Com uma frota de sete aviões, contando o sucatão de R$ 3,2 milhões comprado no ano passado de Santa Catarina, o Governo do Estado não conseguiu realizar o sonho de transplante de rim de Eliete Contini da Silva. Devido à falta de voo disponível para Curitiba (PR), onde houve a disponibilização de órgão compatível, ela perdeu a oportunidade, que pode lhe custar a vida.
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A história foi revelada nesta sexta-feira pelo jornal Midiamax. Inicialmente, após estar de malas prontas para receber o novo rim, a paciente foi informada de que a única aeronave disponível para leva-la ao Paraná estava com o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) em São Paulo.
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Como não havia voo comercial disponível no horário, Eliete perdeu a chance de receber o rim. O Hospital Angelina Caron, em Curitiba, destinou o órgão para outro paciente na fila. A coordenadora da Central de Transplante, Claire Miozzo, confirmou a perda do rim por falta de aeronave.
“No caso em questão, a paciente enviou o documento de comprovação de transplante às 10h43. Os voos comerciais disponíveis para Curitiba eram às 11h e 17h. Não havendo tempo hábil entre a solicitação e a disponibilidade de voo comercial para a chegar a tempo para o transplante”, confirmou a profissional, que atua no setor há décadas.
Eliete contou que não conseguiu o voo comercial porque não havia assento disponível. No voo das 17h, ela contou que não daria tempo para chegar a tempo da cirurgia. Em Mato Grosso do Sul, há 300 pacientes na fila de transplante de rim.
A denúncia colocou o Governo do Estado em apuros. O Midiamax publicou a perda do rim às 14h59 desta sexta-feira (4). Por cinco horas, prevaleceu a história de que a mulher perdeu o órgão porque o avião estava em São Paulo com o governador do Estado.
Somente às 20h10, cinco horas depois, o Governo conseguiu apresentar outra versão para o uso da aeronave. De acordo com o site, o avião foi a São Paulo para transportar os testes da covid-19. Reinaldo teria cumprido compromissos na Governadoria, como audiência com o trade turístico e com o relator do Orçamento da União, senador Márcio Bittar, do Acre.
No entanto, a matéria sobre a visita do acreano só foi postada no site do Governo na quinta-feira à tarde (veja aqui). O problema com a falta de aeronave ocorreu no dia anterior, quarta-feira (2).
O Governo não informou onde estavam as outras aeronaves na quarta-feira. O Midiamax questionou se alguma teria condições de levar a paciente a Curitiba, mas não houve esclarecimento da Casa Militar.
No início do ano passado, em entrevista ao Campo Grande News, o Governo tinha informado que tinha seis aviões e um helicóptero em boas condições de uso. Em julho, Reinaldo ainda comprou um jatinho usado, com nove lugares e fabricado em 1989, que foi vendido por R$ 3,2 milhões pelo Governo de Santa Catarina.
Apesar de ter custado uma fortuna aos cofres públicos, o sucatão catarinense acabou não sendo útil para ajudar a moradora de Mato Grosso do Sul a receber um novo rim, principalmente, considerando a dificuldade em encontrar um órgão compatível.
Outra opção seria o fretamento de uma aeronave para levar a mulher a Curitiba. De acordo com o Portal da Transparência, mesmo depois de gastar uma fortuna com o jatinho de SC, o Governo gastou 373,9 mil neste ano com táxi aéreo. No ano passado, houve o desembolso de R$ 380,9 mil. A maior parte dos recursos usados é do Fundo Especial de Saúde.