A pandemia da Covid-19 ainda não chegou com força em Campo Grande, que segue como “ilha segura” em meio ao caos registrado na maior parte das maiores cidades brasileiras. Por outro lado, a situação é mais preocupante no interior, onde os frigoríficos espalharam o coronavírus e foram responsáveis pelos surtos nas regiões sudoeste e da Grande Dourados.
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Graças à aceleração no contágio nas duas regiões, a Secretaria Estadual de Saúde confirmou mais 94 casos nas últimas 24 horas. Já são 1.356 casos confirmados hoje (29) no Estado, contra 1.262 na quinta-feira. Outro dado preocupante é o aumento no número de internações. São 65 internados, o dobro do registrado na sexta-feira passada (22), quando eram 32 pacientes.
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A pandemia ganha força no Estado graças ao crescimento exponencial na região da Grande Dourados, responsável por 32% do total de casos. Dourados passou a contar com 236 pacientes com Covid-19, aumento de 153% em uma semana, considerando-se que eram 93 casos há sete dias.
O triste fenômeno ocorreu em Fátima do Sul (61 casos), Itaporã (46), Douradina (38), Rio Brilhante (25), Vicentina (19) e Deodápolis (4). Outro dado preocupante é a propagação do coronavírus na reserva indígena de Dourados, onde mais de 30 indígenas testaram positivo para a doença.
Segundo a secretária-adjunta de Saúde, Christinne Maymone, 55% das internações em todo o Estado ocorreram na região da Grande Dourados. Para conter a Covid-19 em sua terra, o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, anunciou testagem em massa, que conta com o apoio do frigorífico da JBS.
Outra região fortemente atingida é a sudoeste. Guia Lopes da Laguna está com 225 casos, seguida por Bonito com 44 e Jardim, 32. O avanço da doença compromete a retomada do turismo em Bonito, principal cartão de visitas de MS e um dos principais destinos do ecoturismo nacional, que estava prevista para segunda-feira (1º).
Para o infectologista Júlio Croda, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz e professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, os frigoríficos espalharam a pandemia nas duas regiões. “Guia lopes e Dourados claramente tem um surto e aumento de casos por conta disso”, explicou.
Maior cidade do Estado, com quase 900 mil habitantes, Campo Grande está com 278 casos confirmados, incluindo-se os 13 confirmados hoje. A situação é considerada tranquila diante do pânico causado em outras cidades, como Rio de Janeiro, São Paulo, Manaus, Fortaleza e Recife, onde há colapso no atendimento hospitalar e até funerário.
Para tentar manter a situação sob controle até a descoberta da vacina ou medicamento para tratar a Covid-19, o prefeito Marquinhos Trad (PSD) anunciou a instalação de barreiras sanitárias nos principais acessos da Capital. Além de detectar pessoas com sintomas, as equipes realizam teste rápido em quem apresentar os sintomas.
“O saldo positivo que projeta Campo Grande como a Capital com menor incidência e ocupação de leitos por Covid-19 do país é reflexo de uma série de medidas que foram adotadas precocemente de maneira acertiva pela gestão”, destacou a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde).
A Capital foi uma das primeiras a suspender as aulas e impor restrições ao funcionamento de estabelecimentos comerciais no País, como fechamento do comércio no dia na segunda quinzena de março deste ano.
Além de adotar medidas para incentivar o distanciamento social, Marquinhos decretou o toque de recolher desde o dia 21 de março deste ano. Neste período, a Guarda Civil Metropolitana fechou dois estabelecimentos, notificou 24 e orientou 5,9 mil pessoas a cumprir a ordem para ficar dentro de casa.
O Polo de Atendimento da Covid-19, instalado no Parque Ayrton Senna, atendeu 900 pessoas. Também houve disponibilização do exame por meio do drive thru na Capital. Outra medida adotada foi a obrigação do uso da máscara no transporte coletivo.
“No último mês houve um aumento nos casos, o que serve como um alerta, sobre a necessidade de se manter as medidas de prevenção, como distanciamento social, uso de máscaras, higienização das mãos, uso do alcool em gel e coibir e evitar as aglomerações. Os meses de junho e julho historicamente registram aumento nos casos de doenças respiratórias, o que reforça esses cuidados”, alertou a secretária.
Outro problema que mantém as autoridades em alerta na Capital é a baixa taxa de isolamento social. Conforme o Governo, somente 36,51% dos moradores cumprem a medida – o menor índice entre as 27 capitais.