(*) Dom Dimas Lara Barbosa
Na mensagem de Páscoa para O Jacaré, o arcebispo de Campo Grande, Dom Dimas Lara Barbosa, fala que esta é a celebração mais importante para os católicos. “A cruz de Cristo nos ensina que Deus é Amor, e não deseja a condenação da humanidade. Jesus não veio para condenar o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele”, afirma.
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“Esse amor gratuito nos acolhe, mas também nos ensina que o ser humano não basta a si mesmo, que sua completude reside no viver e conviver com o outro e para o outro, considerando que somos todos parte da mesma espécie humana, e o sofrimento do outro é, em parte, meu também”, destaca o religioso.
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Confira a mensagem na íntegra:
“SEMANA SANTA
As celebrações que a Igreja Católica realiza durante o ano têm seu centro na Páscoa. O Batismo, a Eucaristia, a Penitência e todos os outros Sacramentos querem nos inserir nesse mistério da paixão, morte e ressurreição do Senhor. A Quaresma é uma grande preparação para a Páscoa. E a Semana Santa é a sua preparação mais próxima, em que fazemos memória dos acontecimentos finais e decisivos da missão de Jesus.
A Semana Santa começa no Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor. Nesse dia, rememoramos a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, quando a multidão estendeu seus mantos no caminho, enquanto outros cortavam ramos de árvores e os espalhavam pelo caminho, e o aclamavam dizendo “Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas” (cf. Mt 21, 8s).
No entanto, no mesmo dia lembramos como outra multidão gritava diante de Pilatos: “Seja crucificado!” e “Que seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos!” (cf. Mt 27,22.25).
Na Quinta-Feira Santa, recordamos a Última Ceia que Jesus celebrou com os seus discípulos, em que ele lhes lava os pés, institui a Eucaristia e o nosso Sacerdócio e nos dá o grande mandamento do amor: “Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei!” (cf. Jo 13). Em cada Santa Missa que celebramos renova-se o sacrifício de Cristo, e os que dela participam são chamados a se tornarem sua “memória viva”, com um novo modo de conceber a vida, que os liberta da lógica do poder, da autossuficiência e do domínio, e os coloca na lógica da gratuidade e lhes confere o sentido último da existência humana. Afinal, a morte não possui a palavra final!
Na Sexta-Feira Santa, na celebração da Paixão, mais uma vez recordamos a caminhada de Jesus rumo ao Calvário: após ser traído por Judas, negado por Pedro, ele é condenado, torturado, crucificado, morto e sepultado. No entanto, sua Mãe, com outras santas mulheres, e o discípulo amado ficaram com Ele até o fim (cf. Jo 19,25-27).
O Sábado Santo ainda é um dia de luto pela morte do Senhor. No entanto, na solene Vigília Pascal, com a bênção do fogo novo e do círio pascal (uma grande vela, onde se vê a cruz com cinco grãos de incenso lembrando as chagas de Cristo, o ano que estamos vivendo, e as letras Alfa e Ômega, significando que Jesus é o princípio e o fim de toda a criação, a vitória da vida sobre a morte é anunciada. A cerimônia começa com as luzes apagadas, mas com a entrada do círio pascal, as velas que cada um traz consigo vão sendo acesas e logo toda a Igreja é iluminada. O altar é revestido festivamente, cantamos o Glória e o Aleluia, e percorremos inúmeras passagens das Escrituras, mostrando essa longa caminhada de libertação. Nessa noite, todos somos convidados a renovar os próprios compromissos batismais, e em muitas Igrejas novos irmãos, sobretudo adultos, são batizados.
É a Solenidade mais importante do ano! A Páscoa, como o Natal, é tão importante, que a Igreja a celebra durante oito dias, até o domingo seguinte: é a Oitava da Páscoa (também existe a Oitava de Natal).
A cruz de Cristo nos ensina que Deus é Amor, e não deseja a condenação da humanidade. Jesus não veio para condenar o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele (cf. Jo 3,17). Esse amor gratuito nos acolhe, mas também nos ensina que o ser humano não basta a si mesmo, que sua completude reside no viver e conviver com o outro e para o outro, considerando que somos todos parte da mesma espécie humana, e o sofrimento do outro é, em parte, meu também. E o mesmo Cristo que esteve com os discípulos naqueles dias continua percorrendo ruas e vilas, curando e devolvendo a verdadeira dignidade aos desprezados, excluídos e marginalizados de todos os tempos.
Desejo ao nosso bom povo uma Santa e Feliz Páscoa!“
(*) Dom Dimas Lara Barbosa é arcebispo de Campo Grande – MS