O juiz Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara Criminal de Campo Grande, determinou o sequestro de R$ 205,7 milhões de 11 pessoas e sete empresas na ação penal sobre o suposto pagamento de propina pela JBS ao grupo de André Puccinelli (MDB). O maior montante bloqueado, R$ 77,7 milhões, será do ex-governador, conforme despacho publicado nesta sexta-feira (4).
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O magistrado já tinha aceitado a denúncia contra os 11 acusados de integrar a organização criminosa. Na prática, Ferreira Filho ratificou, mas reduziu o bloqueio decretado pelo juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira, da 3ª Vara Federal de Campo Grande, que era de R$ 380 milhões.
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Esta ação chegou a ter o início do julgamento do emedebista marcado pela Justiça Federal. No entanto, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região interveio, suspendeu a audiência de instrução prevista para o dia 23 de abril do ano passado e determinou o encaminhamento da denúncia para a justiça estadual.
Os promotores de Justiça Adriano Lobo Viana de Resende, Marcos Alex Vera de Oliveira e Humberto Lapa Ferri mantiveram a denúncia protocolada na Justiça Federal pelo procurador Davi Marcucci Pracucho. No mês passado, o juiz recebeu a denúncia contra o ex-governador.
Segundo a denúncia, a JBS pagou propina de 20% a 30% em troca de benefícios fiscais, que e livravam de pagar tributos ao Estado de Mato Grosso do Sul. O pagamento teria ocorrido por meio de repasses em espécie, doações oficiais para campanhas eleitorais e pagamento de notas fiscais frias.
Delatores da JBS revelaram que o operador do esquema até dezembro de 2013 foi Ivanildo da Cunha Miranda, que teve R$ 16,4 milhões bloqueados. Primeiro delator da Operação Lama Asfáltica, o empresário confirmou as acusações e deu mais detalhes de como funcionava o repasse ao ex-governador, como entrega em caixas de isopor e distribuição entre os aliados nas campanhas eleitorais.
O ex-secretário-adjunto estadual de Fazenda, André Luiz Cance, que teria substituído Ivanildo como operador do ex-governador, teve R$ 39,9 milhões bloqueados pela Justiça estadual. O empresário João Amorim, que também ficou preso por um ano e 21 dias na Operação Lama Asfáltica, terá R$ 10,5 milhões indisponíveis pela Justiça.
Confira os valores bloqueados
Nome | Valor (R$) |
André Puccinelli | 77.711.036,19 |
André Luiz Cance | 39.915.227,00 |
João Amorim | 10.500.143,00 |
André Puccinelli Jr. | 3.506.891,40 |
João Paulo Calves | 3.506.891,40 |
Jodascil Gonçalves Lopes | 2.306.893,40 |
Micherd Jafar Júnior | 4.942.084,95 |
João Roberto Baird | 6.501.462,33 |
Antônio Celso Cortez | 5.968.797,73 |
João Maurício Cance | 4.963.243,96 |
Ivanildo da Cunha Miranda | 16.463.906,53 |
Total | 176.286.577,89 |
Empresas | |
Proteco Construções | 10.500.143,00 |
Gráfica Alvorada | 3.862.084,95 |
Gráfica Jafar | 2.080.000,00 |
Mil Tec Tecnologia | 660.866,14 |
Itel Informática | 5.930.569,19 |
PSG Tecnologia Aplicada | 1.458.042,73 |
Congeo Ambiental | 4.963.243,96 |
Total | 29.454.949,97 |
Onze empresas acusadas de emitir notas fiscais frias para esquentar a propina paga ao ex-governador tiveram R$ 29,4 milhões bloqueados, sendo que metade, R$ 10,5 milhões, são da Proteco. A empreiteira de Amorim simulava locação de máquinas para legalizar a propina destinada a Puccinelli.
“Informou que as empresas Proteco que tem como sócios Elza Cristina e João Amorim -, Gráfica Jafar, Gráfica e Editora Alvorada ambas de propriedade de Micherd Jafar -, Instituto Ícone de Ensino de propriedade de Jodascil Gonçalves Lopes e João Paulo Calves, supostos testas de ferro de André Puccinelli Júnior teriam emitido notas frias para pagamento de propina ao ex-governador com o auxílio dos proprietários e sócios mencionado”, detalhou o magistrado, no despacho em que recebeu a denúncia.
Este é o segundo bloqueio do grupo em decorrência do suposto pagamento de propina pela JBS. Em ação por improbidade administrativa, o juiz José Henrique Neiva de Carvalho e Silva, da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, determinou o bloqueio de R$ 190 milhões.
No entanto, os réus foram salvos pelo desembargador Geraldo de Almeida Santiago, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, que concedeu efeito suspensivo porque o Justiça Federal tinha bloqueado R$ 380 milhões.
Do total bloqueado, Puccinelli vinha realizando saque mensal de R$ 18,5 mil por mês. No entanto, a mesada foi suspensa em novembro de 2018 pelo juiz Ney Gustavo Paes de Andrade, em substituição na 3ª Vara Federal.
No primeiro semestre deste ano, o juiz Roberto Ferreira Filho se sensibilizou com os argumentos do ex-governador e autorizou a volta do saque de R$ 18,5 mil. No entanto, o juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira negou o pedido, porque os bens estavam bloqueados em outras ações da Operação Lama Asfáltica.
No mês passado, o desembargador Paulo Fontes, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, autorizou o saque, mas reduziu o valor para R$ 10 mil. A 5ª Turma deverá analisar a liminar neste mês.