A denúncia do Ministério Público Federal derrubou a popularidade do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) em Campo Grande. Conforme pesquisa do Ibope, feita entre os dias 14 e 16 deste mês, 42% dos eleitores avaliam a gestão do tucano com ruim ou péssima, contra apenas 26% que a consideram ótima ou boa. Entre os homens, a reprovação chega a 50%.
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Acusado de receber R$ 67,791 milhões em propinas da JBS, de liderar organização criminosa e de lavagem de dinheiro a um mês da eleição, Reinaldo acabou se tornando o pior cabo eleitoral. Há candidato que até pede para substituir a foto em que aparece ao lado do tucano para não ser prejudicado na disputa.
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De acordo com o Ibope, 17% classificam a administração de Reinaldo como ruim, enquanto 25% a classificam como péssima. Apenas 5% o consideram como ótimo, enquanto 21% como bom. Regular foi apontado por 30%.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é aprovado por 45% dos campo-grandenses, enquanto 34% o consideram ruim e péssimo e 20%, regular. Mais popular ainda, Marquinhos Trad (PSD), que disputa a reeleição, é aprovado por 52%, enquanto 31% o avaliam como regular e 16%, como ruim e péssimo.
A rejeição maior de Reinaldo está entre os eleitores do sexo masculino. Entre os homens, 50% o consideram ruim e péssimo, enquanto apenas 21% o avaliam como bom e ótimo. Entre as eleitoras, o tucano obtém aprovação de 31%, mas ainda assim o índice de desaprovação é maior, 34%.
Por nível de escolaridade, a rejeição do tucano é maior entre os eleitores com nível médio, onde 46% o classificam como ruim e péssimo, contra 21% de aprovação. Entre os campo-grandenses com nível superior, o tucano obteve 42% de ruim e péssimo.
A situação é melhor entre os menos instruídos. Há empate entre os eleitores com nível fundamental sobre a gestão tucana: 38% avaliam como ótima e boa e o mesmo percentual avaliam como ruim e péssima.
Gestor | Ótima/ Boa | Regular | Ruim/ Pésimo |
Reinaldo Azambuja (PSDB) | 26% | 30% | 42% |
Jair Bolsonaro | 45% | 20% | 34% |
Marquinhos Trad (PSD) | 52% | 31% | 16% |
Fonte: Ibope/TV Morena |
A situação do governador não é pior porque a maior parte dos jornais, sites e emissoras de televisão fizeram divulgação protocolar e quase escondida da denúncia do esquema criminoso de concessão de incentivos fiscais em troca de propina. Com exceção de O Jacaré e do Midiamax, quase nenhum meio deu detalhes das 351 páginas da denúncia protocolada no dia 14 deste mês pela subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo.
Apesar do prejuízo de R$ 209 milhões aos cofres estaduais, a maior parte dos meios de comunicação optou em priorizar a resposta do governador, que classificou a denúncia como “coleção de equívocos”.
Por outro lado, nenhum político decidiu vir a público para sair em defesa de Reinaldo. Nem os tucanos mais aplumados usaram as redes sociais ou os meios de comunicação para minimizar a denúncia do Ministério Público Federa.
Ao Midiamax, o vice-governador Murilo Zauith (DEM) afirmou estar preparado para assumir o cargo em caso de afastamento. Pela regra constitucional, o STJ pode afastá-lo do cargo por 180 dias ao aceitar a denúncia feita pela subprocuradora-geral da República. Neste caso, Reinaldo ficaria fora da Governadoria e enfrentaria o julgamento sem a força da caneta e do cargo.
Ao contrário dos últimos anos, a Corte Especial do STJ não tem passado a mão em governadores acusados de corrupção. Em novembro de 2018, o órgão mandou prender o governador Luiz Fernando Pezão (MDB), do Rio de Janeiro, acusado de receber R$ 30 milhões por meio de caixa dois. Reinaldo é acusado de receber R$ 67,791 milhões.
Neste ano, o STJ afastou o governador Wilson Wiltzel (PSC) foi afastado do cargo no dia 28 de agosto deste ano por ter cobrado R$ 50 milhões em vantagens indevidas nas ações destinadas ao combate à pandemia da covid-19.
O relator da Operação Vostok no STJ é o ministro Felix Fischer. Ele deverá determinar prazo para as defesas se manifestarem antes de encaminhar o caso para análise da Corte Especial.