Doze deputados estaduais blindaram o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e negaram, na sessão desta quarta-feira (17), o requerimento solicitando o compartilhamento ao Superior Tribunal de Justiça. Sete parlamentares não compareceram à sessão. Apenas quatro – Capitão Contar (PSL), João Henrique (PL), Pedro Kemp e Cabo Almi, ambos do PT – votaram a favor da investigação do tucano, indiciado pela Polícia Federal pelo recebimento de R$ 67,791 milhões em propinas da JBS.
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O requerimento foi proposto por Contar para embasar futuro pedido de impeachment do tucano. “A presente proposição justifica-se pelo indiciamento do Governador Reinaldo Azambuja pela Polícia Federal pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa no recebimento de propinas da JBS, que totalizariam R$ 67.000.000,00 (sessenta e sete milhões) de reais e teriam provocado um prejuízo de R$ 209.000.000,00 (duzentos e nove milhões) de reais aos cofres públicos do estado”, justificou o deputado.
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“Desta forma, é imprescindível que esta Casa tenha conhecimento dos documentos e provas que ensejaram o indiciamento, para que sejam tomadas as providências cabíveis, frente a tão graves acusações e tamanho prejuízo aos cofres públicos estaduais”, argumentou.
Reinaldo foi salvo pelos votos de deputados que vão pedir o voto do eleitor nas eleições municipais deste ano. Ou seja, parte do parlamento continua apostando que a população sul-mato-grossense é conivente com a corrupção, enquanto em qualquer país civilizado é cobrado dos políticos o ditado popular – de que “a mulher de César não basta ser honesta, mas parecer honesta”.
Quem votou para salvar Reinaldo Azambuja
Antônio Vaz (Republicanos) | ||
Barbosinha (DEM) | ||
Eduardo Rocha (MDB) | ||
Evander Vendramini (Progressista) | ||
Gerson Claro (Progressista) | ||
Herculano Borges (SD) | ||
Lídio Lopes (Patri) | ||
Londres Machado (PSD) | ||
Márcio Fernandes (MDB) | ||
Marçal Filho (PSDB) | ||
Onevan de Matos (PSDB) | ||
Professor Rinaldo (PSDB) |
Os “apóstolos” de Reinaldo foram Antônio Vaz (Republicanos), Barbosinha (DEM), Eduardo Rocha e Márcio Fernandes, do MDB, Evander Vendramini e Gerson Claro, do Progressistas, Herculano Borges (SD), Lídio Lopes (Patri), Londres Machado (PSD), Marçal Filho, Onevan de Matos e Professor Rinaldo, do PSDB.
É praticamente o mesmo grupo que vem impondo sacríficos à população sul-mato-grossense, como o aumento de impostos, como o aumento de 20% no ICMS sobre a gasolina, de 50% no ITCD e de até 71% no Fundersul sobre grãos, cana-de-açúcar e boi. Eles também garantiram a aumento na alíquota da previdência, de 11% para 14%, dos 81 mil servidores públicos estaduais e praticamente todos votaram pela redução de 32,5% no salário dos professores temporários.
Sete deputados se ausentaram e acabaram não participando da votação: Coronel David e Jamilson Name, sem partido, Felipe Orro (PSDB), Lucas de Lima (SD), Renato Câmara (MDB) e Zé Teixeira (DEM). Este último também foi indiciado pela Polícia Federal pela emissão de R$ 1,692 milhão em notas fiscais falsas para legitimar o suposto esquema de propina do governador.
Votaram para investigar o governador de MS
Cabo Almi (PT) |
Capitão Contar (PSL) |
João Henrique (PL) |
Pedro Kemp (PT) |
Ausentes
Coronel David (sem partido) | |
Felipe Orro (PSDB) | |
Jamilson Name (sem partido) | |
Lucas de Lima (SD) | |
Neno Razuk (PTB) | |
Renato Câmara (MDB) | |
Zé Teixeira (DEM) |
Não votou
Paulo Corrêa (PSDB) |
“É indispensável que tenhamos conhecimento das provas coletadas nesse Inquérito a fim de definirmos o caminho que deveremos tomar e, sobretudo, para adotarmos as providências necessárias ao resguardo do erário público e, desta forma, para prestarmos contas à população que nos escolheu para representá-los”, argumentou Contar.
Kemp também defendeu a investigação e já tinha previsto, conforme o Midiamax, que o requerimento não teria êxito no legislativo. Reinaldo conta com a fidelidade de 20 dos 24 deputados estaduais.
Não é a primeira vez que a Assembleia Legislativa livra governador se investigação criminal. André Puccinelli (MDB) se livrou de ser processado por enriquecimento ilícito pelo STJ graças ao legislativo, que na época tinha a prerrogativa de autorizar a abertura de investigação contra governadores.
Reinaldo só foi investigado porque, graças a Deus, esta proteção foi extinta da legislação brasileira. O STJ pode autorizar a investigação, processar e até determinar o afastamento de governantes corruptos sem o aval de deputados.
Ao rejeitar sem medo da repercussão, deputados sinalizam que a população de MS ainda não evoluiu a ponto de considerar suspeita de corrupção algo gravíssimo. Enquanto políticos presos e investigados pela PF afundaram nas urnas em 2018, a maioria foi consagrada nas urnas.
Barbosinha pretende disputar a prefeitura de Dourados e lidera as pesquisas. Márcio Fernandes pretende disputar o cargo de Marquinhos Trad (PSD) em Campo Grande. Ele é cotado para suceder Puccinelli, que acabou preso por cinco meses na Operação Lama Asfáltica.
Lídio Lopes pretende emplacar a esposa, pela segunda vez, como vice-prefeita na chapa de Marquinhos. Adriane Lopes (Patri) corre o risco de ser trocada por um tucano.
Evander vem percorrendo a Capital com o ex-presidente da Santa Casa, Esacheu Nascimento (Progressistas). Professor Rinaldo pode pedir voto para a irmã, Rose Modesto (PSDB), caso o partido rompa com o prefeito e lance candidato próprio à prefeitura da Capital. Felipe Orro não participou da votação, mas deverá lançar a esposa, Viviane Orro como candidata em Aquidauana.
Em resumo, ao manter o apoio aos deputados que votaram contra a investigação de Reinaldo, o eleitor acabará endossando a decisão. E não adianta ficar esperneando em rede social depois.