Mato Grosso do Sul confirmou mais quatro mortes e mais 247 infectados pelo coronavírus nas últimas 24 horas. Neste domingo (21), o Estado superou a barreira dos cinco mil casos da covid-19. Dois fatores agravam a situação em meio à propagação mais rápida do novo vírus, a falta de conscientização da população e falta de medidas das autoridades em municípios, como Dourados.
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O secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, prevê “dias terríveis” para MS, que vinha sendo citado como exemplo nacional no combate à covid-19. Ele citou aglomerações em festas na periferia e áreas nobres, como o Bairro Chácara Cachoeira, e áreas de lazer, como o Parque dos Poderes, em Campo Grande. Curiosamente, a última área é de responsabilidade da administração estadual.
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O secretário não citou, mas O Jacaré apurou que a prefeita de Dourados, Délia Razuk (PTB) não adotou medidas recomendadas para conter a pandemia na cidade. Já são 1.807 casos confirmados no município. No entanto, a petebista vem ignorando o agravamento da situação, para desolação dos profissionais da saúde, infectologistas e da população preocupada com a doença.
O Núcleo Técnico criado para definir as medidas de contenção da doença não é ouvido pela administração municipal. Até o momento, dois integrantes desistiram, um foi exonerado e o 4º integrante está doente. O Ministério Público Estadual fez duas recomendações que foram ignoradas pelo município. Especialista recomenda que só o lockdown (isolamento total) poderá frear a pandemia em Dourados.
Além de Dourados, a situação preocupa em Campo Grande, onde a taxa de isolamento social segue baixa e a população continua promovendo festas, reuniões e até campeonatos de futebol. A Capital tem 1.142 casos confirmados, quase o mesmo número contabilizado no Paraguai (1,3 mil), que possui uma população quase dez vezes maior.
No geral, o Estado conta com 5.237 casos confirmados da covid-19. O avanço da doença pode ser medido na matemática. Para chegar a mil casos, o Estado levou dois meses e 12 dias. A barreira dos 2 mil casos foi superada em 11 dias. Mais seis dias foram suficientes para superar 3 mil, e cinco dias, para 4 mil. Agora, a barreira dos cinco mil casos foi superada em apenas quatro dias.
A evolução da doença
Dia | Casos |
13 de março de 2020 | 1º caso |
25 de maio de 2020 | 1.024 |
06 de junho de 2020 | 2.132 |
12 de junho de 2020 | 3.001 |
17 de junho de 2020 | 4.164 |
21 de junho de 2020 | 5.237 |
Neste domingo, Geraldo acabava de confirmar mais duas mortes, de dois homens de 52 anos em Corumbá e Itaquiraí, quando ficou sabendo de mais duas registradas na manhã deste domingo. Com os dados de hoje, o Estado contabiliza 47 mortes causadas pela covid-19, contra apenas 13 registradas no Paraguai, que vem sendo considerado exemplo no combate à doença no mundo.
Com a explosão no número de casos, a secretaria contabiliza 147 pessoas internadas, sendo que 71 estão na UTI. Resende alertou que há risco de colapso no sistema em algumas cidades do interior – ou seja, as pessoas vão morrer por falta de vaga em UTI. De acordo com o secretário, o Governo do Estado tentou ampliar a oferta no interior, mas esbarrou na falta de profissionais para atender a demanda.
O coronavírus já circula em 64 dos 79 municípios sul-mato-grossense. De acordo com a secretária-adjunta estadual de Saúde, Crhistinne Maymone, o Instituto Buntatan, de São Paulo, já concluiu a análise dos exames enviados na semana passada. No entanto, as prefeituras precisam concluir os resultados para inclui-los no sistema.
O Lacen (Laboratório Central) vem recebendo 600 exames por dia para analisar. Isso significa que por mês, pelo menos, 18 mil pessoas estão apresentando os sintomas ou mantiveram contatos com pessoas infectadas pela covid-19.
No esforço para conter a doença, Marquinhos Trad (PSD) decretou o uso obrigatório de máscaras. Reinaldo Azambuja (PSDB) estendeu a obrigatoriedade para todos os municípios a partir de amanhã (22).
(matéria editada às 12h13 para corrigir a conta no número de mortes no título e no lead)