não brinca comigo não, seu bosta’, momento em que estavam ali presentes o segurança da família EUZÉBIO DE JESUS ARAUJO (‘NEGO BEL’) e JAMIL NAME, o qual ratificou a ameaça ressaltando que a exigência deveria ser cumprida”, contam.
“Dias depois e após diversas ameaças feitas por meio de ligações telefônicas por JAMIL NAME FILHO contra JOSÉ CARLOS DE OLIVEIRA, o denunciado ADEMIR SANTANA DELMONDES, que trabalhava para a família NAME, foi até a residência da vítima a mando de seus patrões JAMIL NAME eJAMIL NAME FILHO. Em seguida, o denunciado ADEMIR SANTANA DELMONDES determinou que JOSÉ CARLOS DE OLIVEIRA e sua esposa deveriam acompanhá-lo até casa de JAMIL NAME, o que foi feito ante a ameaça velada ocorrida naquele momento”, destacaram.
Inicialmente, o empresário foi obrigado a transferir a residência para a família Name. Em seguida, ele foi obrigado a deixar a casa com a família e sair de Campo Grande, conforme o relato feito aos promotores.
O recebimento da denúncia vai ser analisado pelo juiz Olivar Augusto Coneglian, da 2ª Vara Criminal. Neste caso, o Garras chegou a pedir a prisão do tucano, mas foi negado pelo juiz Marcelo Ivo de Oliveira, da 7ª Vara Criminal.
Em nota divulgada no mês passado, Ademir Santana disse que confia em Deus, no trabalho da polícia e da Justiça. “Nunca fui motorista (da família Name) e tampouco pratiquei os crimes que estão alegando”, afirmou. Na oportunidade, ele disse que estava a “disposição para qualquer esclarecimento e com a consciência limpa”.