A Operação Omertà 3 prendeu, nesta quinta-feira (18), o delegado Márcio Shiro Obara, a secretária pessoal da família e sobrinha de Jamil Name, Cinthya Name Bell, e funcionários da Pantanal Cap. No retorno às ruas, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado) e o Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros) ainda miram o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Jerson Domingos, e o empresário Fahd Jamil, conhecido como “rei da fronteira”, e o filho, Flávio Jamil.
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Tão ostensiva quanto a primeira fase, deflagrada em 27 de setembro do ano passado, quando prendeu Jamil Name e o filho, Jamil Name Filho, acusados de chefiar o grupo de extermínio, a força-tarefa de conta com as corregedorias da Polícia Militar e da Polícia Civil, do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e Batalhão de Choque.
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Obara é delegado da elite da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul e já foi titular da Delegacia de Homicídios e do Garras. Ele foi um dos integrantes da equipe que prendeu os guardas municipais acusados de matar o delegado Paulo Magalhães no dia 25 de junho de 2013. No entanto, a investigação nunca chegou ao mandante da execução.
De acordo com o Garras, em depoimento, a mulher do guarda municipal Marcelo Rios, preso com um arsenal de armas de fogo em maio do ano passado, apontou que seria pago R$ 100 mil a um delegado. Em novembro do ano passado, Obara deixou o comando da Delegacia de Homicídios para reforçar a onda de assassinatos em Ponta Porã.
A força-tarefa voltou às ruas para cumprir vários mandados, inclusive contra Cinthya e de Jerson Domingos, que foram alvos da Operação Omertà 2 em março deste ano. Conforme o Garras, um papel apócrifo encontrado no Presídio Federal de Mossoró (RN) apontou que os dois seriam os encarregados de executar o plano para matar o delegado Fábio Peró, do Garras, o promotor Tiago Di Giulio Freire, do Gaeco, um defensor público e seus familiares.
Na ocasião, o juiz Marcelo Ivo de Oliveira, da 7ª Vara Criminal, negou a prisão preventiva de Jerson e Cinthya, mas autorizou mandados de busca e apreensão, a quebra dos sigilos de dados e telefônicos e recolhimento dos aparelhos celulares. No mês passado, o magistrado questionou o Garras se matinha a representação pela prisão de Jerson e Cinthya.
Ao Campo Grande News, o advogado Eres Figueira confirmou a prisão de Cinthya. No entanto, ele ainda não tinha conhecimento dos motivos da prisão da mulher, que é considerada “secretária pessoal” da família Name.
O grupo esteve na manhã de hoje no apartamento de Jerson Domingos, mas o conselheiro não foi localizado. A família não sabe se o mandado era de busca ou de prisão preventiva, como Cinthya.
A Omertà 3 ainda mirou o empresário Fahd Jamil, dono da mansão faraônica em Ponta Porã. Compadre de Jamil Name, ele recebeu o afilhado, Jamil Name Filho, no ano passado, quando o grupo começou a suspeitar de que era alvo das investigações feitas pela Força-Tarefa constituída para investigar as execuções em Campo Grande. Ele teria ficado vários dias na casa do empresário.
Conhecido como “rei da fronteira”, Fahd Jamil chegou a ser condenado por tráfico de drogas a mais de 20 anos pelo juiz federal Odilon de Oliveira, então na 3ª Vara Federal de Campo Grande. No entanto, ele recorreu e acabou absolvido pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região.
Funcionários da Pantanal Cap, em Campo Grande, também foram presos na manhã de hoje. A empresa promove sorteios de veículos na Capital e se transformou em um dos principais negócios da família Name na Capital.
A operação ocorre na iminência do retorno do empresário Jamil Name a Campo Grande por determinação do ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal. Ele acatou pedido da defesa, de que o empresário está com idade avançada e vários problemas de saúde pra continuar isolado no presídio federal potiguar.
Nesta semana, o juiz corregedor Walter Nunes da Silva, do Rio Grande do Norte, determinou o encaminhamento de Name para uma cela provisória da Polícia Federal no aeroporto até a transferência para Campo Grande. O destino dele será definido pelo juiz Mário José Esbalqueiro Júnior, da 1ª Vara de Execução Penal da Capital.
Marco Aurélio ainda não analisou recurso do procurador-geral da República, Augusto Aras, para que o empresário, acusado de chefiar grupo de extermínio de alto poder bélico e financeiro, continue em Mossoró.