Desde a posse do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a Polícia Federal não realiza grandes ações de combate à corrupção em Mato Grosso do Sul. Até a Operação Lama Asfáltica, que apura desvios de mais de R$ 430 milhões dos cofres públicos, não deflagrou nenhuma fase nova sob o comando do atual superintendente da PF, Cleo Mazzotti, que pode cair com a demissão do diretor-geral da corporação, Maurício Valeixo.
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Como ele foi o coordenador da Operação Lama Asfáltica, que colocou atrás das grades o ex-governador André Puccinelli (MDB), o ex-deputado federal Edson Giroto e o poderosíssimo empresário João Amorim, a expectativa era de que a investigação ganhasse novo fôlego. Só o ex-secretário de Obras já foi condenado duas vezes a mais de 17 anos de prisão em regime fechado.
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Desde a posse de Bolsonaro, o emedebista passou a ter sono tranquilo e nunca mais foi acordado para tomar café da manhã com os policiais federais. Amorim deixou a prisão em maio do ano passado e só passou a ser importunado pela Justiça, obrigado a comparecer às audiências nas ações criminais e por improbidade administrativa. A expectativa de que a Lama Asfáltica ganharia uma força-tarefa não concretizou. O trabalho continua sendo feito por apenas uma equipe.
Além de congelar a Operação Lama Asfáltica, que não realiza nenhuma operação desde o dia 28 de novembro de 2018, a PF não deflagrou nenhuma outra grande operação de combate à corrupção em Mato Grosso do Sul.
O alvo de Mazzotti como superintendente regional da Polícia Federal em Mato Grosso do Sul passou a ser a Máfia do Cigarro e o tráfico de drogas. Um dos principais alvos foi a corrupção de policiais militares e rodoviários federais ao crime organizado.
Nesta sexta-feira, Bolsonaro demitiu o diretor-geral da Polícia Federal, delegado Maurício Valeixo, considerado homem de confiança do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e alçado à fama ao comandar a Operação Lava Jato.
Com a saída de Valeixo, a Polícia Federal aguarda a nomeação do novo comandante para trocar as chefias das superintendências regionais. A substituição só não ocorreu em Mato Grosso do Sul quando o presidente Michel Temer (MDB) trocou Fernando Segóvia por Rogério Galloro. Na época, Luciano Flores Lima permaneceu no comando da superintendência regional.
Mazzotti é formado é direito pela Universidade Federal de Santa Catarina e começou no serviço público como analista de informações e agente operacional da Abin (Agência Brasileira de Informação), o serviço secreto do Governo federal. Ele começou como delegado da PF em 2006 em Foz do Iguaçu (PR).
Os mais cotados para o cargo de diretor-geral da PF são o secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, delegado Anderson Torres, e o chefe da Abin, Alexandre Ramagem.