Com mais 876 casos e 15 mortes confirmados, a pandemia segue fora de controle em Mato Grosso do Sul. Epicentro da covid-19, Campo Grande deverá sofrer com a falta de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e passar a registrar mortes de pacientes por falta de atendimento a partir da próxima semana, conforme alerta do infectologista Júlio Croda. Ele propõe o lockdown para reduzir o tempo de colapso no sistema de saúde.
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Por outro lado, o prefeito Marquinhos Trad (PSD) manteve a flexibilização a partir de sábado. Além de acabar com o mini lockdown, ele reduziu o horário de toque de recolher, que passa das 21h às 5h, e ampliou o horário de funcionamento do comércio, das 9h às 19h. Restaurantes poderão funcionar todos os dias.
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O prefeito desistiu da proposta de proibir a venda de bebida alcoólica, mas prometeu intensificar a realização de blitz para combater o consumo de bebida alcoólica por motoristas. O objetivo é reduzir o número de acidentes de trânsito, principalmente, de motociclistas nos finais de semana.
Em números gerais, o Estado conta com 24.287 diagnósticos positivos e 357 mortes causadas pela covid-19. A taxa de letalidade já é de 1,5%. O número de pessoas internadas com coronavírus também bateu recorde, com 494 leitos ocupados. São 223 internados na UTI.
Campo Grande caminha para contabilizar 10 mil casos. Até ontem, a Capital tinha 9.644 infectados, sendo que 119 morreram. A situação também segue fora de controle em Sidrolândia, a 70 quilômetros, com 483 casos confirmados e 12 mortes.
Após a solenidade de lançamento de obra, marcada pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB) em plena pandemia, a pandemia causa calamidade em Aquidauana, a 130 quilômetros da Capital. Com 10 mortes, a cidade dobrou o número de casos em 24h, de 198 para 346.
No entanto, a maior preocupação continua sendo a Capital. Houve ocupação de 100% dos leitos em três hospitais: Regional de Mato Grosso do Sul, Santa Casa e El Kadri. O Hospital da Unimed está com 88% dos leitos ocupados.
Para o ex-diretor do Ministério da Saúde e pesquisador da Fundação Osvaldo Cruz, Júlio Croda, o colapso no sistema de saúde campo-grandense é inevitável e deve ocorrer a partir da próxima semana. Ele prevê a repetição de cenas como ocorreram em Manaus (AM) e no Rio de Janeiro, onde pacientes chegaram a morrer em casa ou na porta dos hospitais por falta de leitos.
Croda defendeu que o prefeito Marquinhos Trad, o governador Reinaldo Azambuja ou o Poder Judiciário adotem o isolamento total, com suspensão de todas as atividades, para reduzir o período do colapso. Para o professor, o lockdown é necessário para salvar vidas. Ele disse que a cidade perdeu a capacidade de monitorar os pacientes com a doença.
A secretária-adjunta de Saúde, Crhistinne Maymone, endossou a proposta de Croda e defendeu o isolamento total para minimizar o caos. No entanto, o Governo do Estado tem lavado as mãos na hora de adotar as medidas e se limitando a fazer recomendações. Reinaldo não seguiu o exemplo adotado pelos colegas de São Paulo, João Doria (PSDB), e do Rio de Janeiro, Wilson Wiltzel (PSC), que impuseram o lockdown em nível estadual para salvar vidas.
No entanto, sensível ao apelo dos empresários, o prefeito Marquinhos Trad não manteve as restrições em vigor desde meados de julho. Ele anunciou a flexibilização das medidas ao lado do presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas, Adelaido Vila, e do diretor da Associação Comercial, Roberto Oshiro.
O prefeito permitirá a reabertura de restaurantes e bares até as 21h a partir deste sábado. Em live, ele explicou que ao ser proibida de sair às ruas, a população trocou os bares por reuniões ou festas em casas, indo contra o objetivo da proibição, que era evitar aglomerações.
O comércio terá horário de funcionamento ampliado a partir de agosto, das 9h às 21h, e poderá abrir aos sábados. Shoppings poderão funcionar de segunda a sexta-feira das 11h às 20h. Academias poderão abrir das 5h às 21h.
Ao fazer o balanço do mini lockdown, Marquinhos lamentou que não teve efeito nenhum. Campo Grande está com uma das piores taxas de isolamento social do País, apesar da cidade ter a segunda maior taxa de contágio do coronavírus, só atrás de Porto Alegre.
O prefeito apostará nas blitze para reduzir os acidentes de trânsito nos finais de semana na Capital. No entanto, para especialistas, a covid-19 vai sobrecarregar os hospitais e causar colapso a partir da próxima semana.
Uma das últimas cidades a ser atingida pela pandemia, Campo Grande tem a mesma dificuldade de todas as outras cidades do mundo para frear a pandemia e, em meio a angustia e o medo, ainda vive o dilema: como conciliar a vida sem prejudicar a economia?