Fora de controle na saúde, com 22,4 mil casos e 328 mortes, a pandemia do coronavírus vem causando efeitos perversos na economia em Mato Grosso do Sul. Mesmo sem o lockdown, medida drástica recomendada pelas autoridades de saúde, 24,7 mil empresas fecharam as portas em Campo Grande. A taxa de desemprego cresceu 30%, chegando a 155 mil desempregados no Estado.
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Também houve queda expressiva na arrecadação dos principais tributos estaduais, chegando a R$ 2 bilhões apenas no ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículo Automotor). Isso significa que Reinaldo Azambuja (PSDB) lançará novo pacote de maldades no pós-pandemia, quando deveria ampliar os investimentos no mercado.
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Conforme boletim divulgado nesta terça-feira (28), houve acréscimo de nove óbitos, com o número total passando de 319 para 328 mortes, e de 641 novos casos, com o número de infectados saltando de 21,8 mil para 22.443.
De acordo com o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, 96% dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) estão ocupados na Capital. Desde ontem, a Santa Casa anunciou colapso na área de emergência, com a lotação de 100% dos leitos de UTI. O Campo Grande News revelou que só havia um leito intensivista disponível na Unimed, que tinha acabado de criar uma terceira ala para atender os pacientes da covid-19.
Referência no tratamento da doença, o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul Rosa Pedrossian está com 94% dos leitos de UTI ocupados. Com a pandemia ganhando força, autoridades podem adotar medidas ainda mais restritivas para salvar vidas e impedir o prolongamento do colapso na rede hospitalar.
Só que a economia já sente o impacto nocivo da pandemia. De acordo com levantamento da CDL (Câmara dos Dirigentes Lojistas), 24,7 mil empresas fecharam as portas em Campo Grande. O número total de CNPJs ativos caiu de 122,8 mil para 98 mil na Capital.
Os setores de comércio e serviços, que mais empregam, contabilizam o encerramento de 18.279 empresas, de 46,6 mil para 28,4 mil. “A pandemia expôs a fragilidade das administrações públicas, que não foram capazes de dar soluções eficazes, nem para a saúde das pessoas, nem para a economia. É lamentável que tantas pessoas tenham perdido sua capacidade de sobrevivência e ainda corram tantos riscos a sua saúde”, lamentou o presidente da CDL, Adelaido Vila.
O número de lojas teve redução de 10,7 mil em Campo Grande, de 24,5 mil para 13,7 mil. O setor de serviços também sentiu o baque com o encerramento de 7,4 mil empresas. Os empresários já tinham sofrido com as obras da Rua 14 de Julho, que impôs restrições no Centro, e, quando esperavam a retomada, foram surpreendidos com a pandemia do coronavíurs.
“O resultado de tudo isso é que hoje Campo Grande sofre com a morte de pessoas e de empresas, que não sobrevivem à falta de planejamento. Campo Grande está de luto, apesar de tanta luta dos comerciantes para sobreviverem a mais esta batalha”, afirmo Vila.
Os trabalhadores perderam o emprego com a chegada da peste. De acordo com o IBGE, houve acréscimo de 30% no número de desempregados no Estado, de 120 mil para 155 mil, entre junho do ano de 2019 e o mês passado. A taxa de desocupação saltou de 8,3% para 11,7%.
O Governo do Estado também sentiu o efeito da crise nas finanças. De janeiro até este mês, conforme o Portal da Transparência, a arrecadação com o ICMS passou de R$ 5,045 bilhões, em 2019, para R$ 3,252 bilhões neste ano. A receita com IPVA despencou de R$ 600,3 milhões para R$ 253,1 milhões.
Só considerando o período da pandemia e com números fechados, de março a junho, a arrecadação total do Estado teve acréscimo de 13%, de R$ 4,684 bilhões para R$ 5,293 bilhões. Três fatores contribuíram para o resultado, o repasse de R$ 435 milhões pelo governo de Jair Bolsonaro (sem partido), o aumento na receita previdenciária, de R$ 831 milhões para R$ 1,106 bilhão, e do salto de 88% na arrecadação do Fundersul, de R$ 232,3 milhões para R$ 437,1 milhões.
No mesmo período, a receita do ICMS caiu 35,8%, de R$ 2,876 bilhões para R$ 1,846 bilhão, e a do IPVA teve redução de 60%, de R$ 183,9 milhões para R$ 73,9 milhões.
A queda exponencial na receita vai obrigar o Governo a adotar medidas de contenção de despesas no pós-pandemia, como corte de benefícios dos servidores e até rever a política de valorização salarial dos professores. O tucano pode ser obrigado ainda a elevar a carga tributária não só para recuperar o fôlego de investimento, como garantir o fechamento das contas em 2022, quando encerrará o mandato.