Briga interna por verba para campanha de vereador do PT terminou em barraco envolvendo o deputado estadual Pedro Kemp e a candidata a vereadora, Karla Canêpa, que se apresenta como representante de um coletivo formado por dez pessoas. Além de vídeo viralizar nas redes sociais, a briga deve terminar na polícia, já que a candidata teria ido fazer boletim de ocorrência na Delegacia da Mulher.
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A ira do petista, que exigiu retratação da candidata aos berros, dividiu a esquerda na Capital e desgastou a candidatura de Kemp, que aparece bem pontuado nas pesquisas e em condições de disputar o segundo turno. A briga ocorreu na tarde de terça-feira (27), mas teve ampla repercussão ontem com a postagem do vídeo no Facebook pelo irmão da candidata, Thiago Canêpa Amorim.
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O PT não é o primeiro adversário do prefeito Marquinhos Trad (PSD) a ficar rachado pelas disputas internas. O PSL travou guerra homérica pela vaga entre o deputado federal Loester Trutis e o vereador Vinicius Siqueira. A briga ganhou os jornais. O vereador conseguiu viabilizar a candidatura, mas conta com forte oposição interna de Tio Trutis.
A briga petista começou com discussão no grupo de aplicativo dos candidatos do partido. Karla se queixou da distribuição de R$ 122 mil do fundo eleitoral entre oito concorrentes. Ela acusou Kemp de “demagogo”.
Professora diz que não recebeu do diretório petista
A candidata a vereadora Professora Eugênia Portela (PT) negou que tenha recebido R$ 10 mil do diretório estadual do PT, como consta na tabela. Ela informou que o valor é doação própria, como consta no site do TSE.
De acordo com o universitário Jeferson Vasquez, 26 anos, um dos integrantes do coletivo, Karla cobrou porque o deputado prometeu oportunidades iguais aos 43 candidatos a vereador. Ele insistiu para a candidata se retratar, mas ela se recusou e foi tirar satisfações pessoalmente no comitê do grupo.
No vídeo editado pelo irmão de Karla, Thiago Amorim, Kemp parece exaltado e, aos gritos, insiste pela correção. “Não sou eu que distribuo dinheiro no PT”, brada. “Eu não estou privilegiando candidato”. “Você é uma irresponsável, você vai retirar essas palavras que você colocou no grupo”. “Cínica, você é uma cínica”, gritou o petista.
Em nota, o deputado admitiu a treta. “Ciente das acusações inverídicas e difamatórias da candidata, após tentativa frustrada de diálogo via telefone, avisei sua assessoria que iria ao seu encontro. Dirigi-me ao seu comitê eleitoral, local público e onde a mesma se encontrava com seus assessores, com o objetivo de esclarecer a verdade. Exaltei-me diante das más intenções da candidata, que reafirmava suas falsas acusações, pois durante toda minha vida pública nunca aceitei injustiças”, afirmou Kemp, em nota à imprensa.
“Após feitos os esclarecimentos, inclusive que da parte dos recursos que me cabia opinar fiz a defesa da distribuição igual para todos, pedi desculpas a ela e a todos os presentes pela forma como reagi às suas acusações”, afirmou. Os integrantes do coletivo confirmaram, na tarde de hoje, que o petista pediu desculpas antes de deixar o local.
No entanto, a história virou a principal notícia das eleições municipais desta quinta-feira. Até tradicionais aliados do PT divulgaram nota condenando o deputado. “Violência contra as mulheres é crime e nossa luta contra o machismo continua sempre e essa é de verdade!”, divulgou o PDT, de Dagoberto Nogueira, que disputa vaga no improvável segundo turno com Kemp.
A repercussão levou a candidata Karla Canêpa a registrar boletim de ocorrência contra Kemp por agressão na Delegacia da Mulher. “Ela está com bastante medo”, justificou Jefferson. Curiosamente, Karla e Kemp atuam há mais de 20 anos em defesa dos direitos humanos.
Filiada ao PT há cinco anos, Karla se apresenta como candidata de coletivo que inclui pai de santo, mulher negra, profissional do sexo e moradora de favela, entre outros. No caso de ser eleita, o salário de vereadora, os cargos e a verba indenizatória ficariam com a candidata, que manteria o compromisso de apresentar projetos e reivindicações do coletivo.
De acordo com o Campo Grande News, este não é a primeira polêmica protagonizada por Karla. Em 2016, ela acusou Paulo Pedra, então vereador do PDT e hoje no MDB, de lhe ter deixado dívidas na Revista Love. Thiago Canêpa Amorim, o irmão do vídeo, era assessor parlamentar do pedetista e teria lhe negado ajuda, conforme o site.
Professor, filósofo, psicólogo e mestre em Educação, Kemp sempre foi filiado ao PT e está no 6º mandato de deputado estadual. Ex-secretário estadual de Educação, ele sempre cultuou a fama de pessoa calma e controlada. Integrante da ala esquerda do partido, o deputado é católico praticante e disputa um cargo executivo pela primeira vez.
Com o PSL brigando na Justiça e o PT se digladiando na delegacia, Marquinhos Trad segue a campanha com o objetivo de ganhar no primeiro turno. Invertendo o ditado popular, o prefeito não precisa de amigos, com os inimigos que estão na atual campanha.