O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) praticamente desapareceu da campanha tucana e dos candidatos aliados. Denunciado por liderar organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro no Superior Tribunal de Justiça, ele é considerado ruim ou péssimo por 41% dos eleitores da Capital. Com o filme queimado no Ibope, o tucano decidiu tirar “férias” na reta final das eleições.
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Na penúltima semana da campanha eleitoral, o tucano comunicou à Assembleia pedido de licença por quatro dias, de hoje (3) até sexta-feira (6), e transferiu o cargo para o vice-governador Murilo Zauith (DEM). Na mensagem, o governador informa que pode se ausentar do País.
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“Trata-se de ofício encaminhado pelo Excelentíssimo Senhor Governador do Estado, Reinaldo Azambuja Silva, comunicando à Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso do Sul – ALEMS que estará licenciado do exercício de suas funções, de 3 a 6 de novembro de 2020, podendo ausentar-se do País, período em que a chefia do Poder Executivo será exercida pelo Vice-Governador do Estado, Senhor Murilo Zauith”, informou o presidente da Assembleia, Paulo Corrêa (PSDB).
O motivo do afastamento de Reinaldo é um mistério. O governador em exercício, que começou uma maratona de inspeção de obras no interior do Estado, jura não saber o motivo da licença.
Em fevereiro deste ano, Reinaldo viajou à Argentina para pescar e não comunicou o afastamento do cargo. Na ocasião, causou polêmica porque o tucano decidiu pescar no horário do expediente, inclusive com secretários estaduais, simulando que estavam trabalhando normalmente na Governadoria.
O espanto não é com a formalidade, mas o afastamento do cargo justamente na reta final das eleições. O PSDB aposta alta na campanha deste ano como parte da estratégia para pavimentar a candidatura de Reinaldo a senador ou a deputado federal em 2022, de forma a manter o foro privilegiado.
O desgaste de Reinaldo começou em junho, quando o jornal O Globo notificou a conclusão do inquérito 1.190 pela Polícia Federal. Reinaldo e o filho, Rodrigo Souza e Silva, foram indiciados por corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro. No dia 15 do mês passado, a subprocuradora-geral da República, Lindôra de Araújo, denunciou o grupo pelo suposto recebimento de R$ 67,791 milhões em propinas da JBS e de terem causado prejuízo de R$ 209,7 milhões aos cofres públicos.
Mesmo com os principais jornais, portais e emissoras de televisão minimizando o escândalo, o governador sumiu da campanha dos candidatos tucanos e aliados na Capital e no interior. Reinaldo se tornou um cabo eleitoral negativo na campanha.
Confira o Ibope de cada um
Avaliação | Bolsonaro | Reinaldo | Marquinhos |
Ótima | 22% | 4% | 16% |
Boa | 25% | 18% | 37% |
Regular | 20% | 36% | 33% |
Ruim/Péssima | 32% | 41% | 13% |
Fonte: Ibope/TV Morena |
Com o maior cacique afastado, o PSDB vem mantendo a liderança nas principais cidades, como Corumbá com Marcelo Iunes, em Ponta Porã, com Hélio Pelufo, e em Três Lagoas, com Angelo Guerreiro. O tucano foi substituído pelo secretário estadual de Governo, Eduardo Riedel, e pelo presidente da Assembleia, Paulo Corrêa.
A pesquisa do Ibope na Capital pode explicar, em parte, o motivo do sumiço do governador. De acordo com o levantamento entre os dias 28 e 30 de outubro deste ano, 41% dos campo-grandenses avaliam a gestão de Reinaldo como ruim ou péssima. O índice permanece estável, já que estava em 42% no dia 16 de outubro.
A avaliação positiva, ótima ou boa, caiu e 26% para 22%, enquanto a regular passou de 30% para 36%, conforme o Ibope. Entre os homens, o índice de ruim/péssimo caiu de 50% para 48%, enquanto entre as mulheres passou de 34% para 35%.
A desaprovação do tucano subiu cinco pontos percentuais entre os eleitores com nível superior, de 42% para 47%, conforme o Ibope. O índice ficou estável no nível médio, mas caiu 12 pontos entre os eleitores com nível fundamental, de 38% para 26%. Entre os ricos, 49% avaliam o tucano com ruim ou péssimo, enquanto entre os mais pobres, apenas 26%.
Candidato à reeleição, Marquinhos Trad (PSD) é aprovado por 53% dos eleitores, sendo 37% de bom e 16% de ótimo. 33% avaliam a gestão municipal como regular, enquanto 13% a reprovam.
A administração do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem a aprovação de 47%, sendo 22% de ótimo e 25% de bom. Já 20% o consideram regular, enquanto 32% o classificam como ruim/péssimo.
Apesar de bem avaliado, Bolsonaro também não é exibido por nenhum candidato no horário eleitoral nem nas redes sociais. Apesar de ser considerado um bom cabo eleitoral, o presidente da República está sumido da campanha na Capital.