Crítico ferrenho dos velhos costumes da política brasileira, o candidato a prefeito de Campo Grande, procurador de Justiça Sérgio Harfouche (Avante) surpreendeu os correligionários ao lançar a candidatura do filho de 21 anos a vereador da Capital. Homônimo do pai, o decorador tem grande chance de ser o mais votado ao ser beneficiado na disputa dos companheiros de sigla.
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Fã do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), como o pai, o jovem completará 22 anos em 17 de dezembro deste ano e é crítico ferrenho do PT nas redes sociais. Ele também compartilhou críticas aos alertas feitos sobre a gravidade da pandemia do coronavírus.
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Em uma postagem, defendeu a carreata na Avenida Afonso Pena pela retomada da atividade econômica na Capital no fim de março deste ano. “E o pessoal criticando a ‘carreata de luxo na Afonso, não é só o empresário que se dá mal parado, ele é o q menos se ferra na vdd. Mesmo assim tanto o funcionário quando o emper´sario dependem um do outro”, afirmou.
Harfouche saiu em defesa da candidatura do herdeiro. “Não planejei isso, mas também não vejo problema algum na decisão dele. Ele apenas decidiu, por vontade própria, nesse momento colocar-se à disposição do partido e entrar nesta empreitada”, explicou.
“O que faz a velha política são os filhos repetirem as falcatruas dos pais. Sérgio Harfouche Filho tem sua identidade própria, foi educado sob preceitos e valores de honestidade e faz escolhas por si mesmo”, justificou o promotor Harfouche.
Na fase de pré-campanha, Harfouche apontou como principal motivo para ser candidato a vontade de se apresentar como opção à velha política na Capital. No entanto, ao lançar Harfouche Filho como candidato a vereador na sua segunda participação em eleições, ele segue o exemplo de outros políticos brasileiros, que apostaram nos filhos.
Um deles é o próprio presidente Bolsonaro, que também se apresentou como integrante da nova “política”. Ele tem filhos como vereador do Rio de Janeiro (Carlos), deputado federal (Eduardo) e senador da República (Flávio).
O Brasil é famoso pelas oligarquias controlarem a política. Em Alagoas, o senador Renan Calheiros (MDB) apostou as fichas no filho, o atual governador do Estado, Renan Filho (MDB). No Pará, Jader Barbalho (MDB) tem o filho, Heder Barbalho (MDB), como governador. No Maranhã, José Sarney conseguiu eleger a filha, Roseana Sarney, e o filho, Zequinha Sarney.
No Mato Grosso do Sul, Pedro Pedrossian conseguiu eleger o filho, Pedro Pedrossian Filho, o Pepê, para um único mandato de deputado federal. Londres Machado (PSD), no 11º mandato de deputado estadual, tentou emplacar os filhos. Guy Machado foi vereador por um mandato, enquanto a filha, Grazielle Machado, conseguiu ser vereadora da Capital e deputada estadual.
A família Trad também tem vários representantes eleitos, como o prefeito da Capital, Marquinho, que disputa a reeleição. Os irmãos estão em Brasília: Nelsinho, é senador e Fábio está na Câmara dos Deputados. O sobrinho, Otávio Trad, é vereador e está em busca da reeleição.
O juiz Odilon de Oliveira abriu mão da disputa deste ano para ajudar na reeleição do filho, o vereador Odilon Júnior (PSD). Ele tinha condições de disputar a prefeitura após o resultado das eleições de 2018, quando disputou o segundo turno com Reinaldo Azambuja (PSDB) e conquistou 670 mil votos.
O tempo passa, os políticos se reinventam e a política brasileira segue velha.