O escândalo de desvio de dinheiro destinado ao combate ao coronavírus pode envolver autoridades de Dourados, primeiro epicentro da doença no Estado, com 3.529 casos confirmados e 46 mortes. O Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado) deflagrou a Operação Contágio nesta quarta-feira (15), onde cumpre 14 mandados de busca e apreensão e 12 de afastamento de servidores e empresários.
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O alvo é organização criminosa que usou a urgência na aquisição dos insumos hospitalares e equipamentos para combater à pandemia para fraudar licitações e surripiar os cofres públicos. A investigação envolve quatro promotorias de Dourados, o Gaeco e policiais do Batalhão de Choque e do Bope (Batalhão de Operações Especiais).
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Os mandados de busca foram cumpridos nas residências do secretário municipal de Fazenda, Carlos Francisco Dobes Vieira, do procurador-geral do município, Sérgio Henrique Pereira Martins, e da ex-secretária municipal de Saúde, Berenice de Oliveira Machado Souza. Também fazem devassa no Centro Administrativo Municipal, sede da prefeitura. Há mandados cumpridos em Campo Grande.
Em nota sucinta e com quase nenhuma informação, o Ministério Público Estadual diz que 12 pessoas, entre servidores e particulares, foram afastados do cargo ou proibidos de frequentar a Prefeitura Municipal de Dourados. A decisão é do juiz Marcus Vinícius de Oliveira Elias, da 2ª Vara Criminal daquele município.
É mais um escândalo que atinge a administração da prefeita Délia Razuk (PTB). Caso as investigações constatem provas dos desvios e fraudes, o caso mostra que parte da classe política brasileira não merece piedade, roubar até nos momentos mais tristes e trágicos da humanidade.
Conforme o Portal da Transparência do município, deficiente e precário na hora de prestar informações à população, pelo menos duas empresas da Capital firmaram contratos da covid-19 em Dourados. Uma recebeu R$ 156,7 mil para fornecer insumos hospitalares para atenção básica. Outra foi contratada por R$ 120 mil para fornecer testes.
O Dourados News cita o caso envolvendo a empresa Águia Distribuidora de Medicamentos e Suplementos, de Umuarama (PR), que firmou contrato para fornecer álcool gel 70º. Cada frasco de meio litro custava R$ 37,90. Apesar da compra ter sido feito no atacado, a prefeita estava pagando quase três vezes o preço do produto no varejo, R$ 12.
Dobes e Berenice teriam sido convocados pelo promotor Ricardo Roturnno para dar explicações sobre a compra superfaturada sem licitação. O contrato teria sido cancelado após o escândalo.
Ao contrário dos promotores e procuradores de outros estados brasileiros, os promotores sul-mato-grossenses divulgam poucas informações sobre as operações e investigações envolvendo desvios de recursos públicos.
Conforme o Portal da Transparência, Dourados gastou R$ 10,205 milhões para o combate à pandemia no município. No entanto, a maior parte do recurso foi repassada para os hospitais filantrópicos, particulares e a Missão Evangélica Caiuá.
A prefeitura não se manifestou sobre a operação.
Enquanto autoridades se aproveitam da situação para desviar recursos, o coronavírus segue fazendo vítimas no Estado. Conforme o boletim divulgado hoje, foram confirmados mais 697 casos e seis óbitos, chegando a 183 mortes no Estado.
Campo Grande segue na liderança, com 5.181 casos e 45 mortes, seguida por Dourados, com 3.529 infectados e 46 óbitos. Corumbá vem em terceiro, com 644 casos e 14 mortes.