A pandemia de covid-19 não dá sinais de alívio e as piores notícias farão companhia à população por muito tempo. À medida em que os números de mortos e infectados avançam, há pessoas que ainda têm dúvidas sobre prevenção e medicação. De repente, as dúvidas superam a informação.
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Na tentativa de ajudar os leitores que não se sentem esclarecidos, O Jacaré passa a responder as dúvidas que nos forem enviadas. Esta primeira rodada quem vai responder é o médico Ronaldo Costa, que atua no Hospital Universitário e na Cassems, em Campo Grande.
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Dúvida – Os alimentos podem ser contaminados pela covid-19?
Ronaldo Costa – O vírus causador da covid-19 (Sars-CoV-2) pode permanecer vivo em diversas superfícies. A variação é de três a sete dias, conforme o material. Isso quer dizer que, sim, pode permanecer sobre a matéria orgânica. Para evitar contaminações, o ideal é lavar os legumes com água e detergente. Os vegetais folhosos devem ser colocados em água com água sanitária e permanecer em imersão.
Para quem for a restaurantes, evitar pedir a salada e dar preferência aos alimentos grelhados. O melhor é preparar os alimentos em casa, porque o vírus não resiste a temperaturas muito elevadas, como a da panela de pressão sobre o feijão, por exemplo. Esse vírus está mudando o mundo para sempre. É preciso reforçar a higiene.
Dúvida – O que acontece quando uma pessoa vai para um ventilador?
Ronaldo Costa – A ventilação mecânica oferece pressão positiva para que o ar chegue ao sangue. Ela vai auxiliar o pulmão a fazer a troca do gás carbônico pelo oxigênio. Podemos simplificar a explicação sobre o funcionamento do pulmão ao compará-lo com uma esponja daquelas usadas para lavar a louça. Nessa esponja já pequenas cavidades, que são chamadas de alvéolos que, com o ataque do vírus da covid, ficam inflamados e a pessoa sente falta de ar porque o oxigênio não entra. Esse é o serviço do ventilador mecânico: fazer o oxigênio entrar no pulmão. Para isso acontecer, o corpo deve ser colocado em sedação. Todo o trabalho que era do organismo é assumido pela máquina e, como o corpo pode competir com o ventilador, a sedação garante o tratamento.
A média de permanência no ventilador para uma pessoa que foi infectada pelo vírus da covid-19 é de 45 dias. Nesse período, o organismo fica imobilizado, ou seja, em repouso permanente. É aqui que acontece aquela situação de “lei de uso e desuso”. O que não é usado pelo corpo atrofia.
O paciente também tem perda de peso, porque o alimento oferecido via parenteral (sonda) contém apenas o mínimo de vitaminas e aminoácidos para garantir o funcionamento do organismo. É por isso que acontece a perda de peso e, quando uma pessoa recebe alta, nem consegue andar por estar enfraquecida. Após a saída do ventilador é preciso fazer o recondicionamento muscular. Isso quer dizer que os órgãos serão treinados para suportar o corpo novamente.
Dúvida – A ivermectina é um remédio profilático?
Ronaldo Costa – Não existe nenhum tipo de tratamento ainda considerado direcionado para a covid-19. Dentro da Medicina, contudo, há um processo de opções para evitar que o paciente morra, afinal é uma doença desconhecida.
Esses medicamentos, contudo, só são aplicados com a obediência a protocolos de estudos prévios. O que significa que, para aplicar um medicamento é preciso ter autorização, passar por todo o processo de pedido de pesquisa e, depois, testar.
Quanto à ivermectina, não há comprovação científica de que seja um medicamento adequado e eficaz para o tratamento da covid-19.
Dúvida – Por que antes era desaconselhada a máscara e, agora, ela é exigida?
Ronaldo Costa – Isso faz parte de um protocolo de estudos sobre a propagação do vírus causador da covid-19. Não estava clara, quando ocorreram os primeiros casos, a eficiência da máscara para a população em geral.
Ficou comprovado, depois, que a proteção facial é uma importante forma de evitar a disseminação do vírus da covid. Além dela, hoje, o distanciamento físico é o outro método de prevenção.
Dúvida – Usar a máscara no calor é ruim. Como ficar de máscara em dias muito quentes?
Ronado Costa – A máscara deve ser suportada mesmo nos dias muito quentes. O que pode ser feito para amenizar o desconforto é usar máscaras com tecidos adequados. Há máscaras que são feitas com tecidos muito grossos, que aumentam o calor e, ainda, não ajudam completamente na proteção, já que a pessoa vai usar abaixo do nariz.
Quem coloca abaixo do nariz está tentando respirar, evitar o calor, mas se coloca em risco e põe em risco quem estiver no entorno. Tecidos adequados e respiráveis ajudam a acostumar com a máscara. Outra coisa importante é ajustar a tração do elástico, que muito apertado pode dificultar a respiração e dar dores na face e cabeça. Por outro lado, se ficar muito frouxo, o elástico vai tornar a máscara ineficiente.
Fazemos o boletim covid-19 porque:
Em dezembro de 2019, as autoridades de chinesas de informaram a OMS (Organização mundial de Saúde) sobre o surto de uma nova doença, que foi nomeada posteriormente de covid-19. Em 11 de março, a OMS anunciou que as infecções atingiam proporções epidêmicas. Os dados sobre casos e mortes são fornecidos pela Universidade Johns Hopkins, mas podem não representar a totalidade por conta da subnotificação registrada em muitos países, como o Brasil, que mudou a sistemática de divulgação dos indicadores relativos à covid-19.
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