Após fechar 88 das 91 lojas, os sócios planejam reerguer a rede de drogarias São Bento, fundada em 1948 e em recuperação judicial com uma dívida superior a R$ 73,9 milhões. Apesar da concorrência mais acirrada, eles correm contra o tempo para impedir a falência do grupo, que deverá ser analisada na assembleia geral de credores marcada para o final do próximo mês.
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Em recuperação judicial há mais de cinco anos, desde o início de 2015, a empresa tenta evitar o último suspiro. No ano passado, das 91 lojas, a rede só mantinha 23 funcionando, mas sem condições de pagar impostos, salários e alugueis. O débito teve crescimento meteórico, mas não há levantamento do montante.
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O outro problema foi a escassez de medicamentos e produtos nas prateleiras, tornando ainda mais visível a agonia do grupo empresarial fundado em 1948 na esquina das ruas 14 de Julho e Marechal Cândido Mariano Rondon, no Centro da Capital. Apenas 23 estabelecimentos estavam abertos.
Em meio à pressão dos credores, o grupo afastou a administradora Flávia Buainain Thomazi França e colocou a frente dos negócios outro sócio, Flávio Eduardo Buainain. O novo gestor não teve dó nem piedade nas medidas drásticas para tentar salvar o grupo.
Conforme manifestação encaminhada no final de maio à Justiça, Flávio fechou 20 lojas e demitiu praticamente todos os funcionários. O quadro de pessoal atual está resumido a 11 trabalhadores. O administrador explica que desativou as unidades sem viabilidade econômica.
A troca da empresa de contabilidade reduziu o gasto mensal com o serviço de R$ 40 mil para R$ 1.560 por mês. A substituição do software e do sistema de informática diminuiu o desembolso de R$ 70 mil para R$ 720 mensais. As medidas surtiram efeito, já que os salários e os pagamentos de impostos deste ano estão em dia.
“Excelência, como sabido, a rede de farmácias São Bento iniciou seus negócios em 1948 com apenas uma loja, e hoje desfruta de 03 (três) excelentes pontos comerciais de grande tradição na capital. É, ademais, um nome conhecido em todo o Estado, com 72 (setenta e dois) anos de serviços, possuindo valor agregado a sua marca, o que facilita a retomada de espaço no mercado. Dessa forma, o que se busca é que o enxugamento operacional possibilite nova abertura de filiais, dessa vez com condições ideais de funcionamento, estoque reabastecidos, vinculando à marca a um serviço de excelência, como ficou conhecida no passado”, ressaltaram os advogados.
No entanto, o sonho dos sócios esbarra no tempo. O juiz José Henrique de Neiva Carvalho e Silva, da Vara de Falências, Recuperações e Insolvências, antecipou a realização da assembleia geral de credores de 10 de setembro para o dia 30 de julho deste ano. A reunião acontecerá partir das 14h no Clube Estoril. O principal item da pauta será analisar o pedido de falência do grupo.
O reerguimento da São Bento se transformou em missão quase impossível no atual cenário. A concorrência no setor é acirrada com a chegada dos grandes grupos à Capital, como Pague Menos, Drogasil, Droga Raia, Freire, Droga Dez, Popular, etc. A empresa foi para a bancarrota quando a concorrência era tímida, onde apenas a São Leopoldo e Pague Menos incomodavam.
Os sócios estão correndo contra o tempo para renegociar as dívidas com os fornecedores. Um dos mais empenhados é o ex-presidente do grupo e ex-secretário municipal de Desenvolvimento, Luiz Fernando Buainain. No entanto, conforme a defesa, em decorrência da pandemia, as negociações estão ocorrendo a distância, por telefone, e-mail e videoconferência.
Na manifestação, o advogado pede que o magistrado manteve a data inicial da assembleia, ou seja, 10 de setembro. Inicialmente, a reunião estava prevista para o final de março, mas acabou adiada em decorrência da pandemia do coronavírus.
O desafio do grupo Bauanain é imensurável: reerguer-se em meio à concorrência predatória do setor de farmácias e pagar a dívida gigantesca. Caso consiga escapar da falência, os gestores da São Bento deverão dar aulas para empresários de todo o mundo, porque terão conseguido realizar um milagre.