Supostamente sem dinheiro para dar reajuste para os 81 mil servidores públicos estaduais há dois anos, o Governo do Estado pagou R$ 86.772,78 no mês passado à secretária estadual de Administração e Desburocratização, Ana Carolina Araújo Nardes. Conforme o Portal da Transparência, o ex-titular da pasta, Roberto Hashioka, manteve o status de bem renumerado e recebeu R$ 64,6 mil.
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Até o atual secretário-adjunto de Administração, Édio Souza Viegas, recebeu R$ 65,8 mil em junho deste ano e ainda teve aumento de 17%, apesar de ter continuado na mesma função. O pagamento de salários acima do teto constitucional de R$ 35.462,27, valor pago ao governador, tornou-se uma das marcas da gestão de Reinaldo Azambuja (PSDB).
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Aposentado pela Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos), com proventos de R$ 23,1 mil por mês, ele ainda acumulava o salário de R$ 28.369,82 como secretário estadual de Administração. No total, ele recebia R$ 51.516,48 dos cofres estaduais, 45% acima do limite previsto na lei.
O Governo do Estado não cumpre a lei do teto. Ao contrário, a Prefeitura Municipal de Campo Grande não paga valor acima do subsídio do prefeito Marquinhos Trad (PSD), de R$ 21.261,84. A mesma prática vale no Governo Federal, que não paga salário superior aos R$ 33.763 pagos ao presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido).
Reinaldo não só ignora o teto constitucional, como eventualmente paga abonos extras aos secretários. Exonerada do cargo de superintendente estadual de Gestão de Compras e Materiais da SAD, Ana Carolina teve direito a indenização de R$ 58.402,96 no mês de junho deste ano. Além disso, conforme o Portal da Transparência, ela recebeu mais o salário de secretária estadual de Administração, no valor de R$ 28.369,82.
Em maio, como secretária especial, ela ganhava R$ 28.033,42 por mês e recebeu o provento normalmente. A indenização de R$ 58 não inclui abono natalino, pago normalmente em dezembro, nem o adicional de férias, de R$ 14,7 mil, quitado em agosto do ano passado. Ana Carolina recebeu mais que o dobro do valor pago ao governador no mês passado.
De saída do Governo para disputar a Prefeitura de Nova Andradina pela enésima vez, Hashioka recebeu R$ 64,6 mil de salário em junho, considerando a indenização e mais a aposentadoria paga pela Ageprev.
O ex-secretário de Administração já recebeu supersalário em outras duas ocasiões. Em janeiro de 2019, a administração estadual lhe pagou R$ 93,2 mil. Em janeiro de 2018, ao obter a aposentadoria como funcionário da Agesul, ele teve salário total de R$ 121,9 mil.
Anunciado como sucessor de Hashioka em abril deste ano, Édio Souza Viegas declinou o convite e acabou sendo substituído por Ana Carolina. No entanto, ele também não tem do que reclamar do salário no mês passado, que chegou a R$ 65.823,73, apesar dele ter permanecido na mesma função, de secretário-adjunto estadual de Administração e Desburocratização, função que praticamente ocupa desde a gestão de André Puccinelli (MDB).
Conforme o Portal da Transparência, Édio teve aumento salarial de 17,9% no mês passado. O subsídio passou de R$ 15.888,47 para R$ 19.623,39. Eventualmente, conforme o portal, ele tem abono extra de R$ 4.881,25. No mês passado, Édio Viegas ganhou o salário de R$ 24,5 mil e a indenização de R$ 41,3 mil.
Reinaldo pagou salários altíssimos para alguns integrantes da administração estadual, apesar de alegar falta de recursos para conceder o reajuste anual nos salários dos servidores estaduais. O funcionalismo estadual não recebe correção nos vencimentos desde 2018, quando o tucano foi reeleito no segundo turno com 677 mil votos.
O governador também não seguiu exemplos de outros políticos, como o prefeito da Capital, que reduziu o próprio salário e dos ocupantes de cargos comissionados em 30% por causa da pandemia.
Além de não conceder reajuste, o Governo adotou medidas para reduzir o valor pago aos servidores, como suspendendo gratificações, horas extras e vale transporte de parte dos servidores. Em julho do ano passado, o tucano ainda reduziu em 32,5% os salários pagos a 9 mil dos 18 mil professores da rede estadual.
Devido a falta de dinheiro, governador deixou servidores sem reajuste há dois anos (Foto: Arquivo)