As denúncias de fraude no auxílio emergencial não param em Mato Grosso do Sul. A primeira-dama de Rio Negro, Camila Alves de Freitas, 27 anos, ficou “surpresa” ao ganhar a bolsa de R$ 600. Devido à repercussão da lista na pequena cidade, ela até registrou boletim de ocorrência, já que o marido, o prefeito Cleidimar da Silva Camargo, o Buda da Lair (PSDB), tem salário de R$ 12,8 mil por mês.
[adrotate group=”3″]
Outro contemplado com a bolsa de R$ 600, paga a pobres, desempregados e sem renda durante a pandemia, foi Roberto Sousa Santos, marido da secretária municipal de Educação, Harley de Oliveira Camargo Santos, que ainda acumula dois cargos como professora da rede estadual de ensino.
Veja mais:
Mulher de prefeito com salário de R$ 19 mil e filha de deputado receberam auxílio emergencial
Auxílio a parentes de políticos tem dono de restaurante, advogada e até vai parar na PF
Auxílio emergencial foi pago desde aposentado rico, servidor público, foragidos e assassinos
Vergonha! Parentes de políticos milionários ganham auxílio emergencial para ajudar pobres na pandemia
Como secretária, Harley Santos tem salário de R$ 4,4 mil por mês. Além disso, conforme o Portal da Transparência do Governo do Estado, ela acumula dois cargos como professora, que totalizaram o pagamento de R$ 12,1 mil.
“Ficamos sabendo quando o nome dele saiu na lista, talvez por que ele seja MEI (Microempreendedor Individual), mas não foi depositado nenhum valor na conta dele até o momento, e caso receba, já nos certificamos de como devolver o dinheiro”, informou a secretária. Ela não respondeu se acumula o salário de secretária com o de professora da rede estadual.
Já a primeira-dama Camila Alves de Freitas alegou que não sabe como foi parar na lista de beneficiários do auxílio emergencial. Ela garantiu que não fez a inscrição nem recebeu Bolsa Família, cuja aprovação é automática. O pagamento de R$ 600 causou burburinho na cidade, já que o marido deverá concorrer à reeleição nas eleições deste ano.
“Nunca solicitou o auxílio emergencial”, garantiu ela em boletim de ocorrência feito na Polícia Civil. Camila decidiu procurar a polícia porque estaria sofrendo “julgamento da população”. Ela passou a se sentir desconfortável com a denúncia de que solicitou o benefício, apesar do marido ser um dos prefeitos mais bem pagos do País. Buda do Lair ganha R$ 12,8 mil para administrar a pequena cidade, enquanto o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) ganha R$ 11,4 mil para administrar mais de 850 municípios.
Os casos de Rio Negro se somam a outras denúncias, como a esposa e filha do vice-prefeito de Bataguassu, Akira Otsubo, que tem patrimônio de R$ 3,2 milhões. O pior, Taiko Wagatuma Otsubo e Suely Midori Otsubo Tanaka, são donas de uma emissora de rádio na cidade. Após a repercussão, o ex-deputado culpou a neta pelo cadastro e devolveu o dinheiro.
A filha do deputado Felipe Orro (PSDB), Gabrielle Corrêa Orro, recebeu duas parcelas de R$ 600. O pai tem salário mensal de R$ 25.322,25 e um patrimônio declarado de R$ 1,798 milhão em 2018. Ele devolveu o dinheiro e ainda disponibilizou cópia da guia emitida pela Caixa.
A primeira-dama de Terenos, Dirce Terezinha Gonçalves, também foi surpreendida pelo depósito de R$ 1,2 mil em sua conta em decorrência do auxílio emergencial. O prefeito da cidade, Sebastião Donizete Barraco (PMN), ganha R$ 19 mil por mês.
Outra que acabou “surpreendida” pelo depósito de R$ 1,2 mil de auxílio emergencial foi a primeira-dama de Terenos, Dirce Terezinha Gonçalves. O marido, Sebastião Donizete Barraco (PMN) ganha R$ 19 mil por mês como prefeito de Terenos, conforme o Portal da Transparência.
Com salário de R$ 26 mil por mês, o prefeito de Corumbá, Marcelo Iunes (PSDB), viu o Governo Bolsonaro pagar auxílio para os irmãos, Ernani e Josefina Aguilar Iunes, a sogra, Ana Cláudia Balancieri, e o cunhado, Amando André Balancieri. Todos receberam R$ 600.
As irregularidades são muitas e só foram descobertas graças à publicação dos nomes dos beneficiados no Portal da Transparência. Desde 2011, com a sanção da Lei do Acesso à Informação pela presidente Dilma Rousseff (PT), o Governo federal disponibiliza nominalmente todos os valores pagos a servidores, prestadores de serviços e empresas.
A transparência dos dados surpreendeu muita gente e ajudou o brasileiro a fiscalizar irregularidades no pagamento do benefício criado para ajudar pobres, desempregados e trabalhadores autônomos a superar a gravíssima crise econômica causada pela covid-19.