Mato Grosso do Sul confirmou mais 142 novos casos de Covid-19 em 24 horas, registrando o segundo maior aumento, só atrás do recorde registrado no dia 3 deste mês (156). Com a confirmação de mais dois óbitos, o Estado passa a contar com 24 mortes. Na Capital, a Secretaria Municipal de Saúde faz testagem em massa dos funcionários, mas faz mistério sobre o número de positivos, que supera 40% em alguns setores do prédio administrativo.
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Além da propagação em velocidade maior, o coronavírus chegou a mais dois municípios nesta quarta-feira (10), Iguatemi e Angélica. A pandemia atinge 54 dos 79 municípios. A Secretaria Estadual de Saúde contabiliza 2.597 casos no Estado, contra 2.455 de terça-feira.
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Hipertenso, Velocindo da Cruz Silva, 66 anos, morreu ontem em Itaporã, segundo óbito causada pela pandemia no município. Ele testou positivo para a Covid-19 no dia 26 de maio deste ano e foi internado no hospital municipal em dois ocasiões. De acordo com o Campo Grande News, ele morreu dia seguinte a alta hospitalar.
O fato expõe o sistema de saúde de Itaporã, já que a primeira vítima, Maria Santana Aguiar, 63, morreu em casa sem receber atendimento médico. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, ela não procurou ajuda médica. A família chegou a acionar a ambulância, mas o socorro encontrou a dona de casa morta.
A outra morte confirmada ocorreu em Iguatemi, primeiro caso de coronavírus confirmado no município localizado na região sul do Estado. O homem de 84 anos era hipertenso e morreu no domingo (7).
Conforme a secretária-adjunta estadual de Saúde, Crhistinne Maymone, a ocupação de um número maior leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) mostra o agravamento da situação no Estado. Atualmente, 28 doentes estão internados em estado grave, contra seis no início de maio deste ano.
A situação segue fora de controle na Grande Dourados. Só na segunda maior cidade do Estado já foram confirmados 756 casos. Campo Grande está com 434 casos, seguida Guia Lopes da Laguna (243), Fátima do Sul (171), Três Lagoas (166), Rio Brilhante (117), Corumbá (95), Douradina (72), Itaporã (68) e Bonito (50).
Nos últimos dias, a Sesau decidiu aplicar o teste em todos os funcionários da sede administrativa, na Rua Bahia, no Jardim dos Estados. Cerca de 600 servidores serão submetidos aos exames.
“O intuito é checar a sensibilidade dos testes e fazer uma comparação com o RT PCR – que se utiliza de tecnologia biomolecular para detectar a presença do vírus no organismo, sendo considerado exame ‘padrão ouro’ na rede”, informou por meio da assessoria de imprensa.
“Após a verificação de confiabilidade do teste, que será feito nos aproximadamente 600 servidores administrativos da sede da Secretaria Municipal de Saúde, será realizada uma contraprova através da testagem RT PCR naqueles que possuírem resultado positivo ou inconclusivo, e a partir de então passará a ser utilizado em todos os servidores da rede”, explicou.
No entanto, o secretário municipal de Saúde, José Mauro Castro, decidiu seguir o exemplo do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) e não divulgar os números parciais. A Sesau já divulgou as parciais dos exames feitos no polo instalado no Parque Ayrton Senna e nas barreiras sanitárias ativadas nas saídas da Capital.
O Jacaré apurou que em um setor da secretaria, 45% dos funcionários testaram positivo para a Covid-19. No entanto, a maioria não apresentou sintomas e a minoria foi dispensada. No almoxarifado, sete funcionários teriam testado positivo.
“Vamos divulgar no nosso boletim, assim que tiver os resultados conclusivos. Não dá pra passar uma informação imprecisa, o que poderia gerar uma situação de alarde”, justificou-se o secretário, por meio da assessoria.
“A secretaria usa como base os protocolos preconizados pelo Ministério da Saúde, onde todos os servidores testados encontram-se assintomáticos, visto que aqueles que apresentam algum sintoma gripal já foram recomendados a permanecer em isolamento, assim como os que integram o grupo de risco, que cumprem regime Home Office”, informou.
Desde quarta-feira passada, a divulgação de dados pelo Ministério da Saúde vem causando polêmica no País. Bolsonaro mandou divulgar o balanço somente às 22h e chegou a justificar que era para impedir notícia no Jornal Nacional, da TV Globo.
Na sexta-feira, a pasta decidiu omitir o número total de casos e de mortes. Na segunda-feira, o ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, anunciou que só tornaria público as mortes ocorridas nas últimas 24h. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou o retorno ao sistema anterior de divulgação dos números.
A polêmica resultou na divulgação de três balanços nacionais sobre a pandemia no Brasil: pelo ministério, por um consórcio de veículos de comunicação e pelo Conass (Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde).