A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) vai punir os cerca de 1 milhão de clientes da Energisa em Mato Grosso do Sul com o maior reajuste na conta de luz a partir de julho deste ano. Além de ser o dobro da inflação oficial, o percentual é o maior entre as companhias que tiveram o reajuste autorizado na semana passada, apesar da pandemia do coronavírus.
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O sul-mato-grossense vai pagar 6,9% mais caro pela energia elétrica, enquanto os moradores do Mato Grosso terão aumento de apenas 2,47% e os paulistas atendidos pela CPFL vão ter a conta majorada em 6,05%.
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A tarifa de energia elétrica deveria ter reajuste no dia 8 deste mês, mas o conselho da agência decidiu suspender a aplicação dos novos valores por três meses em decorrência da pandemia. No entanto, mesmo com o colapso provado pelo coronavírus na renda dos trabalhadores e empresários, a Aneel não cancelou o reajuste deste ano.
Os consumidores residenciais vão ter aumento de 6,01% na tarifa de luz. O percentual é quatro vezes maior que o reajuste previsto para os clientes mato-grossenses do mesmo segmento, que só terão a conta elevada em 1,5%. Em São Paulo, o aumento será de 5,7%.
O acréscimo chegará a 6,93% em Mato Grosso do Sul, enquanto o maior índice em SP será de 6,72% e no MT, de 2,65%. Ou seja, o comércio e a indústria sul-mato-grossense também serão penalizados.
O reajuste médio autorizado nas contas de luz em MS de 6,9% é o dobro da inflação oficial no País, o IPCA, que está acumulado em 3,37%, conforme o IBGE. Além disso, em decorrência da pandemia do coronavírus, houve queda no consumo e aumento no nível dos reservatórios, que não teriam sido considerados pela Aneel.
Deputados estaduais tentaram impedir o aumento na conta de luz neste ano, mas o pedido foi rejeitado pela Agência Nacional de Energia Elétrica. Os deputados estaduais Felipe Orro (PSDB), que integra a CPI da Energisa, e o Coronel David (sem partido) tentam articular junto com a bancada federal para impedir o reajuste. Fábio Trad (PSD) estaria reforçando a luta para sensibilizar a Aneel.
O aumento na conta de luz vai na contramão das medidas adotadas pelas autoridades para minimizar os efeitos da crise econômica causada pela pandemia. O Congresso Nacional aprovou a suspensão de despejos por falta de pagamento de aluguel até outubro em decorrência da crise.
Empresários estão desesperados em busca de financiamentos para manter o pagamento de funcionários e impedir demissões, enquanto milhares de trabalhadores estão vendo os salários reduzidos ou até perdendo o emprego em decorrência da pandemia.
Além disso, a Energisa é alvo de CPI na Assembleia Legislativa, que foi criada para apurar as reclamações dos consumidores pelo aumento espetacular na conta de luz nos últimos meses. Uma das suspeitas é fraude nos medidores de energia.