Candidatos a governador do Estado em 2018, Marcelo Bluma (PV) e João Alfredo (PSOL) esperam condenação exemplar de Reinaldo Azambuja (PSDB) na Operação Vostok caso haja provas da sua culpa nos crimes de chefe de organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Três adversários na época – Junior Mochi (MDB), juiz Odilon de Oliveira (sem partido) e Humberto Amaducci (PT) – foram procurados, mas não se manifestaram sobre a denúncia feita pelo Ministério Público Federal.
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Conforme a subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, Reinaldo teria recebido R$ 67,791 milhões em propina da JBS. O suposto esquema criminoso causou prejuízo de R$ 209,750 milhões aos cofres estaduais em 2015 e 2016. Ela pede a condenação do governador à prisão, perda do cargo e a devolver R$ 277,5 milhões aos cofres públicos.
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“Só tenho a lamentar que isso só ocorra agora”, afirmou João Alfredo, que é candidato a prefeito de Ribas do Rio Pardo. “Ele (Reinaldo) batia no peito e dizia eu sou inocente”, relembrou, sobre a disputa do Governo há dois anos. “A denúncia demonstra o que nós já sabíamos, a presença dos irmãos (Joesley e Wesley) Batista na Governadoria e um esquema pesado de desvio de recursos públicos, comprometendo a saúde e a educação de nossos filhos”, afirmou.
Alfredo acredita que a “condenação é certa” no Superior Tribunal de Justiça. “Vai ser demonstrado quando for condenado (que era o chefe da organização criminosa), esperamos a condenação”, afirmou o advogado.
Bluma avaliou que a denúncia da subprocuradora-geral da República parece “muito consistente, com muitos indícios e séria”. Ele relembrou que nos debates em 2018, ele questionou o governador sobre as isenções fiscais. “São muito nebulosas e merecem auditoria”, defendeu.
“Espero que a ação faça justiça”, ressaltou, sobre a denúncia contra o governador no STJ. “Se o Reinaldo cometeu todos esses crimes, seja punido exemplarmente para dar exemplo para a sociedade sul-mato-grossense”, defendeu.
Candidato a prefeito da Capital, Bluma disse que a coisa pública precisa ser gerida com clareza, honestidade e transparência. “É preciso fazer justiça considerando a dificuldade que temos para pagar os impostos”, afirmou. Ele ainda defendeu auditoria nos contratos de informática milionários, que classificou como “negócio da China”.
Principal adversário de Reinaldo em 2018 em decorrência da fama como magistrado no combate ao crime organizado, o juiz Odilon foi procurado para falar da denúncia, mas não se manifestou. O mesmo ocorreu com Junior Mochi e Amaducci, que integra o PT, de oposição e é candidato a prefeito de Mundo Novo.
Os deputados estaduais candidatos a prefeito da Capital também foram procurados. “Em função do deputado Marcio Fernandes não ter acesso aos autos do processo, o impede de formar opinião em relação a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), contra o governador de Mato Grosso do Sul Reinaldo Azambuja”, informou a assessoria, apesar da denúncia estar disponível no site do MPF e o emedebista ter como tarefa, no papel de deputado, fiscalizar as ações do governador.
O silêncio também foi a postura adotada por outros dois deputados. João Henrique Catan (PL) informou que não se manifestaria. Já Pedro Kemp (PT) ignorou as mensagens e não deu retorno.
Reinaldo reagiu com indignação à denúncia e acusou o Ministério Público Federal de promover uma “coleção de equívocos”, conforme entrevista dada ao Campo Grande News para apresentar sua versão. Apesar da promotoria ter acrescentado quebra de sigilos telefônico, telemático e bancário, ele acusou o órgão de se basear apenas na delação premiada da JBS.