Campo Grande confirmou 520 casos da covid-19 neste domingo (2), batendo o recorde deste dia e registrando o 3º maior número em 24 horas no dia seguinte ao afrouxamento das regras pelo prefeito Marquinhos Trad (PSD). Em meio ao acirramento da divergência entre Governo e prefeitura, agora também há divergência expressiva nos dados divulgados pelas secretarias de Saúde do Estado e do município.
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Nesta segunda-feira (3), o Estado informou 10.683 diagnósticos positivos e 147 mortes pela covid-19 na Capital. Apesar do boletim estadual ter sido fechado às 19h, há diferença de 421 casos a menos em relação ao número divulgado duas horas antes pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), já confirmou 11.104 testes positivos às 17h de ontem (2). Por outro lado, o município divulgou três óbitos a menos, 144.
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De acordo com a prefeitura, foram confirmados 520 novos casos da doença ontem, recorde aos domingos. Com base nos boletins municipais, este número é o terceiro maior registrado em 24h na Capital, só atrás dos 771 e 541, registrados, respectivamente, nos dias 22 e 21 de julho deste ano.
A explosão de casos ocorre após o fim de medidas mais restritivas e do mini lockdown imposto por 15 dias, que incluiu a abertura do comércio das 9h às 17h e a lotação de apenas 30% da capacidade. Desde sábado, a prefeitura autorizou a abertura das lojas, ampliou a lotação para 50% e o toque de recolher começa mais tarde, às 21h.
Veja as diferenças nos números da Capital
Campo Grande | Estado | Município |
Casos | 10.683 | 11.104 |
Mortes | 147 | 144 |
O Jacaré encaminhou os questionamentos sobre as diferenças nos números da pandemia em Campo Grande e aguarda retorno das duas secretarias.
No Estado, houve a confirmação de mais 642 casos e 17 mortes pela covid-19. Já são 26.645 pessoas infectadas pelo coronavírus, sendo que mais de 20 mil já estão curadas. Este número foi exaltado pelo secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, como boa notícia.
Com 421 mortes, Mato Grosso do Sul deixa de ser o lanterna no ranking nacional e superou o Tocantins em número de óbitos (395). O Estado já tinha superado o Acre (19,6 mil) e o TO (26,4 mil) em número total de casos.
O crescimento exponencial também é confirmado pela lotação dos principais estabelecimentos de saúde. Referência no tratamento da covid-19, o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul Rosa Pedrossian informou que 100% dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensivo) estavam ocupados ontem. Também há superlotação na Santa Casa, no El Kadri e no Hospital da Unimed.
Outro indicador da explosão da pandemia é o aumento na taxa de resultado positivo dos exames. Em Campo Grande, 13,2% dos exames realizados na Escola Lúcia Martins Coelho, que abre apenas à noite, tiveram resultado positivo. No drive thru da Capital, 4,5% das pessoas submetidas ao teste estão com o coronavírus. Em Corumbá, onde epicentro, a taxa de positividade é de 14,1%.
Além do ex-senador Delcídio do Amaral (PTB) e do vereador Odilon Júnior (PSD), que foram parar no hospital, a pandemia fez outra vítima. O apóstolo Edilson Vicente da Silva, 61 anos, presidente da igreja evangélica El Shadai, está internado em estado grave no CTI do HR.
Em entrevista ao Jornal de Domingo, o filho, o vereador Papy (SD), confirmou o diagnóstico. O parlamentar está em isolamento domiciliar junto com a esposa e duas filhas após testar positivo para a covid-19. Na semana passada, fieis fizeram maratona de oração pela vida do apóstolo no entorno do HR.
“Ele está tendo pequenas melhoras todos os dais, as funções renais estão preservadas, o que é ótimo neste caso, mas a situação do pulmão é delicada e estamos crendo num milagre”, afirmou Papy.
Diante do risco de colapso no sistema de saúde da Capital, o representante do Ministério da Saúde anunciou a ativação de mais 70 leitos nos próximos 15 dias. A medida emergencial poderá evitar o quadro de colapso previsto por especialistas. O médico Júlio Croda, pesquisador da Fundação Osvaldo Cruz, alertou que pacientes poderão morrer, a partir desta semana, por falta de leitos em hospitais da Capital.