Quinta pessoa a morrer em decorrência da pandemia do coronavírus em Campo Grande, Weslley Utinoi Denadai, 38 anos, acreditava que o vírus foi fabricado pela China para atacar os Estados Unidos. Católico praticante e corintiano, ele era fã do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido).
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Denadai abandonou o curso de Direito há dois anos e se tratava contra síndrome do pânico, conforme informações repassadas pelo pai, o comerciante Antônio Denadai, 74, ao Campo Grande News. Ele garantiu que o filho tinha vida reclusa, por causa do tratamento, e só saia para ir ao mercado, farmácia e padaria. “Se cuidem”, recomendou.
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Weslley apresentou os primeiros sintomas da Covid-19 no dia 22 de abril deste ano. No dia 30, com o agravamento do estado, ele foi internado no Hospital da Unimed e ficou por dez dias na UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
Como ele passou a respirar sem ajuda de aparelhos e voltou para o quarto, a família estava otimista com a alta e até chegou a autorizar a filmagem quando deixasse o hospital. No entanto, a família acabou sendo surpreendida com a ligação na manhã de hoje (14), quando a mãe, Maria Irene, 66, foi chamada para ser comunicada do falecimento do filho.
Conforme a Secretaria Municipal de Saúde, o paciente tinha diabete, hipertensão e obesidade. Ou seja, ele integrava o grupo de risco, que inclui idosos.
Nas redes sociais, Weslley era seguidor fanático de Bolsonaro. Em uma das últimas postagens no Facebook, ele fez declaração de amor ao presidente. “Viva o rei Jair Messias Bolsonaro”, comentou na postagem sobre decisão judicial a favor das carreatas contra a quarentena e a favor do capitão. Apesar de apoiar o presidente da República, Weslley não acompanhou as opiniões presidenciais sobre a pandemia, como criticar o isolamento social.
Em várias postagens, ele defendia que o vírus foi criado pela China para arma biológica para atacar os americanos. “China lança o vírus para atacar os EUA e nós pagamos”, lamentou no mês passado. “Esse vírus vai matar mais do que a guerra do Vietnã”, comentou, também na rede social.
No início da pandemia, a Rural Business, da Capital, ganhou destaque nacional por divulgar relatório em que responsabilizava a China pela pandemia do coronavírus.
Weslley era contra homossexuais. Em uma postagem, ele manifestou-se contra a doação de sangue dos gays, que acabou autorizada pelo Supremo Tribunal Federal. “Eles tem HIV”, postou.
Em outra postagem, ele voltou ao tema. “HIV mata homossexuais. Esse Covid, idosos inocentes”, afirmou.
A pandemia matou outras quatro pessoas na Capital. No Estado, são 14 mortes. Nesta quinta-feira, o Ministério da Saúde confirmou mais 844 mortes no País, que já contabiliza 13.944 óbitos e 202.918 pessoas infectadas.