A farra no pagamento do auxílio emergencial em Mato Grosso do Sul não ficou restrito aos políticos. Relatório do Tribunal de Contas da União mostra que houve irregularidade no benefício pago a 6,5 mil sul-mato-grossenses, entre os quais estão 3.381 aposentados ou pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), 208 mortos e 157 ricos, pessoas que possuíam renda superior a R$ 28 mil por ano.
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A fraude no pagamento em MS gerou prejuízo de R$ 3,9 milhões aos cofres públicos apenas no mês de abril. A bolsa de R$ 600 foi criada para ajudar trabalhadores autônomos, desempregados e pobres a enfrentar a grave crise financeira causada pela pandemia do coronavírus, que levou a suspensão da atividade econômica e restrição na locomoção na maior parte do País. No entanto, os brasileiros, que tanto reclamam da corrupção dos políticos, resolveram seguir o exemplo e sacar o auxílio, mesmo não precisando.
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Na semana passada, o TCU apontou que 620 mil brasileiros receberam irregularmente o benefício. O ministro Bruno Dantas pediu para encaminhar os casos mais graves para o Ministério Público Federal, que pode apurar responsabilidade criminal dos fraudadores. No entanto, devido ao grande número de envolvidos e ao pequeno valor envolvido, apesar do prejuízo final somar R$ 372 milhões.
Em MS, houve pagamento de auxílio para 3.381 beneficiários do INSS, 1.824 beneficiários por outro auxílio e 467 servidores e pensionistas federais. Outros 396 se cadastraram mesmo recebendo o seguro-desemprego. O caso mais curioso é que o Ministério da Cidadania pagou a bolsa de R$ 600 para 208 mortos no Estado.
O Tribunal de Contas da União identificou o pagamento para 157 pessoas com renda superior ao determinado na lei. Aqui podem estar incluídos os donos de supermercados, de dezenas de imóveis, de fazendas, de restaurantes, de hotéis, de clínicas médicas, entre outros endinheirados que receberam o benefício, mas não tiveram o nome divulgado pela dificuldade em comprovar os seus bens.
Esse é o caso do ex-vereador de Rio Negro, José Marcos Alves, o Marcão (PSD), e a esposa, Nilza Pereira Mendonça Alves, que receberam o auxílio, apesar de morarem em casa com piscina avaliada em R$ 650 mil, conforme declaração feita à Justiça Eleitoral em 2016. O casal ainda era dono de fortuna de R$ 2,9 milhões em 2016.
A primeira-dama da cidade, Camila Alves de Freitas, recebeu o benefício apesar do marido, o prefeito Cleidimar da Silva Camargo, o Buda do Lair (PSDB), ganhar R$ 12,8 mil por mês. Ela fez boletim de ocorrência após a divulgação da lista lhe causar transtorno no município.
Em Terenos, Dirce Terezinha Gonçalves recebeu R$ 1,2 mil de auxílio, apesar do esposo, Donizete Barraco (PMN) ganhar R$ 19 mil por mês. Em Bataguassu, a esposa e a filha do vice-prefeito Akira Otsubo são donas de rádio e receberam o auxílio. Ele tem patrimônio de R$ 3,2 milhões. O ex-deputado devolveu o auxílio e culpou a neta pelo cadastro.
A fisioterapeuta Thamara Caroline Chapius Rosa, nora do prefeito de Costa Rica, Waldeli dos Santos Rosa (MDB), recebeu duas parcelas. O sogro tem patrimônio de R$ 15,3 milhões e ganha salário de R$ 23,8 mil como prefeito da cidade. Ela devolveu após a divulgação da lista dos beneficiados no Portal da Transparência.
Em Nioaque, a empresária Janaína Câmara Preguiça recebeu R$ 1,2 mil, conforme o Ministério da Cidadania, apesar de ser dona de supermercado na cidade e o marido, o vereador João Carlos Veras Gonçalves, o Corumbá (PSB), receber salário de R$ 6,5 mil por mês.
A Controladoria-Geral da União encontrou ainda 556 foragidos da Justiça beneficiados com auxílio emergencial no Estado. Ou seja, eles não são localizados pela polícia, mas apareceram para pegar dinheiro do poder público. Outros 1.126 seriam servidores públicos e aposentados estaduais.
O pagamento do auxílio mostrou que o DNA da corrupção não está restrito à classe política, que tanta repulsa causa na população. O problema é um cultural e precisa ser banido para o Brasil se desenvolver plenamente.