A pandemia da covid-19 bateu recorde pelo segundo dia consecutivo com a confirmação de 417 novos casos em Mato Grosso do Sul. Apenas em Campo Grande, 244 profissionais de saúde já testaram positivo para o coronavírus. Enquanto o campo-grandense ignora os alertas e vira exemplo nacional de deboche, o Hospital Regional Rosa Pedrossian, referência no combate à doença, está com 90% dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) ocupados.
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A propagação cresce em ritmo assustador, com o registro de 17 novas vítimas por hora, e com parte da população ignorando a principal arma contra a pandemia, o isolamento social. Com 108 novos casos em 24h, Campo Grande ganhou destaque nacional com a inauguração do Bar Barolé, no Jardim dos Estados. Os frequentadores se acotovelaram para prestigiar o novo boteco, indiferente ao fato do mundo enfrentar uma das maiores pandemias da sua história.
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A repercussão levou o prefeito Marquinhos Trad (PSD) a anunciar mais ações para tentar frear a propagação do coronavírus. Ele anunciou que o toque de recolher será das 22h às 5h a partir de sexta-feira. Em live, ele comentou que a medida conta com o apoio de 89% dos campo-grandenses.
A medida pode ser insuficiente para enfraquecer a pandemia na cidade. O HR informou que só seis dos 59 leitos de UTI estão disponíveis. Aliás, a instituição chegou a divulgar nota de repúdio contra o comportamento do sul-mato-grossense frente à pandemia.
“O Hospital Regional de Mato Grosso do Sul vem a público manifestar o seu completo desagrado e repúdio com a forma irresponsável que grande parcela da população de Campo Grande vêm lidando com o isolamento, ante a pandemia, que ameaça a vida e o futuro de todos, não apenas de Campo Grande, mas do estado e do país. Não bastam os dados alarmantes da doença, que afetam mais de mil campo-grandenses e que já sobrecarrega o sistema público de saúde”, alertaram.
Além do puxão de orelhas, a equipe alertou que há 47 médicos infectados pela doença. No entanto, o número de profissionais de saúde com a covid-19 é muito maior. De acordo com o boletim da Secretaria Municipal de Saúde, 59 médicos, 48 enfermeiros e 47 técnicos de enfermagem contraíram a doença apenas na Capital. No total, 245 profissionais, que são chamados de heróis por atuar na linha de frente, tiveram o resultado positivo no município.
Os números também assustam no interior. Em Dourados, pela primeira, o número de diagnósticos positivos superou a barreira de 2 mil casos. Já são 2.150 pessoas contaminadas no município, contra 1.446 na Capital. Pequenas cidades também estão infestadas pelo coronavírus, como Rio Brilhante (233 casos), Chapadão do Sul (137), Paranaíba (122), Itaporã (100).
O pior que a situação ainda está apenas no começo no Estado, como alertou a secretária-adjunta em Saúde, Crhistinne Maymone. “A pandemia só está começando”, alertou, mais preocupada em ajudar, do que soar como apocalíptica pelos negacionistas. “Só existem três vacinas: isolamento social, uso de máscaras e regras de higienização (lavar as mãos ou passar álcool gel 70º)”, ressaltou o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende.
Apesar da situação estar fora de controle em Dourados, a prefeita Délia Razuk (PTB) tem resistido a adotar o lockdown (isolamento total) na segunda maior cidade do Estado. Aliás, o frigorífico da JBS, com 4,3 mil funcionários, é apontado como o foco da pandemia na Grande Dourados, mas nunca teve as atividades suspensas, seguindo medida adotada em outras cidades do País. A JBS se limite a propagar que já destinou mais de R$ 20 milhões para ajudar no combate à doença no Estado.
Os efeitos do comportamento da população e da falta de ações das autoridades teve outro efeito preocupante nesta quarta-feira: o número de casos ativos, 3.041, superou o de recuperados (2.934). Isso significa que há mais pessoas internadas ou isolamento domiciliar do que os curados da covid-19.
Já são 170 pessoas internadas para tratar da doença no Estado, sendo que 76 estão na UTI. Como há 49 doentes com os sintomas da covid-19, que ainda aguardam o resultado do exame, são 219 internados devido ao coronavírus no Estado.
MS confirmou mais um óbito, um homem de 70 anos em Ponta Porã. Ele tinha comorbidades, como diabetes, AVC e insuficiência renal. No total, a pandemia já causou 56 mortes.