Além do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e do filho, o advogado Rodrigo Souza e Silva, a Polícia Federal indiciou o primeiro-secretário da Assembleia Legislativa, deputado estadual Zé Teixeira (DEM), e o ex-secretário estadual de Fazenda e atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Márcio Campos Monteiro. No total, 22 pessoas foram indiciadas por integrar o esquema de pagamento de propina pela JBS que causou prejuízo de R$ 209 milhões aos cofres de Mato Grosso do Sul.
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Na segunda-feira (6), os repórteres Aguirre Talento e Bela Menegale, do jornal O Globo, revelaram que a PF concluiu o inquérito 1.190, da Operação Vostok, e indiciaram o tucano pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Conforme o delegado Leandro Alves Ribeiro, há indícios e provas de que o propina paga ao governador foi de R$ 67.791.309,00.
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Entre os 20 indiciados está o pecuarista Élvio Rodrigues, que foi acusado pelos donos da JBS de emitir R$ 9,1 milhões em notas fiscais falsas para legalizar a propina paga a Reinaldo. Ele é dono da emblemática Fazenda Santa Mônica, com 38 mil hectares e avaliada em R$ 25 milhões. O Governo do Estado recorreu ao Tribunal de Justiça para autorizar o pecuarista a desmatar 20,5 mil hectares do Pantanal sul-mato-grossense, considerado patrimônio natural da humanidade.
Outro indiciado foi o empresário Ivanildo da Cunha Miranda, delator que detonou o ex-governador André Puccinelli (MDB) na Operação Lama Asfáltica. Ele teria viabilizado o repasse de R$ 5 milhões no esquema do governador.
A PF encontrou indícios contra os empresários Pavel Chramosta e Daniel Chramosta, donos do frigorífico Buriti, em Aquidauana, que teria emitido R$ 12,9 milhões em notas fiscais para esquentar a propina paga ao tucano. De acordo com O Globo, a empresa fez dois depósitos de R$ 25 mil para a mãe do tucano, Zulmira Azambuja, de R$ 69,5 mil ao irmão, Roberto de Oliveira Silva Júnior, o Beto Azambuja, e de R$ 25 mil para a sobrinha, Gabriela de Azambuja Silva Miranda.
De acordo com a lista obtida pelo O Jacaré, Beto Azambuja, Gabrilela Miranda e Leo Renato Miranda foram indiciados junto com Reinaldo e o Rodrigo no inquérito da Vostok.
Acusado de emitir R$ 1,692 milhão em notas fiscais frias, Zé Teixeira (DEM) acabou indiciado pelos crimes de corrupção passiva e organização criminosa. O democrata chegou ficar preso por cinco dias na Operação Vostok, a 20 dias da eleição, mas acabou reeleito para mais um mandato no legislativo estadual. O mais grave, ele acabou sendo reconduzido pelos deputados estaduais na primeira-secretaria, responsável pelas finanças e cargo só abaixo do presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul.
Ex-deputado federal e ex-secretário estadual de Fazenda, Márcio Monteiro também acabou indiciado junto com o governador. O conselheiro do TCE ficou preso por cinco dias e foi acusado de emitir R$ 333 mil em notas frias para justificar o suposto pagamento de propina. Na época, ele garantiu que os bois não eram de papel e apresentou documentos para contestar a delação premiada da JBS.
O ex-deputado estadual e prefeito de Dois Irmãos do Buriti por dois mandatos, Osvane Aparecido Ramos (MDB) é outro que teve o nome enviado pelo delegado ao STJ. Ele teria emitido R$ 847 mil em notas fiscais.
Ex-prefeito de Porto Murtinho e ex-presidente da Fundação Estadual de Turismo na gestão de Reinaldo, Nelson Cintra Ribeiro (PSDB), também entrou na lista.
Réu na Operação Lama Asfáltica, o empresário Antônio Celso Cortez, que alegou demência na Justiça Federal para escapar de dois julgamentos, é acusado de ter integrado o esquema de pagamento de propina do tucano.
A lista dos 22 indiciados pela PF na Operação Vostok
Reinaldo Azambuja da Silva (PSDB) | |||
Rodrigo Souza e Silva | |||
Ivanildo da Cunha Miranda | |||
João Roberto Baird | |||
José Ricardo Guitti Guímaro (Polaco) | |||
Antônio Celso Cortez (PSG Tecnologia Aplicada) | |||
Cristiane Andréia de Carvalho dos Santos Barbosa | |||
Pavel Chramosta | |||
Daniel Chramosta | |||
Osvane Aparecido Ramos | |||
Francisco Carlos Freire de Oliveira | |||
Rubens Massahiro Matsuda | |||
Élvio Rodrigues | |||
José Roberto Texeira, o Zé Teixeira (DEM) | |||
Márcio Campos Monteiro, conselheiro do TCE | |||
Miltro Rodrigues Pereira | |||
Nelson Cintra Ribeiro | |||
Zelito Alves Ribeiro | |||
Daniel de Souza Ferreira | |||
Roberto de Oliveira Silva Júnior | |||
Gabriela de Azambuja Silva Miranda | |||
Leo Renato Miranda |
O advogado Carlos Marques, que defende Zé Teixeira, afirmou que só poderá comentar o relatório da PF. A mesma posição foi manifestada pelo advogado Newlley Amarilla, que representa Ivanildo da Cunha Miranda.
“Preciso ler o relatório, que é muito extenso. Mas o relatório é peça informativa, vale dizer, serve apenas para informar o MP (Ministério Público) acerca do resultado da investigação. Cabe ao MP analisá-lo e a partir daí, oferecer ou não denúncia ou, ainda, requerer outras diligências. Se oferecer denúncia, para que se inicie o processo crime, o STJ terá de admitir ou receber essa denúncia”, afirmou Amarilla.
Em nota, divulgada na segunda-feira, Reinaldo repetiu o mantra de que se trata de notícia requentada e de que não houve provas do pagamento de propina. O governador chegou a falar em setembro do ano passado, quando a PF convocou 110 pessoas para depoimento, de que o seu nome não tinha sido citado por ninguém.